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ESCOLAS RN
Fátima mantém volta às aulas no RN para fevereiro mesmo com vacinação restrita
Redação

Está anunciado o retorno às aulas na rede pública estadual e municipais do Rio Grande do Norte, estado com 3,2 mil mortes por coronavírus e 136 mil casos notificados, para os dias 1º e 3 de fevereiro respectivamente. A média móvel de mortes por COVID-19 chegou a 1055 nacionalmente, atrás apenas das 1066 no mês de agosto.

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A autorização do retorno às aulas no estado se deu já no mês de dezembro pela SEEC (Secretaria Estadual de Educação), antes da chegada da vacina. Agora algumas doses chegaram, mas que não poderão sequer começar a vacinar os trabalhadores da educação e os estudantes até o início das aulas.

217 mil alunos deverão voltar presencialmente às salas de aula, enquanto outros deverão manter atividades online. O governo estadual garantiu que as escolas estariam equipadas para receber os alunos com segurança sanitária. Porém, essa não é a realidade de muitas das escolas ainda, segundo reportagem do Agora RN do dia 11 de janeiro, como o Colégio Estadual do Atheneu Norte Riograndense, segunda escola mais antiga do Brasil, ou a Escola Estadual Alberto Torres, que estava fechada, ambas não apresentaram qualquer adequação do ambiente escolar. Além disso, outra parcela seguirá dependente dos recursos online, sendo que a maior parte das famílias não tem estrutura como internet e computadores para os filhos assistirem às aulas.

A decisão foi tomada pela secretaria sem a ampla participação de professores e da comunidade escolar. Mesmo com a disposição de álcool gel, máscaras, faceshields etc, os riscos epidemiológicos para os professores e as famílias de estudantes são altos, pois a pandemia não acabou e as crianças podem levar o vírus para dentro de casa. Até o momento o RN tem garantia de 127 mil doses, que não são suficientes para completar sequer a primeira fase da vacinação, com alguns profissionais da saúde e idosos ainda fora dos cálculos. Não há estimativa de quando chegará a vez dos professores e ainda assim o retorno está mantido.

Trata-se de uma decisão semelhante à que o governo estadual de São Paulo, de João Dória, tomou contra a vontade da comunidade escolar, inclusive com ameaças por parte do secretário de educação, que vem expressando seu repúdio nas redes sociais e nos canais de comunicação da prefeitura.

Frente ao negacionismo do presidente, que levou a uma catástrofe em Manaus e em outras cidades acabando com o oxigênio, além de todo o atraso da vacinação, Bolsonaro estendeu o tapete para figuras como Doria aparecerem como responsáveis e garantidores da vacina no país. Mas sabemos como Doria também é responsável pela falta de garantias para que a população trabalhadora e pobre pudesse ser salva na pandemia. Fátima e os demais governadores do PT e PCdoB correram atrás do governador tucano para tentar surfar a onda da chegada da vacina, e cumprem o papel de sustentar junto à Folha de São Paulo e outros jornais, a demagogia do Doria sobre a vacina e pandemia.

Na verdade, o interesse de Doria e de Fátima de voltarem às aulas agora é mais um exemplo de que não estão de fato preocupados em salvar vidas, mas garantir os lucros dos patrões e dos monopólios de educação. A ânsia de que as aulas voltem logo tem a ver com a possibilidade dos pais das crianças em idade escolar tenham onde deixar seus filhos e voltem a trabalhar, a gerar lucro e a se expor à pandemia, e também ao desemprego crescente, ainda mais após o fim do auxílio emergencial. Além disso, os empresários da educação estão muito interessados em não atrasar os calendários escolares, não à toa a sua pressão pelo ENEM, para que tanto no ensino superior quanto agora no básico possam voltar a encontrar mercado na educação dos filhos de trabalhadores.

Quando Fátima se mostra preocupada em priorizar os profissionais da educação no grupo de vacinação não é por caridade, nem por ter sido professora há muitos anos e deixado para trás a vida em sala de aula, é para os interesses patronais para os quais governa. É só lembrar que com o prefeito Álvaro Dias (PSDB) sentou junto à Fecomércio para organizar as reaberturas no momento crítico da pandemia no ano passado, ou então que a governadora teve a sua própria reforma da previdência aprovada com as escolas fechadas, em meio a pandemia, pelas costas dos professores e trabalhadores da saúde.

Isso demonstra algo que o nosso leitor deve se atentar. Ao contrário do que figuras parlamentares como Natália Bonavides, Brisa Bracchi ou Divaneide Basílio expressam de um PT que quer derrotar Bolsonaro, a estratégia do PT é se postular por trás de políticos e instituições desse regime do golpe institucional. Dória, o candidato de Rodrigo Maia na Câmara, Baleia Rossi (MDB), ou mesmo o candidato de Bolsonaro no Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), todos fieis escudeiros da agenda neoliberal de reformas e cortes contra a classe trabalhadora, as mulheres, negros e LGBTs e que não querem que toda a população tenha direito a vacinação.

Ou seja, uma estratégia que não é de derrotar Bolsonaro, mas atuar junto com a direita golpista para desgastar o seu governo, ou fazer campanha pelo impeachment (ou seja, campanha por Mourão presidente) para conter qualquer possível explosão social, e preparar a derrota de Bolsonaro nas urnas em 2022, com PT se dispondo a voltar a governar com essa direita e os capitalistas, como vem demonstrando nos estados onde governa no bolsonarismo.

O SINTE-RN, dirigido pela CUT-PT, se pronunciou contrário à volta às aulas antes da vacinação de professores e estudantes. Contudo, segue em compasso de espera de uma mudança de decisão da governadora, sentando na mesa de negociação por fora de organizar a categoria para que possa definir como irá responder a esse cenário em que os professores estão excluídos da decisão sobre a volta às aulas. Além disso, Bolsonaro e Guedes já anunciaram há meses a proposta de avançar com a Reforma Administrativa, que atingirá duramente os professores de todo o país.

O SINTE é exemplo de como o PT (através da CUT e o PCdoB através da CTB) aparatam os sindicatos e movimentos sociais para conter as lutas, em especial a sua radicalização, e manter a estabilidade desse regime e seus ataques neoliberais, inclusive do governo Bolsonaro, e a proposta reacionária de Fátima de retorno às aulas em fevereiro, trabalhando politicamente para a estratégia eleitoral de 2022. A atuação do governo estadual de Fátima em consonância com a direção da CUT no SINTE são expressão de que o PT atua para garantir a ordem do regime do golpe institucional e dos interesses capitalistas que o sustentam, propondo uma armadilha de Frente Ampla como suposto combate à direita.

Derrotar Bolsonaro é urgente e necessário, mas não é possível com os inimigos dos trabalhadores e sim com uma Frente Única de trabalhadores dos serviços públicos, terceirizados, informais com a força das mulheres, negros e LGBTs na linha de frente. E para que exista essa saída é preciso um partido revolucionário que supere a estratégia do PT e batalhe nos sindicatos, no movimento estudantil e movimentos sociais por uma política de independência dos trabalhadores contra esse regime do golpe e para que sejam os trabalhadores que tomem nas suas mãos o plano de guerra de combate a pandemia.

Que os professores decidam qual papel das escolas nessa pandemia, os estudantes possam controlar a universidade, a ciência e a pesquisa a serviço das necessidades da maioria da população e que os profissionais da saúde e cientistas controlem a produção massiva de vacinas, com quebra de patentes, organizando a produção e distribuição desse e todos os insumos necessários para travar uma guerra contra a COVID-19.

É lamentável que ao invés de apontar esse caminho a discussão que o PSOL venha se propondo é quando vão votar no candidato de Rodrigo Maia na Câmara de deputados, não oferecendo qualquer alternativa a estratégia do PT, mostrando sua vontade de administrar uma parte desse regime do golpe. Boulos e outras figuras parlamentares deveriam estar exigindo das centrais sindicais petistas que saiam das suas férias e organizem um plano pra que possamos nos defender dessa agenda de ataques e batalhar por uma saída anticapitalista para essa crise. Essa é a perspectiva que nós do Esquerda Diário queremos construir em Natal, debatendo a necessidade de uma esquerda revolucionária que resgate a tradição insurreta das revoltas nordestinas, como dos jangadeiros cearenses, em perspectiva de luta contra toda a forma de opressão e exploração.

 
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