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PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO
Precarização do trabalho: mão de obra temporária é a maior em 12 anos no Brasil
Giovana Pozzi
Estudante de história na UFRGS

Segundo dados do Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged), a contratação de mão de obra temporária com carteira assinada em 2020 é a maior desde 2008, com um crescimento dez vezes maior do que de empregos formais.

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Entre junho e outubro de 2020, o número de contratos temporários cresceu 25%. Sendo que somente em outubro foram registrados novos 30,7 mil trabalhadores nesse tipo de contrato precário, alcançando a maior marca desde 2008, ano inicial do Caged. Os dados, retirados do Caged, são referentes a empresas especializadas nesse tipo de contratação.

Os contratos temporários são utilizados pelas empresas para não se comprometer com a carteira assinada a longo prazo e todos os direitos trabalhistas que o emprego formal carrega. Ou seja, é uma forma de trabalho precário que beneficia o patrão e coloca o trabalhador em um contrato incerto, curto, sem inúmeros direitos e logo se vendo entre as gigantes filas de desempregados.

Essa é uma das formas criadas pelos políticos burgueses para satisfazer os interesses da patronal. Além de economizar, o patrão possui maior controle de seus trabalhadores sob o contrato temporário, já que impede uma organização a longo prazo destes contra os ataques da patronal.

Veja também: Com governo Bolsonaro, Brasil atinge taxa de desemprego recorde de 14,6%, de acordo com IBGE

O economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Rafael Cagnin comentou sobre o aumento dos contratos temporários, dizendo que “as empresas tentam não se amarrar” com o trabalhador devido a instabilidade da crise e a necessidade de se “desfazer da mão de obra rapidamente”. O que em palavreado comum significa colocar no olho da rua o trabalhador, que muitas vezes é o único sustento de sua família, para que os lucros da empresa sejam salvos.

Em matéria para o Estadão, o presidente da Whirpool, dona de marcas como Brastemp, Consul e KitchenAid, João Carlos Brega, afirmou que a empresa está “bem criteriosa no emprego efetivo”. Dos 11,2 mil trabalhadores desta empresa, o aumento de emprego formal em 2020 aumentou apenas um dígito ao passo que o contrato temporário cresceu 20%, quando comparado ao ano de 2019. Agora vejamos o lucro líquido da Whirpool: R$ 278 milhões somente no terceiro trimestre de 2020. Os números falam por si só: precarização do trabalho para milhares de trabalhadores enquanto milhões de reais vão para os bolsos da meia dúzia da patronal. A lógica capitalista é completamente perversa e irracional.

E essa lógica é aplicada para todas as empresas. A Mercedes-Benz, por exemplo, a empresa que no terceiro trimestre de 2020 lucrou gigantescos U$ 2,43 bilhões, um aumento de 19% comparado ao mesmo período de 2019, mesmo em meio a crise, está praticando a contratação temporária a todo vapor. No final das contas, o contrato temporário faz com que milhares de trabalhadores permaneçam apenas temporariamente fora dos dados de desempregados no país enquanto os lucros bilionários dos empresários seguem subindo.

Esse é o projeto de país que o golpismo e o bolsonarismo têm em comum: descarregar a crise nas costas dos trabalhadores e da juventude através de empregos precários, aqui representado apenas pelo contrato temporário, mas lembremos dos milhares que estão inseridos no trabalho informal, nos apps de entrega e os terceirizados, por exemplo. Todos estes setores majoritariamente compostos por pessoas negras, escancarando o racismo estrutural da lógica capitalista. Eles arranjam inúmeras formas de dividir a classe trabalhadora, entre os que têm direito e os que não têm. Por isso é preciso golpeá-los no sentido oposto ao que eles tentam fazer: unir todas as fileiras de trabalhadores, sejam formais ou informais, servidores públicos, contratados, terceirizados, etc, todos explorados e oprimidos para golpear com um só punho os capitalistas, nossos verdadeiros inimigos.

 
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