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TRABALHADORES CONTRA A COVID-19
Trabalhadores da aviação poderiam garantir a logística de vacinas e oxigênio para Manaus
Redação

Publicamos a declaração de uma aeroviária que mostra como os trabalhadores da aviação poderiam ajudar a salvar vidas e combater à COVID-19 se não fosse a sede de lucros dos empresários do setor aéreo.

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Foto: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

Trabalho no maior aeroporto da América Latina e fiquei indignada com a declaração patética do ministro da saúde, Pazuello, quando discorreu sobre o problema logístico para levar oxigênio e os insumos necessários para salvar vidas em Manaus. Não bastasse o cinismo do governo em tratar o problema como algo imprevisível, o que todos sabemos que não era, como trabalhadora do setor aéreo vejo todos os dias dezenas de voos indo e voltando de Manaus e sei que se fossemos nós, trabalhadores, que estivéssemos a frente de organizar o combate ao Coronavírus, o faríamos muito melhor que qualquer governo.

E vou explicar o porquê: primeiro porque somos nós que sabemos carregar um avião e colocá-lo para voar. Há ainda diversas aeronaves paradas, fora um grande contingente de mão de obra que foi demitido que poderia estar agora trabalhando para salvar vidas, não só em Manaus, mas em todos os estados. Existem as condições materiais para salvar vidas e as pessoas qualificadas para isso, o problema não se encontra aí, mas sim em como é organizada a produção no capitalismo.

Que contradição latente vivemos hoje ao ver milhares de demitidos, muitos na aviação, mas não só. Os demitidos da Ford é outro caso emblemático dessa contradição: necessidade da produção de respiradores, oxigênio, seringas e meios logísticos, e como resposta dos patrões são demissões e desindustrialização. Para essas empresas, a vida não importa, nem dos que estão doentes nem dos demitidos. Para as empresas, o que interessa são os lucros e o “bem viver” dos acionistas, donos de altos cargos. E é para estes que Bolsonaro e também Doria governam.

Uma aliança entre os trabalhadores da aviação e transportes, com os trabalhadores da Ford e das montadoras poderia garantir os insumos e a logística muito melhor que os governos, pois somos nós que produzimos e sentimos na pele toda a dor que é ter um familiar doente sem não ter como cuidar. Entre os trabalhadores, não cabe as demagogias como a do governador de São Paulo, João Doria, que foi parte de aprovar a reforma da previdência e trabalhista que atingiram em cheio a vida dos trabalhadores. Reformas que, somadas à pandemia, deixam pessoas idosas mais expostas por terem que seguir trabalhando, e mais trabalhadores precarizados com saúde mais debilitada.

Olhando por esse viés, é evidente que poderíamos dar uma solução, por que não ocorre? Na minha opinião, por anos, foi alimentada uma ideologia de que trabalhador não pode ser um sujeito político e se organizar, e sim apenas votar a cada 4 anos. Segundo, as empresas não têm culpa ou responsabilidade, que é normal uma empresa demitir ou priorizar seus lucros próprios. Porém, isso não é verdade, as empresas e seus donos são os principais responsáveis por concentrar as riquezas em poucas mãos, enquanto a maioria da população morre de fome.

E, por fim, um certo “respeito” à propriedade das empresas, mas é preciso questionar: por que há aviões parados no pátio quando poderiam estar voando para salvar vidas? E, nesse ponto, as direções sindicais cumpriram por anos seu podre papel. Em particular na pandemia, quando havia e ainda há indignação com os ataques e as demissões, as direções dos sindicatos ajudaram as empresas a passar os ataques e a desmoralizar qualquer tentativa de organização para manter seus privilégios burocráticos.

Romper com essa paralisia das direções sindicais, nos organizar e ver que podemos colocar as empresas, os transportes e todos os setores produtivos garantidos por nós sob nossa própria direção e controle e tirá-los das mãos de empresários mesquinhos e cheios da grana. Essa seria a única forma de ter uma resposta racional à pandemia e a todos os problemas.

 
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