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ELEIÇÕES RIO 2020
Novos argumentos do por que Benedita da Silva não deve ser alternativa à Crivella e Paes
Rita Frau Cardia

Benedita da Silva busca se alçar cheia de promessas como alternativa a Crivella e Paes para os cariocas, mas conforme sua campanha vem demonstrando ainda mais, busca se ajustar aos capitalistas para governar uma cidade em crise, seguindo o curso da conciliação de classes petista que foi motor do Rio como epicentro da degradação social no país.

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Imagem: JORGE HELY/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Antes do desenvolvimento da conjuntura eleitoral, desenvolvemos neste artigo 6 motivos do porque a candidatura da Benedita da Silva não é uma alternativa para enfrentar a extrema direita e a direita como Crivella e Eduardo Paes. Queremos voltar a dialogar com os que a veem como alternativa a partir dos novos elementos que se desenvolveram na campanha.

As eleições de 2020 são as primeiras que acontecem no governo Bolsonaro, e no marco de diversos fenômenos políticos internacionais chave que se abriram, como a luta negra nos Estados Unidos, que poderiam reverberar em nosso país, e em especial no Rio de Janeiro. Mas candidaturas como a de Benedita Silva do PT, que se apresenta como uma mulher negra e de origem da favela, buscam, frente à enorme rejeição do prefeito Marcelo Crivella, um dos piores índices no país, se apresentar não como uma alternativa que se inspira no mais avançado fenômeno de luta negra internacional, mas como uma via de administrar sem qualquer questionamento de fundo o regime político nascido do golpe de 2016. Ao contrário, o PT, que abriu espaço para o golpe institucional com sua política de conciliação com a direita e os capitalistas. O golpe veio para passar ataques mais profundos do que o PT já vinha fazendo. Mas o PT não quer deixar de ser um sustentáculo do regime político, mesmo ainda mais degradado no pós golpe.

Nós do Esquerda Diário e MRT viemos nos colocando contra a extrema-direita, Crivella e os representantes do Bolsonarismo, assim como contra Eduardo Paes que faz um discurso hipócrita como alternativa à Crivella, mas vem se rastejando para Bolsonaro buscando votos de sua base garantindo que vai governar para os capitalistas com a política repressora e racista da Casa Grande, sendo um candidato que quer governar no regime do golpe para seguir nos atacando. E Marta Rocha que nada mais nada menos, esteve à frente da polícia civil de 2011 à 2014 e reivindica a intervenção federal, que significou tantas mortes do povo negro e nas favelas.
Benedita da Silva se candidatou reforçando o perfil de mulher negra de origem da favela que quer governar para o povo pobre, negro e oprimido do Rio de Janeiro. Mas como já desenvolvemos em várias ocasiões, a estratégia do PT durante todos os anos de governo no país, foi a de conciliação de classes.

Em entrevista para o Estadão, Benedita afirmou que “para governar a cidade, tem que governar para todos”, ao ser questionada ter sido vice do adversário Eduardo Paes e ter ocupado secretaria do governo Cabral, dizendo que o papel da esquerda é ocupar o poder “para atender a todos” e “não é só um campo puro e simplesmente ideológico” e de disputa por si.

Também disse, em recente sabatina da UOL, que a aliança e ser parte do 1º mandato de Cabral, foi o que permitiu que o RJ fosse beneficiado por programas do governo Lula, como o Minha Casa, Minha Vida, Bolsa Família e Obras do PAC. E que “não tem que se arrepender de fazer e trazer benefícios para a população”. Além de reafirmar que não vai deixar de fazer política de aliança e criar uma frente para “sair desse caos do Brasil”.

Foi justamente dessa estratégia com as alianças que o PT construiu ao longo de 13 anos administrando capitalismo que não resolveu nenhum problema estrutural no Rio de Janeiro, pelo contrário, como deixou um forte legado de remoções, privatizações, aprofundamento de esquema de corrupção e da repressão com as UPP´s. Essa "herança" é parte da crise do Rio hoje, que como sempre recai sobre as costas dos trabalhadores e mais uma vez o PT reafirma que está disposto a administrar o capitalismo do regime do golpe.

A continuidade da aliança com a Igreja em nome da governabilidade

Foi com essa mesma estratégia que o PT administrou o capitalismo e abriu espaço para setores da bancada fundamentalista e conservadores em nome da governabilidade e que apoiaram o golpe institucional. Estes mesmos setores que hoje se fortalecem no governo Bolsonaro e querem retroceder o direito ao aborto até mesmo em casos legais, enquanto milhares de mulheres seguem morrendo por abortos clandestinos. Esse direito elementar que o PT nunca avançou em garantir em seus 13 anos de governo, pois sempre privilegiou a aliança com a Igreja, e agora, segue no mesmo curso.

A candidata diz que esquerda deixou de ter a diálogo com a Igreja e que “(...). Nós usamos e abusamos em dizer que a sociedade organizada é a que está nos sindicatos, é a que está nas associações. Mas, a sociedade brasileira tem também total interesse em se organizar em torno daquilo que dá segurança para ela. E a Igreja dá segurança, dá muita segurança”. Uma posição que abre brechas para o ataque ao Estado laico, princípio básico inclusive que vem sendo cada vez mais rasgado, e ao qual o PT tem uma trajetória de ter contribuído para enfraquecer com esses acenos à unidade entre política e religião.

Com isso Benedita mostra que sua política leva a se apoiar em organizações como as Igrejas, que estão no Congresso brasileiro e são parte dos ataques à classe trabalhadora, das mulheres, negros e negras e LGBT´, e que atuam para costurar o consenso sobre o qual a hegemonia capitalista é exercida, mais uma expressão da falência estratégica. Algo que sequer surpreende, mas que nem por isso é menos grave, como se expressou na escandalosa votação de Benedita no Congresso a favor do perdão de R$ 1 bilhão às igrejas.

E se por um lado o PT está dando peso pra ter política pra Igreja com o discurso de que é aonde a sociedade busca se organizar, por outro lado, aonde dirigem importantes sindicatos e dirigem a principal central de sindical do país, nada fazem pra organizar os trabalhadores com um plano de luta pra enfrentar as reformas, demissões e todos os ataques de Bolsonaro, Mourão, Guedes e todas as instituições do regime golpistas como o STF e Congresso.

PT está se preparando pra seguir administrando o capitalismo no regime do golpe

A política do PT e todas as suas candidaturas, como de Benedita, é de demonstração que fará de tudo pra governar no regime degradado, fruto do golpe institucional, se utilizando inclusive o vale tudo eleitoral coligando com a extrema direita, militares e partidos burgueses, como estão se aliando com o PSL, em mais de 140 municípios. Recentemente o presidente da ALERJ, André Ceciliano, deputado estadual do PT, gravou vídeo pedindo votos para o candidato do PSL, Bruno Vianna, em Campos dos Goytacazes. Como em Belford Roxo e outras cidades do estado do RJ estão apoiando candidatos bolsonaristas. É mais uma demonstração do vale tudo eleitoral do PT, que diz querer combater a extrema direita nas urnas enquanto se alia a ela.

Por isso a estratégia de mal menor ou voto útil em Benedita da Silva não pode ser a alternativa pra enfrentar a extrema direita, Bolsonaro e os golpistas no Rio de Janeiro. Nos estados em que governa, a política de continuidade de administração do capitalismo, se expressa na aprovação reforma da previdência estadual no Rio Grande do Norte, ou na política da repressão de estado como no estado da Bahia, que sob o governo de Ruy Costa (PT-BA) é o segundo estado que mais mata em operações policiais, ficando atrás do Rio de Janeiro.

Uma verdadeira saída possível para os cariocas diante da precarização, miséria e violência do Estado que os governos municipal e estadual levaram adiante, só pode vir da organização da classe trabalhadora e através de uma política anticapitalista, que nenhuma das candidaturas de esquerda, inclusive a do PSOL, estão levando adiante no Rio de Janeiro. Pelo contrário a estratégia de conciliação de classes do PT já demonstrou que só tem a aprofundar a miséria do povo trabalhador carioca. Uma verdadeira oposição e saída ao Bolsonaro e a regime golpista e autoritário só pode ser construída se enfrentando com todos os atores do regime, o centrão, os militares e o STF.

 
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