Foto: Adriano Machado/Reuters/Reprodução
Bolsonaro já deixou escapar a expressão do peso da muito provável derrota eleitoral de Donald Trump, seu principal aliado na extrema-direita, e a quem Bolsonaro se acostumou a se fazer de capacho. Durante coletiva em Santa Catarina, pouco após Trump perder terreno e tomar a virada para Biden nas contagens nos estados de Georgia e Pensilvânia, Bolsonaro disse que Trump "não é a pessoa mais importante do mundo".
O presidente brasileiro sabe muito bem que a provável derrota eleitoral de Trump é uma derrota categoria para toda a extrema-direita no campo eleitoral. O próprio Bolsonaro que havia feito declarações de apoio para Trump, dizendo que a "esperança é a última que morre", agora tenta se afastar dessa derrota com sua declaração sobre Trump, porque sabe bem que essa derrota o debilita no plano nacional.
Como dito por André Barbieri em análise sobre as eleições em curso nos EUA,
"É evidente que a derrota de Trump é o mais duro golpe sofrido por Bolsonaro desde sua ascensão ao poder em 2019. Toda a política, interna e externa, de Bolsonaro esteve de uma forma ou de outra vinculada à linha trumpista como baluarte da “Internacional Direitista”. Lamber as botas de Trump era um salvo conduto que Bolsonaro usava para granjear segurança a si mesmo, ainda que do ponto de vista das relações econômicas e comerciais entre Brasil e EUA essa submissão reptiliana não tenha servido para nada."
Sem Trump na Casa Branca, Bolsonaro perde um pilar de sustentação fundamental, e junto com isso assiste ainda a outras derrotas da extrema-direita na América Latina, como a derrota eleitoral na Bolívia, e o massivo voto por uma nova constituição no Chile, assim como os protestos no Equador, na Colômbia e na Costa Rica.
Bolsonaro tenta já se distânciar da derrota eleitoral da extrema-direita trumpista, porque são claros os sinais de ventos novos na região, com efeitos nítidos para a extrema-direita, que serão com certeza sentidos por ele.
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