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Carestia da vida
Com real desvalorizado, produtos importados ficaram de fora da ceia de Natal no Brasil
Redação

Por conta da alta do dólar, neste ano o Brasil terá o Natal com menor participação de produtos importados em mais de uma década, esta estimativa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

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Produtos como bacalhau português ou norueguês, cerejas, pêssegos, ameixas e figos importados tendem a ser substituídos por produtos nacionais. De acordo com os dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia) entre setembro e novembro deste ano, o país importou um total de US$ 367,2 milhões (ou R$ 1,85 bilhão) em produtos consumidos no natal, como vinhos e espumantes, brinquedos, perfumes, castanhas, pescados, frutas típicas, roupas e carnes processadas.

Este montante em comparação aos US$ 439,5 milhões (R$ 2,2 bi) importados em 2019 no mesmo período representa uma queda de 16,5%. O valor registrado neste ano só não é menor do que foi registrado 2009, quando foram importados US$ 308,9 milhões (R$ 1,55 bi) em produtos tipicamente natalinos.

Segundo Fabio Bentes, chefe da divisão econômica da CNC, a queda da importação está diretamente ligada ao aumento do dólar, que está cerca de 35% mais alto em relação ao real neste ano em na comparação com 2019. De acordo com Bentes, entre setembro e novembro de 2019, o dólar estava cotado a uma média de R$ 4,13, enquanto, no mesmo período desse ano, a média foi de R$ 5,58 — uma valorização de 35%.
"Podemos seguramente atribuir essa queda à variação da taxa de câmbio", afirma Bentes. "Há uma correlação fortíssima entre o movimento do dólar e a importação desses produtos. Então, esse ano, será certamente um Natal com menos importados."

A última vez que o dólar chegou a esta porcentagem de valorização em 2015 foi em meio à crise econômica que no ano seguinte acarretou na articulação de setores do regime para afastar a presidente Dilma Rousseff (PT) pelo golpe institucional.
Naquela ocasião, o dólar tinha uma média de R$ 2,48 entre setembro e novembro de 2014, passando para R$ 3,89 no mesmo período de 2015, chegando a uma alta de 57%.Naquele momento também houve queda na importações de produtos de Natal de 17% em 2015, portanto, um movimento com similaridades com o que acontece este ano.

De acordo com o Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria, há três os fatores principais que explicam a valorização do dólar em relação ao real este ano,
"O motivo inicial foi a própria pandemia, que fez com que todas as principais moedas de países emergentes sofressem uma grande desvalorização em relação ao dólar", diz Campos Neto. "Num momento de muita incerteza gerada pelo coronavírus, houve uma corrida dos investidores para moedas mais seguras."
Para o economista, conforme ainda que a pandemia tenha afetado outros países, e tenha tido quedas do dólar lá fora. O real tem apresentado o pior desempenho em relação á outras moedas de países emergentes como o Brasil.

"Isso se deveu aos riscos e problemas internos, mais precisamente, às incertezas em relação à sequência da agenda fiscal, que é um grande risco para o Brasil nos próximos anos", diz o economista, que atribui isso ao desequilíbrio das contas públicas e as propostas de reformas planejada por Bolsonaro e Guedes para enfrentar o problema.

Um terceiro elemento, segundo o analista, é a queda dos juros no Brasil, com a Selic a 2% desde agosto deste ano, menor patamar da história da taxa básica de juros.
"O Brasil hoje não é um país que tem uma atratividade para os investidores do ponto de vista de diferencial de juros como já teve no passado. Essa saída de recursos, por conta da queda de juros, também acaba influenciando na desvalorização do real."
A desvalorização do real afeta diretamente as condições materiais dos trabalhadores com o aumento vertiginoso não somente dos produtos importados mas dos alimentos da cesta básica dos brasileiros.

 
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