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Contra a Islamofobia!
França: Lei de Segurança. Milhares de manifestantes contra a ofensiva autoritária do governo!
Julián Vadis

Enquanto a Assembleia Nacional estudava, em primeira leitura, a polêmica Lei de Segurança Global, milhares de pessoas se mobilizaram em toda a França, apesar do confinamento e da repressão policial.

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Um respiro de ar fresco em um clima marcado pela virada autoritária do governo. No dia 17 de novembro, a Assembleia Nacional estudou, em primeira leitura, a lei de Segurança Global, que atenta contra as liberdades do país, já criticada por uma instituição tão reacionária como a ONU, por “infringir os direitos humanos e as liberdades fundamentais”. Em 17 de novembro também foram convocados muitos atos, em toda a França, contra essa lei liberticida, principalmente em Paris, em frente à Assembleia Nacional.

O mínimo que se pode dizer é que essas manifestações foram surpreendidas pelo grande número de manifestantes que atenderam ao chamado. Em Paris, milhares de pessoas se mobilizaram, apesar de uma situação política marcada pelo temor legítimo da Covid19 e dos riscos de violência policial, dada a própria natureza da manifestação. Entre os manifestantes estavam muitos jovens, estudantes do ensino médio e universitários, que gritaram toda a sua raiva e sua recusa à lei de Segurança Global, bem como a toda virada autoritária, islamofóbica e de segurança do governo. Os Coletes Amarelos participaram do ato e, coincidentemente, "festejaram", neste dia 17 de novembro, os dois anos do seu movimento que ainda assombra as classes dominantes, estavam presentes também militantes de associações, de sindicatos e de partidos políticos. Além disso, a manifestação parisiense foi palco de nova violência policial, com grandes disparos de gás lacrimogêneo e canhões de água sobre os manifestantes. Imagens da violência policial que o governo, por meio de sua lei, gostaria que fossem banidas das redes sociais.

“Estamos aqui porque os direitos dos nossos concidadãos, dos litigantes, da imprensa, e a democracia está em perigo pela lei que será votada, em pleno confinamento, como se nada tivesse acontecido”, explica Louise, da Brigada BlackRock. Sentimento esse partilhado por Camille e Annabelle, duas estudantes que afirmaram: “não queremos que o estado de exceção que vivemos agora se generalize”.

A mobilização também foi importante em Toulouse, com mais de 2.500 manifestantes. Alberta, estudante e ativista do NPA-Revolução Permanente, explica: “Dois anos atrás, o governo estava tremendo com o movimento dos coletes amarelos. Em maio passado, o mundo inteiro se revoltou contra a violência policial. Nem um centavo a mais para a polícia! “Uma fala compartilhada por Jean-Louis, trabalhador do Hospital Universitário de Toulouse e para quem é “ mais fácil investir na repressão do que no hospital, ou na educação. Este governo e os anteriores são os bandidos, que quebram todos os movimentos e todo o sistema de solidariedade ”. Muito rapidamente, a manifestação de Toulouse também foi fortemente reprimida, com gases e, depois, dispersada.

A mobilização também foi forte em outras partes da França. É o caso de Marselha, onde vários milhares de manifestantes responderam ao chamado.

Também foram vistas imagens de muitos atos significativos em diversas cidades, de Bordeaux a Nantes, passando por Grenoble, Lille e Le Mans, entre outras.

Publicado por Révolution Permanente Bordeaux em Terça-feira, 17 de novembro de 2020

Contra a ofensiva islamofóbica, autoritária e de segurança do governo

Se esta mobilização de 17 de novembro é um respiro de ar fresco, é também porque reflete uma indignação social latente que se manifestou esporadicamente nas últimas semanas, desde a mobilização dos secundaristas e de seus professores, até a marcha massiva dos imigrantes que não têm documentação. Se a atual situação econômica está certa, com uma forte ofensiva das margens reacionárias, a Lei de Segurança Global é extremamente ultrajante. Além disso, tem a indignação contra a islamofobia estatal, contra a violência policial e a gestão repressiva da crise sanitária que se manifestou nas ruas, na continuidade das últimas sequências de movimentos sociais que abalaram França, como a enorme mobilização da juventude contra o racismo estatal e a violência policial, ou mesmo dos funcionários de hospitais, cuja raiva foi canalizada para Ségur.

Numa situação explosiva, com uma crise econômica que no fundo só nos promete desemprego e precariedade, a mobilização deste 17 de novembro demonstra, por um lado, que várias frentes do nosso campo social se mobilizaram espontaneamente e convergiram nas ruas, e por outro lado que, apesar da situação atual, é seguro apostar que essa raiva expressa não é um epifenômeno, pois estamos caminhando para grandes confrontos sociais nas próximas semanas e meses.

Portanto, é essencial preparar a contra-ofensiva frente a um governo determinado e cada vez mais autoritário. Isso exige quebrar todo o arcabouço do diálogo social e desenvolver um verdadeiro plano de batalha, direcionado a todos os setores populares, contra as demissões e a repressão, contra a islamofobia e os abusos autoritários do governo. Somente dessa forma será possível romper a atual conjuntura econômica e abrir caminho para uma alternativa progressista de baixo para cima, por meio da greve e da ação.

 
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