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RACISMO
Assassinaram Beto no Carrefour, agora tentam assassinar sua reputação nas redes
Giovana Pozzi
Estudante de história na UFRGS

Após o assassinato cruel de João Alberto pelas maõs de um PM e de um segurança racistas no Carrefour, vemos nas redes um esforço decidido dos bolsonaristas de difamar a imagem de Beto, com o auxílio da grande mídia.

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São inúmeros comentários repugnantes nas redes onde há notícia do assassinato de Beto. “Pelo histórico do cidadão morto, a índole dele não era das melhores”, “Vão olhar a ficha desse anjinho que vcs tanto falam, não foi correto o que ocorreu mas deu né” são apenas dois exemplos de muitos outros comentários escandalosos que tentam justificar em alguma medida o ocorrido. Na grande mídia também vemos esforço em puxar a ficha criminal de João Alberto, com a Folha de SP colocando desde o título que Beto foi um marido violento com a ex. A serviço de que está essa abordagem?

A maioria dos comentários, cabe ressaltar, são proferidos por defensores assíduos de Bolsonaro. Mas então isso significa que da noite para o dia, os mesmos que defendem Bolsonaro e sua política reacionária, machista e racista, viraram defensores das mulheres e os primeiros a se colocarem contra a violência doméstica? Por certo que não. Bolsonaro é o mesmo que disse que não estupraria a então deputada Maria do Rosário porque “ela não merecia” e o mesmo que defende torturador da ditadura militar. Sem dúvidas quem apoia Bolsonaro e tudo o que ele representa não se coloca contra a violência às mulheres, inclusive muito pelo contrário.

Como se não bastasse os negros e negras estarem nos piores postos de trabalho, nas moradias mais precárias, sofrerem racismo diariamente e terem o alvo das armas policiais voltado para suas costas, os bolsonaristas e os racistas querem ainda que a população negra se sinta culpada pela violência que sofre. É isso que está por trás desses comentários. Uma falsa preocupação com as mulheres, que outrora violentavam, para justificar sua atitude racista diante do caso de Beto. Nem o PM à paisana nem o segurança do Carrefour tinham acesso à ficha ou histórico de Beto no momento em que o caso aconteceu, e mesmo se o tivessem, este segue não sendo argumento que justifique assassinar alguém(!). Lembremos que João Pedro foi morto pela polícia dentro de casa enquanto brincava(!). A única justificativa para a polícia assassinar diariamente negros e negras e periféricos é o racismo.

Veja também: "Não existe racismo no Brasil", diz Mourão sobre assassinato de João Alberto no Carrefour

A lógica da meritocracia inventada pela burguesia leva a se justificar o injustificável. Nessa sociedade racista, as pessoas negras precisam agir como se fossem “clérigos da moral” enquanto a burguesia pode andar por aí com seus helicópteros cheios de drogas, desviar milhões de dinheiro público para a própria família, destilar racismo em TV aberta, ter relação com a morte de Marielle Franco, que nada acontece. A tentativa de assassinar a reputação de Beto, logo após ele ser brutalmente morto, é racista e hipócrita. Vejam mais um desprezível bolsonarista destilando racismo contra a imagem de Beto:

A verdade é que este senhor empresário e todos os que compactuam com Bolsonaro e Mourão estão com medo da revolta de jovens e trabalhadores que não suportam mais o sistema racista que o capitalismo alimenta todos os dias. O caso de Beto não é um caso isolado, é o sintoma de uma sociedade racista organizada para explorar e oprimir negros e negras. Beto, Ágatha, João Pedro, João Vitor, Miguel e tantos outros nomes de adultos, jovens e crianças negras que tiveram suas vidas ceifadas pelo racismo, pela violência policial e pelo capitalismo.

Mesmo que os bolsonaristas e a direita tentem culpabilizar a vítima, como estamos vendo com Beto, mas vimos também recentemente com Mari Ferrer, nós sabemos que os únicos responsáveis pelo assassinato cruel e covarde de Beto é o racismo e a violência da polícia, sustentados pelo sistema capitalista. Nós não cairemos nesse falso moralismo e eles não conseguirão conter nossa luta por justiça a Beto.

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