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RACISMO
Cantora Ludmilla desativa as redes após ataques racistas na internet
Redação

Depois de lançar um novo videoclipe na última sexta-feira, dia 18, Ludmilla mais uma vez recebeu ataques de cunho ofensivo e diretamente racista em suas redes sociais, as ofensas aparecem na maioria das vezes mascaradas de piadas, mas segundo sua assessoria são diretamente criminosas e recorrentes, o que levou a um cansaço por parte da artista.

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Imagem: Edu Moraes/RecordTV | Divulgação

Muitas das ofensas recebidas por Ludimilla são fruto de uma rivalidade entre seus fãs e os fãs da cantora Anitta, em meio a piadas e comentários desclassificando seu desempenho artístico, há muitas ofensas diretamente machistas e racistas, que segundo a cantora é muito recorrente em suas redes sociais.

Em resposta a um print que uma fã compartilhou expondo comentários racistas, a cantora respondeu: “é daí para pior. Vocês não têm noção do que eu passo com essas pessoas. É 24 horas por dia de comentários racistas em todas as minhas postagens, mas eu estou tirando print de tudo porque isso é crime e vai pagar um por um”

No dia que desativou suas redes, Ludmilla havia lançado uma nova música “I Love You Too” que fez em parceria com Orochi. sua assessoria não deu detalhes sobre isso, mas é comum que entre os fãs surjam novos comentários e repercussões quando os artistas lançam novas músicas, o que pode ter sido o estopim de novos ataques em suas redes.

Abaixo, segue a declaração emitida por sua assessoria para a imprensa sobre o caso:

“Confirmamos que na noite da sexta (18/12), a cantora Ludmilla desativou todas as suas redes sociais. Durante o dia, a cantora já havia reclamado com sua equipe sobre os ataques racistas que vinha sofrendo, chegando até a responder alguns tweets que diziam que ela responderia caso “jogassem casca de banana” entre outros insultos racistas e misóginos. Tais ataques vêm ocorrendo ao longo da carreira de Ludmilla que, como é sabido, vem se posicionando não só contra crimes de raça, mas também de gênero.
Ressaltamos que, ao contrário de qualquer especulação, tal ato não faz parte de nenhuma estratégia de marketing e é simplesmente uma consequência de seu cansaço diante do ódio destilado nas redes sociais. Informamos ainda que todas as postagens de cunho racista e homofóbicas estão sendo documentadas para encaminhamento à justiça.
Por ora, aguardamos o desejo de Ludmilla de voltar às suas redes sociais. Sendo assim, não temos mais nada a declarar”.

É chocante a forma como o racismo atinge diariamente os negros, desqualificando suas criações artísticas, sua expressão, sua aparência e deslegitimando a capacidade desse povo. Uma artista legitimada nacionalmente chegar a desativar suas redes por conta desse tipo de violência é um sintoma gritante de como o racismo opera.

Não é a primeira vez que vem a público ataques deste tipo contra a cantora, além disso, Ludmilla não é a única artista a ser deslegitimada por conta da sua raça. Ainda este ano o ator Leslie David Baker, conhecido pelo seu papel em The office, foi a público expondo os ataques racistas que sofreu nas redes sociais.

Infelizmente, essa forma de opressão que é um dos alicerces da sociedade capitalista, não se expressa somente na forma de discurso ou ataques verbais, mas também em ataques físicos e tem sua face mais nefasta na violência policial que produz diariamente pilhas de corpos negros, como vimos nos recentes casos de assassinatos como o de João Alberto e de Nego Vila que ocorreram no último mês.

A perseguição à cultura negra também é uma das formas pela qual o racismo se expressa, tendo sua repercussão muitas vezes na criminalização da arte. Não é incomum que DJs e MCs negros sejam presos ou mortos pela polícia, como foi o caso da prisão autoritária de Rennan da Penha.

Em um momento de fortalecimento da direita reacionária, fruto do golpe institucional de 2016, as diferentes formas de racismo se manifestam de forma muito mais explícita pois os agressores se respaldam em um presidente que diretamente faz piadas e alusões ao racismo, como foi no caso do copo de leite.

O racismo em seus mais diversos desdobramentos tem consequências profundas e das mais variadas no povo negro, desde o impacto subjetivo do sentimento de inferioridade ou desmoralização, até o irreparável impacto material representado na prisão e na morte, além disso, são os negros que estão nos piores postos de trabalho, estando também em maioria nas filas quilométricas de desempregados.

Justamente por isso que não raras vezes os negros se revoltam contra o estado de coisas, protentando contra a violência policial e as diversas formas de racismo. Vimos ainda este ano o reacender do movimento Black Lives Matter após o revoltante assassinato de George Floyd. O movimento surgiu anos atrás, ainda no governo de Obama, depois do assassinato de Eric Garner.

Nós do Esquerda Diário, expressamos aqui a mais profunda solidariedade com a cantora Ludmilla, e convidamos todos os negros a não abaixarem as cabeças para nenhuma das formas de racismo que nos atacam, a dor que nos é infligida diariamente precisa se transformar numa luta de força imparável contra esse estado de coisas.

O racismo se sustenta até hoje porque é extremamente lucrativo para o sistema capitalista, constituindo um dos pilares de sustentação desse sistema, é por isso que os negros devem se colocar na linha de frente da classe trabalhadora exigindo o fim de ambas as coisas. Se não existe capitalismo sem racismo, os negros derrubarão ambos!

 
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