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RIO GRANDE DO NORTE
Na periferia de Natal, letalidade da COVID-19 é quase o dobro da média nacional
Redação Esquerda Diário Nordeste
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A infecção pela COVID-19 em Natal está aumentando, chegando a uma média diária semelhante ao momento auge da pandemia, entre os meses de junho e julho. Já são 163 casos por dia, o maior registro desde o mês de julho. Éa maior taxa de transmissão desde Maio, quando estava em 1,31, passando de 1,1 para 1,3 no mês de novembro. A cidade está entre as quatro capitais que mais está acelerada essa taxa no país, de acordo com o Consórcio da Mídia.

A prefeitura do agora eleito como prefeito Álvaro Dias tranquiliza a situação afirmando que não há óbitos registrados por COVID-19. Porém, sem testagem massiva, que o prefeito não quis fazer, é uma falsa tranquilidade, frente a um aumento de mortes no país por Síndrome Respiratória Aguda Grave nas últimas semanas. A capital potiguar já é apresentada como 4ª capital com maior aceleração de contágio pela Folha de São Paulo.

Além disso, a ocupação de leitos críticos no estado está em 47,4%. Segundo documento da Secretaria Estadual de Saúde Pública, a ocupação de leitos públicos está em 51,2% e particulares em 39,2%. Porém, há hospitais que já não possui leitos críticos para a população como o Hospital do Coração e o Hospital Rio Grande, da rede privada, e da rede pública o Hospital Maternidade Divino Amor, em Parnamirim.

Mas esse aumento está atingindo a cidade de forma desigual. Dados do LAIS (Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da UFRN) mostram que a taxa de letalidade nos bairros de periferia da cidade estão muito maiores às da média nacional, calculada em 2,8%. São eles:

• Lagoa Seca: 6,34%
• Dix-Sept Rosado: 6,18%
• Felipe Camarão: 6,15%
• Igapó: 6,12%
• Alecrim: 5,80%
• Guarapes: 5,62%
• Mãe Luíza: 5,51%
• Cidade da Esperança: 5,06%
• Rocas: 5,05%
• Bairro Nordeste: 5%

São bairros com grande concentração dos trabalhadores da cidade, em sua maioria negras e negros, e que convivem com as piores condições de habitação, saneamento, muitas vezes afastado dos hospitais públicos.

Álvaro Dias, reeleito a prefeitura da cidade, escreveu um texto ao Tribuna do Norte agradecendo a votação e se vangloriando do “caso de sucesso” no combate a pandemia do coronavírus por sua gestão. Mas Álvaro Dias é responsável pela morte de cada morador das periferias de Natal.

Bolsonaro e seu governo levaram o país aos 6 milhões de casos e 171 mil mortes da pandemia pelo seu negacionismo torpe, chamando o a população de “maricas” e deixando que 6,8 milhões de testes estragassem, mais do que a quantidade de testes realizados até hoje.

Ao mesmo tempo, Álvaro Dias, mesmo médico, estava mais preocupado em abrir rápido o comércio do que em testar a população e rastrear o vírus. Os hospitais da cidade colapsaram, houve filas de espera nos hospitais, gente literalmente morrendo na porta, além de dezenas de trabalhadores da saúde que estavam materiais básicos como EPIs. Ofereceu ivemectina para a população, a solução, e promoveu uma série de encontros com o Ministro da Saúde, General Pazuelo, o mesmo que junto com Bolsonaro não aplicaram R$ 3,4 bilhões para o combate a pandemia e ainda disse que "não tem nada que não esteja planejado" frente ao aumento de casos.

É representante desse regime do golpe institucional que saiu fortalecido após o segundo turno dessas eleições, que cortou verba do SUS e fortaleceu a privatização da saúde, agravou o problema da moradia, do saneamento, e que durante a pandemia quiseram se distanciar do negacionismo de Bolsonaro, mas seguiram a mesma cartilha empresarial negligente com a saúde, a vida e o sustento da maioria da população.

Os principais hotéis da cidade estavam vazios por meses e poderiam ter sido declarados de interesse público dentro de um plano de isolamento que partisse da testagem massiva da população. Isso teria sido fundamental para impedir maiores mortes na periferia, onde as condições de isolamento são muito piores.

A governadora Fátima Bezerra (PT), por sua vez, corroborou com a falsa ideia de Álvaro Dias estaria combatendo de fato a pandemia, estabelecendo um Pacto Pela Vida que maquiava o fato de que ambos os governos estavam mais preocupados em manter intocados os lucros dos empresários da cidade e do estado do que com a vida de fato. Prova disso é a recente declaração da Fecomércio RN, que pede a unidade dos governos para impedir que esse novo aumento de casos impacte nos seus lucros. Ambos estiveram com a Fecomércio RN, a FIERN e seus interesses, seguindo suas ordens quanto à reabertura do comércio, a não reconversão para produzir respiradores, testes, EPIs (como muito bem poderia ser feito com as indústrias Guararapes de Flávio Rocha), enquanto demitiam livremente dezenas de milhares de famílias.

Frente ao aumento nos casos na cidade e no estado é necessário debater quais as medidas necessárias batalhar para impedir que novamente os lucros capitalistas estejam salvos enquanto a população trabalhadora da cidade paga com suas vidas. Em primeiro lugar, a exigência de testagem massiva da população e a reabertura de todos os leitos que foram fechados, contratando pessoal para atender a população e fazer com que sejam permanentemente integrados ao SUS. Além disso, é necessário exigir o confisco de prédios e salões de hotel ociosos para que sejam convertidos em clínicas de isolamento e reabilitação, equipando-os com leitos de UTI, respiradores e equipe médica especializada, e controlada pelos trabalhadores da saúde. Que as demissões sejam proibidas enquanto durar a pandemia e que cada desempregado, trabalhador informal, recebam um salário quarentena de ao menos R$2000,00.

 
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