O papel destacado de Leon Trótski como dirigente da revolução de outubro de 1917 na Rússia, tendo estado à frente do Soviete de Petrogrado, da preparação da insurreição contra o governo provisório de Kérenski e do Exército Vermelho que levou a primeira revolução operária à vitória não pode ser subestimado.

Contudo, foi o próprio Trótski quem ressaltou que, em sua visão, a direção política e estratégica da vitória dos sovietes naquele momento cabia fundamentalmente a Lênin, por sua batalha de décadas para forjar na fração bolchevique do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), que depois se tornou um partido independente, a ferramenta imprescindível para que a classe trabalhadora, aliada aos camponeses, triunfasse em 1917.

Trótski, cuja atuação exemplar na revolução foi certa vez destacada por Lênin como sendo a do “melhor dos bolcheviques”, afirmava que foi em outro combate decisivo que o seu papel não poderia encontrar substituto: na luta contra o processo de burocratização e degeneração do partido bolchevique, do Estado operário na URSS e da Terceira Internacional; um processo que levou Trótski à expulsão do partido, seu exílio, e a seu papel proeminente na fundação da IV Internacional, uma organização internacional disposta a levar adiante o legado revolucionário em contraposição ao processo de burocratização.

Nesse longo percurso, que se inicia por volta de 1923 e se encerra com seu brutal assassinato nas mãos de um agente stalinista no México em 1940, Trótski nos legou uma obra teórica, política e estratégica de inestimável valor. Um dos primeiros documentos de imensa importância nessa luta – que ajudou a fundação das oposições de esquerda em partidos comunistas ao redor do mundo – foi o livro denominado “A terceira internacional depois de Lênin”, posteriormente consagrado sob o título de “Stálin, o grande organizador de derrotas”.

A própria história de elaboração da obra representa uma parte do percurso do combate contra a burocracia que se consolidava sob o comando de Stálin após a morte de Lênin em 1924. Um documento escrito por Tróski foi levado de forma semiclandestina ao VI Congresso da Internacional Comunista em 1928, com críticas contundentes ao seu projeto de programa escrito por Nikolai Bukhárin. O balanço do congresso, bem como das importantíssimas derrotas de 1923 na Alemanha e 1926-28 na China constituem um arsenal de estratégia marxista inestimável.

As Edições Iskra trazem ao Brasil uma edição nova do livro, traduzida por Fernando Bustamante e Paula Vaz de Almeida com base na primeira publicação “oficial” em formato de livro em francês, cotejada com a versão manuscrita original de Trótski em russo.

A obra contará com uma live de lançamento que reunirá para o debate Angela Mendes de Almeida, professora aposentada da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), doutora em sociologia e criadora do site Observatório das Violências Policiais e dos Direitos Humanos, além de militante histórica do trotskismo no Brasil; Sean Purdy, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas na Universidade de São Paulo (USP), especialista em história dos EUA e militante do PSOL; Gilson Dantas, militante trotskista desde a década de 1970 e hoje parte do MRT, doutor em sociologia pela Universidade de Brasília (UnB) e médico; e Edison Urbano, autor do prefácio desta edição e de “Brasil: ponto de mutação”, doutorando em Economia Política Mundial (UFABC) e dirigente do MRT.

O lançamento será transmitido pelo canal do Esquerda Diário no YouTube. O livro pode ser adquirido no site das Edições Iskra a preço promocional de lançamento.