Para vociferar seu machismo asqueroso e combater qualquer resquício de debate crítico no Enem, Bolsonaro considerou "ridícula" uma questão da prova que fazia uma comparação entre o salário de Marta e Neymar. "Têm questões ali ridículas ainda, ridículas, tratando de assuntos... Comparando mulher jogando futebol e homem", disse Bolsonaro.
A chamada questão "ridícula" somente dizia respeito ao fato de Marta receber um salário de 400 mil dólares anuais e Neymar 14,5 milhões de dólares anuais, apontando, obviamente, para a discrepância entre os melhores jogadores da seleção brasileira e pela diferença entre Neymar ser um homem e a Marta uma mulher.
Muito embora Marta tivesse realizado 103 gols pela seleção e Neymar 50, evidenciando o melhor desenvolvimento da atleta, o machismo no esporte se apresenta por meio da diferença salarial das jogadoras e do próprio desincentivo da modalidade feminina.
Para Jair Bolsonaro, "Isso chama-se iniciativa privada. Ela que faz o salário, ela que mostra para onde o mercado deve ir". Certamente que a iniciativa privada decide no setor que irá investir, e o capitalismo do futebol ganha bilhões anualmente, e é aí se funde o machismo.
Marta, como camisa dez da seleção, eleita seis vez a melhor jogadora do mundo, rebateu o reacionarismo de Bolsonaro, escrevendo que "Uns serão lembrados como os melhores da história. Já outros...". Portanto, que sejam Bolsonaro e toda a extrema direita que odeia mulheres e que despreza suas próprias lutas, chutados para o fundo da lata de lixo da história.
Há dois anos, o Enem sequer aborda questões de História relacionadas a períodos fundamentais da contemporaneidade brasileira, como a Ditadura Militar, que servem de base para um conhecimento crítico não só sociológico e histórico, como também econômico e, sobretudo, político para entender o atual momento no qual vivenciamos.
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