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UFRJ pode parar e MEC está lavando as mãos
Jean Barroso

Desde o início do segundo semestre, o Reitor Roberto Leher vem avisando a comunidade da UFRJ que a universidade poderá paralisar suas atividades antes do final deste semestre, por causa do corte de mais de onze bilhões na educação no início deste ano. O rombo é de 310 milhões, e emergencialmente a universidade precisa de 140 milhões para não paralisar suas atividades.

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Há doze dias (12/11) o Conselho Universitario da UFRJ referendou um documento exigindo 140 milhões do MEC para não paralisar o funcionamento da universidade. Esta carta ao MEC pode ser lida aqui. Com os cortes, está previsto o repasse de 33 milhões para a universidade “se virar” até o final do semestre, uma quantia muito aquém do que está sendo pedido em caráter emergencial, e quase 10% do valor total das dívidas da um universidade.

Até então, nenhuma novidade por parte do MEC. A pátria educadora de Dilma está lavando as mãos para as universidades públicas, fazendo com que educação pague o preço da crise econômica enquanto bilhões são repassados aos tubarões do ensino pela via do FIES.

A carta do CONSUNI conjuga no tempo futuro o que já é a realidade do presente: o drama social dos trabalhadores terceirizados que fazem a limpeza, a manutenção, segurança ou portaria da universidade. Trabalhadores da manutenção já estão com salário e benefícios atrasados, porteiros já estão sem receber desde setembro, neste mês os seguranças receberam atrasado também.

Em torno de mil trabalhadoras e trabalhadores que fazem o serviço de limpeza, antes pela empresa Qualitécnica que deu o calote em junho e foi substituída pela Venturelli, estão sem receber regular e integralmente desde junho, desde o momento em que esta empresa assumiu o contrato destes trabalhadores!

Com o atraso do pagamento destes trabalhadores, o funcionamento do Centro de Ciências da Saúde, o Centro de Tecnologia e o Hospital Universitário podem paralisar suas atividades. Desta forma, o corte na educação prejudica também toda população que usa este Hospital, que é referência em todo estado e atende principalmente quem mais precisa e não tem condições de pagar um particular.

Leher e DCE UFRJ a espera de um milagre?

O governo Dilma já deu inúmeras amostras não esta nem aí para a “qualidade amplamente reconhecida” da UFRJ, mostrou isso com o corte monstruoso no início do ano, que só foi aumentando. Foram afetados os trabalhadores, tanto terceirizados quando efetivos, a assistência estudantil, até as bolsas de pesquisa, com cortes no PIBID, atrasos freqüentes na CNPQ e redução das bolsas de pós-graduação.

Estruturalmente, a maioria das obras também estão ameaçadas por este corte.
Uma universidade que aceitou uma tímida abertura para filhos de trabalhadores, estudantes negros e de baixa renda, sem que com isso lhes garantisse a permanência já que as bolsas são poucas e de baixo valor, não tem restaurantes universitários em quase todos os centros e com um alojamento precário e superlotado. Tudo isto enquanto se estruturava em cima da mão-de-obra precarizada e super-explorada que são os trabalhadores terceirizados, que em sua maioria são mulheres negras que nunca tiveram o acesso ao ensino superior por causa do filtro social do vestibular. Este é a situação da UFRJ, amplamente reconhecível por qualquer estudante.

Também deve ser amplamente reconhecível por qualquer estudante que sem qualquer medida de mobilização, manifestação ou paralisação, o MEC pode muito bem lavar as mãos para esta carta, assim como o governo federal pôde abafar nossa greve de 120 dias contando com a ajuda da UNE para dividir o movimento nacionalmente e sufocar as greves estudantis. Para superar esta situação e a iminente paralisação da UFRJ, que está sendo avisada já em todos os meios de imprensa há pelo menos dois meses, o DCE da UFRJ deveria estar organizando medidas de mobilização, assembléias de base, cortes de rua em defesa das bolsas e pagamento dos trabalhadores terceirizados.

Os estudantes UERJ que estão numa situação muito mais catastrófica que nós já organizam cortes de rua desde o início do ano e ações em apoio aos terceirizados e pelo pagamento das bolsas, como ocorreu ontem, apesar de não contar com o seu DCE que é aliado do Reitor serve de correia transmissão dos cortes de Pezão. O DCE da UFRJ deveria estar organizando o mesmo na UFRJ, assim como procurando a unidade entre todo movimento estudantil que luta contra o ajuste fiscal. Mas enquanto os estudantes da UERJ fechavam a rua, a maioria dos membros do DCE (do coletivo RUA) estavam na mesma universidade, só que para lançar uma frente com os governistas da CUT, a CTB e da UNE, a “Frente do Povo sem Medo”.

Este fato deve ser o suficiente para os estudantes entenderem que a única coisa que esta frente tem medo é de lutar contra os cortes.

Sem que o DCE rompa com esta frente e organiza medidas de luta e assembléias de base dos estudantes, esta carta não passara de mais um papel, alias como esta se mostrando as promessas e compromissos de Leher para que acabássemos a nossa greve.

Só quem pode dar resposta a crise da UFRJ são os estudantes, se organizando pela base em assembléias e forjando uma aliança com os trabalhadores efetivos e terceirizados. Seguindo o exemplo dos secundaristas de São Paulo que estão ocupando suas escolas contra o fechamento de Alckmin e se inspirando no avançado movimento estudantil Sul-africano que esta massiva contra a cobrança de mensalidades e pela efetivação de todos terceirizados da universidade, sem necessidade de concurso.

 
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