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LUTA CONTRA DEMISSÕES EM GUARULHOS
Servidores de Guarulhos se mobilizam e arrancam liminar contra fechamento da Proguaru
Redação

O fechamento da empresa Progresso e Desenvolvimento de Guarulhos (Proguaru) anunciado pelo prefeito Guti (PSD), desmontando serviços públicos essenciais e colocando na rua 4.600 funcionários, foi aprovado na Câmara e enfrentou o protesto dos trabalhadores. Uma liminar na justiça barrou a demissão, mas é fundamental não depositar a confiança no judiciário e seguir em luta.

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O Esquerda Diário noticiou o imenso ataque proposto pelo prefeito Gustavo Henrique Costa, o “Guti” (PSD), que atinge de maneira drástica todo tipo de serviços públicos na cidade. Hoje, os servidores foram à Câmara protestar contra a votação que aprovou o projeto de lei proposto pelo executivo que pretende extinguir a empresa.

Conversamos com uma servidora que, com medo do constante assédio e das retaliações, não quis se identificar. Ela nos disse que a notícia veio de surpresa para a população de Guarulhos e para os milhares de trabalhadores da Proguaru, que “estão em todos os cantos da cidade”, segundo afirmou, descrevendo algumas das diversas funções essenciais para o funcionamento de Guarulhos que são cumpridas pelos funcionários da autarquia: “nós estamos na saúde, fazendo limpeza, controle de acesso, nas escolas, nós estamos tampando buraco nas vias, fazendo recapeamento, fazendo carpinagem, roçagem, drenagem; em todo lugar que você passa em Guarulhos tem um funcionário.”

Após a votação na Câmara, o prefeito fez uma live nas redes sociais na qual declarou que “é sabido que a empresa vai acabar em 2022, não tem como, ela ia falir em 2022 e as pessoas iam sair com uma mão na frente e outra atrás, porque não tem recurso.” Diz ainda que não pode “ser irresponsável”. Guti ainda fala como se estivesse fazendo um favor ao promover o PDV (Programa de Demissão Voluntária) para que os funcionários recebam um “bônus” além da rescisão a que tem direito por lei. O objetivo do PDV, no entanto, longe de ser o de “ajudar” os funcionários que quer botar no olho da rua, é sim o de minar a resistência dos trabalhadores, dividindo e apavorando os trabalhadores, que, frente à possibilidade iminente das demissões, se sentirão pressionados a aceitarem o PDV ao invés de se mobilizar para lutar contra o fechamento da empresa.

Contudo, há algumas questões fundamentais sobre esse pronunciamento cínico de Guti: em primeiro lugar, cabe ver o que dizia o prefeito antes da eleição em um vídeo onde “desmentia fake news da oposição”, afirmando que a “Proguaru segue aberta fazendo o máximo pra nossa cidade, obrigado, orgulho de vocês”, para apenas alguns meses depois dizer que sua manutenção é inviável. Veja o vídeo:

Outra questão é sobre a sua viabilidade. Segundo Guti, não há dinheiro. Mas de acordo com a prestação de contas da prefeitura, os custos totais da Proguaru foram de R$ 140 milhões. Ainda de acordo com as planilhas da prefeitura, os gastos em juros e amortizações da dívida pública foram de quase R$ 144 milhões. A dívida pública é um recurso que os especuladores, banqueiros e grandes capitalistas – com os governos como o de Guarulhos atuando no papel de seus “testas-de-ferro” – utilizam para drenar os recursos de direitos sociais – como os que são atendidos pela Proguaru – para garantir dividendos milionários pelos credores desta dívida fraudulenta. Esses juros, pagos interminavelmente, cobrem muitas vezes o próprio valor da dívida e seguem sendo pagos, e nenhum governo capitalista jamais ousa tocar nessa despesa, nesse verdadeiro buraco sem fundo: preferem, como no caso de Guti, demitir 4.600 trabalhadores e deixar a população sem os serviços mais básicos e fundamentais para sua vida e para o funcionamento da cidade.

A trabalhadora que nos prestou depoimento afirmou que muitos funcionários, especialmente após a live do prefeito, estão com medo de voltar aos seus trabalhos na segunda e sofrer assédio por munícipes que, iludidos pela demagogia dos políticos e patrões, acreditam que os funcionários da Proguaru não produzem nada e só causam prejuízo. A trabalhadora desabafou: “não é verdade. A gente trabalha muito, muito. A grande maioria que trabalha nas escolas, nas ruas e na saúde, esse pessoal, a grande parte é de mulheres, senhores de idade, tem o pessoal jovem que se dedica, que trabalha muito.” Mas que grande parte dos problemas que ocorrem não podem ser resolvidos por eles por conta da hierarquia e dos altos cargos de mando, esses sim privilegiados e corruptos, e ocupando seus postos por indicações políticas por parte da mesma gestão que agora quer acabar com a Proguaru:

“a culpa tá caindo nas costas da gente como se a empresa fosse falir porque o funcionário público concursado tivesse culpa, e não: a gente luta todos os dias. Agora, o pessoal da administração vê tudo: todos os podres, todas as pessoas que foram contratados comissionados para ganhar R$ 7 mil, R$ 9 mil, R$ 12 mil para não fazer nada, para viajar em dia de trabalho e sem estar de férias, gente que não aparece na empresa, gente que fica escondida em regionais, e a gente que leva a culpa. A gente vê isso e fica se indignando.”

Ela também afirmou que esses funcionários comissionados cumprem o papel de vigiar e perseguir aqueles que estão se organizando contra o fechamento da empresa:

“A gente fica com medo, com medo de assédio do funcionário comissionado que vai estar lá pressionando. Funcionários que não foram pra rua perceberam que haviam assessores andando na Proguaru para ver quem estava e quem não estava. A gente sofre pressão e vai sofrer muito mais a partir de agora. A gente foi filmado no protesto por assessores que estavam lá nos filmando, assim, na cara dura.”

Contudo, mesmo com toda essa perseguição, os trabalhadores da Proguaru deram um exemplo de organização e, constituindo uma comissão de funcionários, organizaram sua mobilização e foram para a Câmara. Após a aprovação do projeto por parte dos vereadores, a justiça concedeu uma liminar barrando o projeto de lei, o que é uma conquista importante da mobilização. Contudo, é importante alertar os trabalhadores que não podemos confiar nem por um segundo no judiciário, que também está cotidianamente aprovando ataques aos direitos dos trabalhadores e é composto por juízes privilegiados que não são eleitos por ninguém, e tem seu rabo preso com os políticos e patrões.

Apoiamos firmemente a mobilização dos trabalhadores da Proguaru. Todo o recurso para manter a empresa funcionando pode ser atendido com o fim do pagamento da dívida pública do município, e todos os casos de corrupção e funcionários privilegiados podem ser resolvidos colocando a empresa nas mãos dos trabalhadores que a fazem funcionar todos os dias. Basta de cargos comissionados cuja única função é assediar os trabalhadores e servir de dedo duro dos políticos que querem acabar com a Proguaru. A Proguaru é um patrimônio dos trabalhadores e do povo de Guarulhos, chamamos todos a apoiar a mobilização em sua defesa.

 
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