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RACISMO
Fotógrafo de Natal tem foto divulgada nas redes acusado de bandido por ser negro
Redação Esquerda Diário Nordeste

Um caso de racismo circulou nas redes sociais de Natal. Diogo, fotógrafo profissional, teve sua imagem espalhada por grupos de whatsapp que o acusavam de estar planejando um assalto na região, por andar com o celular na mão e ser negro.

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Diogo Mãozinha, como é conhecido, é fotógrafo profissional, cinegrafista, editor de vídeos publicitários e bailarino. É negro e mora na cidade de Natal, capital potiguar. Uma noite ao chegar em casa, recebeu de uma amiga prints que circulam no whatsapp com uma foto dele andando na rua, sendo acusado de estar planejando roubo na região.

Sua imagem foi captada por câmeras de segurança no bairro de Petrópolis, área de classe média alta da capital, onde ele tinha ido apenas para trocar dinheiro em uma casa de câmbio. Com dificuldade de encontrar o local, ficou seguindo o seu celular, atitude registrada pelas câmeras. Nas redes sociais, o fato dele estar com o celular nas mãos foi interpretado como parte de planejamento do assalto, como se estivesse fazendo registros do local.

Uma situação claramente racista, onde um homem negro é associado a bandido, ao crime, apenas por andar na rua. Um racismo que é sustentado pelo Estado brasileiro, sobretudo pela polícia, que em suas operações nas periferias e favelas país afora, assassina negras e negros, trabalhadores, "confundindo" guarda-chuva com fuzis. Trata a população negra como culpada antes de ser julgada, inclusive se for criança, como vimos com o assassinato de Emily e Rebeca brincando no portão de casa. É o mesmo estado que, através do judiciário, mantem 40% da população carcerária presa sem julgamento, em sua maioria negras e negros.

Quem ganha com isso são os capitalistas, que podem pagar mais barato pelo trabalho negro e naturalizar que vivam nas piores condições de moradia, não atoa os mais atingidos na pandemia, garantindo maiores lucros.

Veja o depoimento de Diogo, divulgado pelo portal Saiba Mais:

– Estava na (rua) Afonso Pena, para resolver questões de câmbio porque tinha feito um trabalho recente na Suíça e precisava receber o dinheiro. Era por volta do meio-dia e com o sol forte, não conseguia enxergar o endereço do local no celular e fui numa clínica pedir informação. Eles foram educados e me ajudaram com a localização. Passei um pouco do local que eles me indicaram e parei numa ótica. Ao chegar lá já notei o clima meio fechado. Pedi informação também, eles me passaram a informação e falaram comigo tranquilos. Quando chegou à noite, uma amiga minha mandou mensagem dizendo que tinham colocado minha foto no grupo de policiais e joalheiros da Afonso Pena dizendo que eu tava fingindo que pedia informação e tava rondando, observando o local para cometer assaltos. Quando vi essa mensagem, bateu um desespero, fiquei triste pra caralho. Fora que minha filha sentiu o baque, ela dormiu com medo de eu sofrer alguma represália, ela tá com medo. É foda porque você não pode ir para certos lugares porque é preto, num local que é a zona sul da zona leste. Não posso correr, andar, os caras batem foto, denigrem. Já aconteceu uma coisa parecida há algum tempo, não é a primeira vez que me acontece isso”, contou indignado.

  •  “Minha filha perguntou: Papai, por que tá acontecendo isso? É por que a gente é preto? Ela é uma criança, não era pra ela ter esse tipo de questionamento. Vou fazer de tudo pra que isso não se repita mais, não só comigo, mas com outros manos pretos, irmãos de sangue e de cor que estão sofrendo com isso. Isso não vai passar, eu tô com olheira, sem dormir pensando numa forma de conseguir dinheiro para conseguir uma casa. Quando cheguei no câmbio, a mulher já tava com cara de assustada, já devia ter recebido a informação desses grupos. Agradeço a quem segue com a gente nessa guerra, tem negro que ainda nega, estão apagando nossa história aos poucos ”, lamenta Mãozinha.
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