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PARALISAÇÃO NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA USP
HU da USP: "Todos têm que ser priorizados, independente de ser terceirizado, de ser funcionário do Hospital"
Mateus Castor
Cientista Social (USP), professor e estudante de História

Nesta segunda-feira (01), o Esquerda Diário entrevistou funcionárias do Hospital Universitário da USP, durante paralisação. Diversas denúncias foram feitas a respeito dos critérios arbitrários de seleção dos funcionários que serão excluídos da vacinação.

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Segue abaixo o relato de três funcionárias do HU sobre os critérios de exclusão da vacinação que a superintendência vem usando. O anonimato foi usado para evitar qualquer perseguição política dos patrões.

Primeiro relato: a trabalhadora é funcionária da administração do hospital. Ela nos contou que foi excluída da vacinação. Apenas UTI, gripário e, depois da pressão da mobilização, trabalhadores do grupo de risco poderão ter acesso à vacina. Somente 700 vacinas foram disponibilizadas por Bruno Covas.

Eu também sou funcionária do HU, já há 23 anos, uma vida trabalhando aqui né, dando meu sangue no meu trabalho aqui, com excelência sempre, e eu também não pude tomar a vacina por que como eu cuido só da parte administrativa disseram que eu não tenho prioridade, mas eu trabalho dentro de um setor onde tem vários pacientes de COVID entrando o tempo inteiro em isolamento e até fora do isolamento que depois de um tempo se descobre, se suspeita que é COVID quando o exame dá positivo. Eu entendo que existem prioridades desde que se fosse cumprido a regra exatamente a prioridade já que não tem vacina pra todos, mas ao meu ver, a partir do momento que a gente trabalha dentro do hospital, todos tem que ser priorizados, independente de ser terceirizado, de ser funcionário do Hospital. Nós estamos aqui, o que falaram pra mim: “você não é prioridade nesse momento porque você não atende paciente na linha de frente, você mexe com prontuário, com papel”, mas o vírus se ele tiver que pegar em mim ele não vai olhar se eu sou administrativo ou se eu sou funcionário da assistência, eu vou pegar a doença e pronto! Então a vacina tem que ser pra todos sim, sem esse negócio de preferência!

Segundo relato: Assim como 60% de todos que trabalham no HU, esta funcionária foi excluída da vacinação por seu setor não ser considerado prioritário. Apenas UTI, gripário e, depois da pressão da mobilização, trabalhadores do grupo de risco poderão ter acesso à vacina.

Falta de respeito. Falta de respeito com todo o corpo do hospital universitário, seja ele quem limpa, seja ele quem faça ficha, por que eu acho que todo mundo tem que tomar. Por que agora saiu uma lista aí que primeiro vai vacinar todos os funcionários do HU e o pessoal da limpeza. E os administrativos? Não! É hospital, tem que vacinar todo mundo. A gente recebe paciente da porta né, cê pode tá com COVID ninguém sabe e o cara pode tá fazendo sua ficha, te dar a caneta pra você assinar, as meninas da limpeza vão limpar e elas não têm direito porque são terceirizadas. A gente quer que todo mundo seja vacinado, limpeza, todo mundo, todo mundo! Por que? Porque se eles não são vacinados pode passar pra minha família! Meu marido tem comorbidade, ele é idoso (minha mãe também).

Veja outras denúncias: "Nossa vida vale menos", terceirizados do HU-USP ficam sem vacina

Terceiro relato: esta funcionária, que já conseguiu ser vacinada mas participou da paralisação em defesa de suas colegas de trabalho e das pautas de sua mobilização.

Independente se é funcionário terceirizado ou não, todos têm o direito de receber a vacina, e esses critérios que eles tão falando, que tão fazendo critério pra vacinação, eu não concordo com esses critérios, eu acho que tá tendo preferência. Eu mesma ouvi na minha unidade um relato absurdo falando que “ah, ela recebeu porque ela é uma boa funcionária”, eu não penso assim. Não tem bom funcionário e mau funcionário, tem direitos pra todos, a gente tá num Brasil democrático, o direito é igual pra todos.

Leia mais: Trabalhadores do HU da USP dão exemplo e realizam forte paralisação por vacina para todos

O Esquerda Diário se solidariza com a luta destas trabalhadoras e a situação de descaso dos governos, da direção do hospital e da reitoria. Como exposto acima, os critérios de avaliação de escolha são arbitrários, irracionais e completamente controlados pela superintendência e a reitoria que obedecem ao governo de Doria e Covas do PSDB.

É necessário que os próprios funcionários do HU, efetivos e terceirizados, e não a superintendência e a reitoria com seus métodos arbitrários, decidam sobre os critérios de vacinação. Todos precisam ser vacinados, isso deve ser garantido, organizado e decidido com métodos democráticos entre os próprios trabalhadores do Hospital da USP.

 
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