Foto: Arquivo pessoal
Eduardo de Assis Fernandes, trabalhador negro de 44 anos, auxiliar de apoio operacional, teve sua prisão preventiva determinada e executada pela justiça há três semanas por suspeita de roubo e extorsão. Porém, até agora nenhuma evidência de sua ligação com o roubo foi apresentada e até mesmo a polícia admite não existir nenhuma prova.
Não bastasse a prisão preventiva já ser um mecanismo autoritário do judiciário usado amplamente contra os trabalhadores, população pobre e principalmente contra os negros, esse caso fica ainda mais escandaloso.
A acusação é de que Eduardo, disfarçado de morador de rua e com um boné caído sobre o rosto, teria roubado uma bolsa com R$ 109 mil do sócio de um mercado ao sair do estabelecimento. Posteriormente a vítima e seu irmão, que também é sócio do mercado, teriam sofrido extorsão por mensagens, tendo familiares ameaçados pra que pagassem mais R$ 600 mil.
A investigação supôs que um ex-funcionário do mercado teria motivos e ligação com o crime apenas por ter sido demitido por justa causa alguns meses antes. Isso fez dele o principal suspeito de ter articulado o crime e teve a prisão preventiva determinada, também de forma absurda, e sem nenhuma prova. Por Eduardo ser concunhado desse ex-funcionário e baseado em uma foto antiga do Facebook, é que ele também teve sua prisão determinada.
André Assis, irmão de Eduardo, disse em reportagem do Uol que:
“Não faz sentido alguém acordar de madrugada para ganhar R$ 150 após roubar R$ 100 mil. Meu irmão é um homem amoroso, trabalhador. Ele está preso porque é negro, alto, tem cavanhaque e barba grisalha. Mas isso poderia ser eu, se estivesse naquele Facebook, porque somos parecidos”.
É evidente que a justiça está do lado dos ricos. Enquanto prende sem nenhuma prova um trabalhador negro, chega a até a inventar uma nova sentença de “estupro sem a intenção de estuprar” pra inocentar André Aranha, um empresário, branco e rico, que cometeu o crime contra Mari Ferrer.
Por isso levantamos a necessidade de que todos os juízes sejam elegíveis e recebam o mesmo salário que uma professora. É o que também defende Letícia Parks, que é parte da Bancada Revolucionária de Trabalhadores, candidatura do MRT por filiação democrática no PSOL, em SP.
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