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PSOL
"Aborto? Sou contra" diz Raul Marcelo, candidato do PSOL à prefeitura de Sorocaba
Livia Tonelli
Professora da rede estadual em Campinas (SP)
Flávia Telles

Fazendo coro com a direita, Raul Marcelo, candidato a prefeito pelo PSOL no município de Sorocaba (SP), afirmou categoricamente em vídeo publicado em suas redes sociais que é contrário ao direito ao aborto, uma das reivindicações parte da luta histórica e internacional das mulheres. Essa escandalosa afirmação, que se dá em meio ao governo reacionário, machista e misógino de Bolsonaro e Damares, traz à tona o necessário debate sobre quais são tarefas da esquerda diante dessas eleições e na luta pelos direitos das mulheres.

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O caso emblemático da interrupção da gravidez da menina de 10 anos, vítima de estupros por familiares, e toda cruzada reacionária de Damares, Sara Winter e setores da extrema-direita na tentativa de impedir o aborto, até mesmo nos casos que é assegurado por lei, escancarou o ódio desse governo pelas mulheres e colocou no centro dos debates o direito das mulheres ao seu próprio corpo.

Segundo dados do Ministério da Saúde, todo os anos ocorrem no país 1 milhão de abortos induzidos. Desse total, 250 mil mulheres acabam hospitalizadas devido a procedimentos inseguros durante a interrupção voluntária da gravidez. Na sua grande maioria são mulheres negras e pobres, pois são as mulheres que não podem pagar por procedimentos em clínicas de alto custo que dentro da ilegalidade são as mais “seguras”. As estatísticas revelam que o aborto clandestino é a quarta causa de morte materna em nosso país e é realizado, em sua maior parte, por mulheres que já tiveram filhos (67%) e declaradamente ligadas a uma religião (56% católicas e 25% evangélicas).

Dados que revelam uma dura realidade na vida das mulheres, mas que não só não foram capazes de convencer o candidato do PSOL em Sorocaba, Raul Marcelo, a colocar esse direito elementar como parte do seu programa, como também se declarou abertamente contra esse direito. Respondendo ao que chama de “fake news do Bolsonaro”, Raul Marcelo, que é parte do grupo Primeiro de Maio do PSOL, diz: “Aborto? Sou contra”, e ainda que esse não é um tema para a esfera municipal, jogando essa responsabilidade para Congresso e o STF, poderes que se unificam e que estão pactuados com Bolsonaro, Damares e os militares quando o assunto é retirar esse direito fundamental das mulheres, além serem parte de impor todos os ataques econômicos aos trabalhadores.

Em meio a ofensiva de Bolsonaro e Damares, que têm as mulheres como inimigas - fato explícito em suas declarações e políticas abertamente machistas e misóginas além dos próprios ataques anti-operários, e de candidatos que se colocam para garantir que as mulheres sigam morrendo por abortos clandestinos, como são os próprios candidatos da direita em Sorocaba, Maria Lúcia do PSDB, Rodrigo Manga do Republicanos e Jaqueline Coutinho do PSL. É escandaloso e inadmissível que a esquerda ao invés de fortalecer essa luta das mulheres, faça coro com posições reacionárias com esse governo para ser parte do vale-tudo eleitoral.

Na busca por eleitores conservadores, Raul faz campanha se dizendo um candidato casado, pai, católico, contra o direito ao aborto e a legalização da maconha, a favor de fortalecer o policiamento e medidas de controle e repressão e com um programa econômico de “incentivos fiscais” aos empresários, que difere pouco de candidatos liberais. Um currículo que poderia ser usado por qualquer candidato da direita, mas que é do PSOL em Sorocaba, aprofundando o oportunismo eleitoral do Primeiro de Maio, que nem mesmo declara que vivemos um golpe no país com a entrada de Temer no poder, e rifando direitos dos trabalhadores e dos setores oprimidos, como das mulheres.

Raul mostra assim que é parte de uma esquerda que está repetindo os mesmos erros que o PT, partido que governou por mais de uma década o país e que em nome das alianças com os partidos burgueses e com as igrejas, rifou o direito das mulheres ao aborto e acabou por abrir espaço aos setores que depois deram um golpe institucional, fortaleceram Bolsonaro como alternativa e nos fez chegar até aqui, um governo de extrema direita e sob ataques profundos a classe trabalhadora, negros, mulheres e LGBTs.

Não é rifando direitos e tranquilizando setores conservadores que é possível combater a extrema direita e os golpistas, a própria eleição de Sorocaba que têm setores da extrema direita e direita à frente está mostrando isso. Por isso, uma esquerda que realmente quer enfrentar a situação de precarização do trabalho e da vida que é jogado aos trabalhadores, e quer defender os direitos das mulheres, tem que se colocar para enfrentar decisivamente Bolsonaro, Mourão e os militares, bem como as instituições do golpe, como Congresso e STF e poderia usar esse momento das eleições para fortelecer a organização dos trabalhadores e setores oprimidos e não para fazer coro com setores da direita contra nossos direitos.

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Para isso, é preciso se apoiar na força dos trabalhadores, que internacionalmente mostram uma enorme energia contra a extrema direita, como no caso chileno, e das mulheres, que fizeram uma verdadeira maré verde na Argentina pelo direito ao aborto, fazendo reverberar em todo o mundo essa luta em defesa da vida de milhares de mulheres. Só assim é possível enfrentar o Estado e os governos que criminalizam o aborto, garantem a ganância capitalista com a exploração da força de trabalhado, explorando ainda mais as mulheres, que vê o corpo da mulher como objeto sexual e para a reprodução, e que é o mesmo que nega o direito pleno à maternidade.

Defendendo incansavelmente o direito ao aborto legal, seguro e gratuito, junto a contraceptivos para prevenção, educação sexual nas escolas para poder decidir e a separação da Igreja e do Estado; além da luta por Fora Bolsonaro, Mourão e os golpistas e pela revogação de todas as reformas e ataques de conjunto disparados contra os trabalhadores, como a reforma administrativa e a privatização do SUS, nós do Pão e Rosas e do MRT estamos impulsionando candidaturas nessas eleições, com Diana Assunção e Bancada Revolucionária em São Paulo, Flávia Valle em Contagem e Val Muller em Porto Alegre, que ao contrário do vale tudo eleitoral, sabem que para enfrentar a extrema direita precisamos organizar uma luta extraparlamentar para que sejam os capitalistas que paguem pela crise e que colocam suas candidaturas a esse serviço.

 
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