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Eleições 2020
O pior da extrema direita nas eleições no Entorno do DF
Rosa Linh
Estudante de Relações Internacionais na UnB
Comitê Esquerda Diário DF/GO

As eleições municipais no Entorno do Distrito Federal já estão com campanhas à todo vapor. A região enfrenta problemas estruturais gravíssimos, tais como o desemprego e a precariedade extrema da saúde pública em tempos de COVID-19. Mostramos aqui algumas das candidaturas mais reacionárias do Entorno do DF para não votar de jeito nenhum.

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As eleições municipais no Entorno do Distrito Federal já estão com campanhas à todo vapor. A região enfrenta problemas estruturais gravíssimos, tais como o desemprego e a precariedade extrema da saúde pública em tempos de COVID-19. A situação é preocupante, mas a tendência dos candidatos é desviar tudo para as eleições. A demagogia típica da extrema-direita tenta falar em nome dos trabalhadores mais precários, mas na verdade é consonante com os interesses de Bolsonaro e desse regime, que faz resgates bilionários para a burguesia e descarrega a crise nas costas da classe trabalhadora e do povo pobre.

Um panorama geral da crise no entorno confirma essa hipótese: segundo matéria do Correio Braziliense, Valparaíso do Goiás tem renda per capita de cerca de R$ 800, enquanto Águas Lindas de Goiás apenas R$600 - situação que se agrava ainda mais na pandemia, com a diminuição do auxílio emergencial, condenando as famílias trabalhadoras ao desemprego e à fome. Segundo estudo da Codeplan, dentre os 12 municípios mais populosos do entorno (1,2 milhão de pessoas ao todo), mais de 24% da população disse ter procurado o serviço público de saúde no DF devido a pandemia da COVID-19; no Novo Gama isso é ainda mais intenso, com 70% da população dependente do serviço de saúde do DF, sendo que há leitos de UTI apenas em Luziânia e Águas Lindas de Goiás em hospitais de campanha - demonstrando a precariedade absurda da saúde pública nessas cidades.

Cerca de 110 mil pessoas viajam do entorno para o DF todos os dias por conta do trabalho, tendo de enfrentar passagens hipercaras que chegam até R$7,20 em uma só viagem. O saneamento básico atende menos de 30% da população de Valparaíso, enquanto em Águas Lindas e Luziânia não chega a 20%. Em 2017, Novo Gama e Luziânia foram apontados como alguns dos municípios mais violentos do país.

É nesse contexto que se apresentam as candidaturas no entorno.

O regime do golpe institucional está profundamente degradado. O STF de Toffoli está de abraços com Bolsonaro; Maia e Alcolumbre no Congresso juntos com Guedes para passar a reforma administrativa; e Bolsonaro ainda diz que ano que vem não terá mais auxílio emergencial, mesmo com o aprofundamento crise econômica, com o preço do quilo de arroz a quase 10 reais, desemprego recorde e fome.

Por isso, abaixo segue um panorama geral de algumas cidades do Entorno.

Valparaíso do Goiás

Segundo pesquisa, os favoritos são Lêda Borges, ex-prefeita do município, deputada estadual pelo PSDB, e Pábio Mossoró do MDB, o atual prefeito. Trata-se, no caso, de uma disputa entre dois candidatos que atendem aos interesses do agronegócio - seja Marconi Perillo, seja Ronaldo Caiado. Ambos já passaram pela prefeitura e os grandes problemas da cidade continuam graves e piores agora na pandemia e com a crise econômica. E também é bom lembrar que Pábio foi eleito pelo PSDB e, agora, foi para o MDB, se alinhando com Caiado - mas a própria Lêda apoia um candidato alinhado com Caiado no Novo Gama - mostrando que, na verdade, sendo PSDB ou MDB, ambos são a face da mesma moeda, apenas representando diferentes fatias de interesse da burguesia do centro-oeste.

Ambos confluem perfeitamente com a extrema-direita: só lembrar que a vice de Lêda é do Republicanos e Pábio seguiu a onda bolsonarista e abriu o comércio já em Abril - apesar de não garantir nem emprego, nem renda para o povo pobre, apenas publicando um decreto obrigando as pessoas a usarem máscaras nas ruas. Os candidatos ultrareacionários Valmir Ferreira (Patriota) e Sirley Azevedo (PSL) não terão nenhum problema em apoiar ou Pábio ou Lêda, pois no final são todos representantes da burguesia, mais interessados em descarregar a crise nas costas dos trabalhadores, sobretudo os mais precários. No final das contas, boa parte dos trabalhadores de aplicativos que moram no Entorno passaram a maior parte da pandemia tendo que pedalar mais de 50 quilômetros até Brasília, mesmo no auge da seca. Nesse sentido, nem Pábio, nem Lêda são alternativas para o povo pobre.

Para além deles, temos um punhado de candidatos do centrão que ninguém sabe o que defendem Elvis Santos (Solidariedade), Amaury Santana (PTB), Marcelo Sorriso (PSD). Todos são da base governista.

Novo Gama

Sônia Chaves, atual prefeita do PSDB, está concorrendo à reeleição. Ela já foi condenada a devolver quase 5 milhões de reais por sonegação previdenciária - enquanto a juventude trabalhadora tem que trabalhar até morrer.

Novo Gama é uma “cidade dormitório”, isto é, a maioria dos trabalhadores dorme em Novo Gama e trabalha no DF - essa situação perdurou em toda gestão de Sônia, sendo agravado pela crise econômica e a pandemia, reduzindo os empregos e aumentando a fome. A saúde pública continua precária e os habitantes têm que recorrer à hospitais no DF. A classe trabalhadora não deve esperar nada dela a não ser continuar um legado de desserviço para a maioria da população.

Carlinhos do Mangão pelo centrão do PL, apoiado por Caiado e por Lêda Borges, é o candidato mais cotado para a disputa contra Sônia. Ele também recebeuapoio de pessoas influentes do governo Ibaneis - demonstrando que Ibaneis e Caiado, MDB, PSDB e DEM, seja nas eleições ou para destruir os direitos da classe trabalhadora, estão todos de mãos dadas - representando diferentes fatias da burguesia. Trata-se de uma falsa oposição à Sônia.

Já na podridão da extrema-direita, temos Christovam Machado, do PRTB - o vereador que recebeu suborno para deixar um preso com três passagens por homicídio fugir quando era agente prisional. A advogada Dra. Jattya Oliveira, do PSL, mostrando toda a pompa de dondoca da extrema-direita (que se auto-proclama “doutora”) retirou sua candidatura para apoiar Christovam. Já no centrão, temos Pixixito do PTB; Francisco Sula de Araújo, do PMN; José Santos, do Podemos; Japão (Júlio César de Sousa Dias), da DC e Sílvio Vidal, do Cidadania - sendo que não se sabe dizer ao certo, em nenhum desses partidos, qual ideologia os candidatos defendem, a não ser que todos são de base governista e vivem de fundo partidário.

Cidade Ocidental

Já na Cidade Ocidental, temos 4 candidatos. O atual prefeito Fábio Corrêa do PP, ex PRTB de Mourão, compõe uma frente ampla com o fundamentalismo evangélico do PSC e DC, com o pior do agronegócio do DEM e PSDB, o centrão do Podemos e a extrema-direita do Republicanos. De forma vergonhosa, o PCdoB também apoia sua candidatura, na qual se encontram dois dos ex-partidos de Bolsonaro.

O candidato Antônio de Lima, orientado por Caiado, decidiu apoiar Fábio em sua reeleição, demonstrando que o projeto do atual prefeito nada mais do que ele próprio já entregou para o município: falta de emprego e fome para a classe trabalhadora, enquanto milhares morrem pela COVID sem direito a UTIs em seu próprio município.

Já o outro candidato na disputa é Alex Batista do MDB, bancado pelo deputado federal Célio Silveira, que votou favoravelmente à reforma da previdência. Em outras palavras, nada de diferente podemos esperar de alguém apoiado por Caiado e de outro que é bancado por quem vota a favor de uma reforma que obriga a juventude a trabalhar até morrer. São o mais do mesmo do regime golpista.

Por outro lado, a “terceira opção” é Rodolfo Valente do PSD, partido de base governista do centrão. Nada muda de relevante entre Alex Batista, Fábio Correa e Rodolfo Valente - todos são da base governista e seus partidos permutam entre si nas coligações do entorno. No fim, são todos faces da mesma moeda, políticos burgueses do regime do golpe institucional.

Formosa

Dentre os candidatos em Formosa, temos um sargento de um partido fisiológico do centrão (Bueno Hernany - Solidariedade) e um capitão de extrema-direita apoiado diretamente pelo golpista Mourão e o homofóbico Levy Fidelix (Cícero Jacinto - PRTB) - o que demonstra cada vez mais a sanha do militarismo, utilizando-se sempre de muito demagogia, de ocupar cada vez mais o Estado, seja por meios legais ou ilegais.

O centrão não ficou de fora e está com 5 candidatos na cidade: Heli Dourados (MDB), Paulinho Araujo (PP), Wener Patrick (AVANTE), fora o sargento Bueno.

Temos também o atual prefeito, Gustavo Marques do Podemos. Ele lidera segundo pesquisa, mas não pode oferecer nada de novo para a cidade, já que está coligado com o pior do golpismo de direita do DEM, PATRIOTA, PTB, PROS, PSC e DC. Trata-se de um candidato que pretende governar para o latifúndio e sempre aplicando os ataques contra os trabalhadores da região.

Luziânia

Em Luziânia, Diego Sorgatto está concorrendo pelo DEM, deputado estadual de Goiás e mais um fiel aliado de Caiado. Já foi filiado ao PSD, REDE, PSB, PSDB, mostrando que coerência política não é com ele, sempre apostando no oportunismo eleitoreiro e promessas vazias. O mesmo fez comício com Caiado desrespeitando liminar da justiça. Já foi presidente da Câmara Legislativa da cidade. Diego teve R$ 411,5 mil em doações, sendo que quase a totalidade delas, 92,4%, vieram do tio Renato Romeu Sorgatto, um dos maiores produtores de tomate do Brasil.

Segundo pesquisas, sua principal concorrente é a Professora Edna, atual prefeita, do Podemos, que assumiu após o prefeito Cristóvão Tormin, seu aliado político, ter sido afastado pela justiça. Edna está mais interessada em continuar administrando uma cidade sem leitos de UTI, violenta e pobre - continuando o legado de seu aliado político e mais uma que usurpa do título de professora para descarregar a crise nas costas da classe trabalhadora.

Tanto Diego como Edna não terão problemas em receber o apoio dos também candidatos do centrão político governista Duda Lemos (PROS) - mas que ainda não foi confirmado para a corrida eleitoral porque não entregou as documentações necessárias - e o deputado estadual Wilde Cambão (PSD), mas também de Alex Meireles (PATRIOTA), partido de Cabo Daciolo, afinal Diego tem em sua coligação o Republicanos também de extrema-direita; assim como Edna tem em sua coligação o PSL.

Águas Lindas de Goiás

Em Águas Lindas de Goiás, estão concorrendo um subtenente (Subtenente Castro - PRTB) apoiado diretamente pelo ultrareacionário e adorador da ditadura Hamilton Mourão e um tenente (Rajão - Patriota) do partido de Cabo Daciolo e Arthur do Val “Mamãe Falei”, mas que por hora foi indeferida. Isso apenas demonstra mais uma vez uma situação de militarização da política pregada pela extrema-direita.

Para além deles, também está concorrendo o pastor Hamilton Borges do PSL - único com candidatura deferida pelo judiciário até pouco tempo atrás - o que apenas demonstra como a justiça brasileira está de mãos dadas com o que há de mais podre na extrema-direita, com o bolsonarismo e o fundamentalismo evangélico, não merecendo nenhuma confiança.

Nessas eleições, precisamos de uma esquerda que enfrente o regime do golpe ao invés de administrá-lo, para que sejam os capitalistas paguem pela crise

As eleições no Entorno no DF demonstram que, mais do que nunca, para derrotar tanto reacionarismo da direita, quanto o fisiologismo do “centrão” é preciso uma esquerda com um programa anticapitalista que organize a classe trabalhadora para além das eleições.

Combatendo todo esse regime golpista que só serve para preservar os lucros dos capitalistas, por exemplo, com a recente reforma administrativa que implica em demissões, cortes de direito, privatizações, dando sequência aos ataques das reformas trabalhista e da previdência, isso tudo selando o pacto de Bolsonaro com o STF e o Congresso de Maia e Alcolumbre. Portanto, é fundamental construir uma esquerda com independência de classe, um partido revolucionário que não concilie com a burguesia, organize a classe trabalhadora e os oprimidos para enfrentar o regime de conjunto contra o latifúndio, a LGBTfobia, o racismo, a fome, o desemprego e a precarização do trabalho.

As eleições precisam ser, nessa medida, um palanque para fortalecer a organização da nossa classe para as batalhas na luta de classes - sem ilusões de que é possível administrar esse regime profundamente corrompido.

Um exemplo de como fazer isso é o que o Movimento Revolucionário de Trabalhadores está construindo em São Paulo com as sua candidaturas à vereança através de filiação democrática pelo PSOL (demonstrando a clareza do quanto o sistema eleitoral do país é excludente), a Bancada Revolucionária de Trabalhadores com Diana Assunção, Letícia Parks e Marcello Pablito, em Contagem/MG com a Professora Flávia Valle e em Porto Alegre/RS com Valéria Müller.

Nós do Esquerda Diário, aqui representados como Comitê Esquerda Diário DF/GO, convidamos à todes que compartilham de nossas ideias e não querem uma alternativa de esquerda "em geral", sem um programa muito claro, a se somar aos nossos debates e à nossas ideias. Para entrar em contato com o Esquerda Diário Centro-Oeste escreva para: [email protected]

Contra Bolsonaro, Mourão e todos os golpistas! Que os capitalistas paguem pela crise!

 
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