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PREÇO DOS ALIMENTOS
"Vai comprar na Venezuela" desdenha Bolsonaro após crítica pelo alto preço do arroz
Redação

Em visita à Feira Permanente do Cruzeiro, neste domingo (25), em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro cumprimentava apoiadores durante passeio de moto com os ministros Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, e Walter Braga Netto, da Casa Civil, em vídeo divulgado pela Folha de S.Paulo quando é surpreendido pela crítica de um homem sobre a alta do preço dos alimentos: "Bolsonaro, baixa o preço do arroz, por favor. Não aguento mais." Visivelmente irritado, o presidente manda o homem "comprar na Venezuela".

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É explícito o cinismo de Bolsonaro junto a de todo seu governo, que teve Paulo Guedes dizendo que o aumento seria o resultado da melhoria da vida dos pobres, citando entre outros elementos o pagamento do insuficiente auxílio emergencial, agora reduzido pela metade, o mesmo argumento utilizado pelo Vice presidente, Hamilton Mourão, além de apoiadores como João Sanzovo Neto, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), dizendo que os "brasileiros deviam trocar o arroz por macarrão".

Mas a verdade é que o aumento do preço dos alimentos está ligado ao dólar alto, que traz maiores ganhos à exportação de grãos beneficiando os barões do agronegócio, o desmantelamento dos estoques públicos de regulação de alimentos, como a CONAB, e uma política de incentivo à expansão latifundiária sem precedentes, que inclusive estimula ainda mais o desmatamento.

Não à toa, enquanto casos graves de subnutrição que eram mais comuns em algumas regiões do país durante os anos de 1980, como legado da ditadura voltam a se fazer presentes,por exemplo no Acre como relatamos aqui, e pesquisa publicada pelo IBGE mostrando quemais de 10 milhões de brasileiros passavam fome já em 2018, aliado à alta do preço do arroz que chega a custar até mesmo 40 reais em alguns mercados, com um aumento de cerca de 19,3% em 2020, grandes empresas do ramo como a Camil maior beneficiadora da produção de arroz e feijão no Brasil, vêem suas ações subirem 49,66% neste ano, com lucro no primeiro trimestre de 109 milhões de reais. Outra grande beneficiada da atual conjuntura de miséria e ataque aos trabalhadores é a Josapar, dona da marca Tio João, cujas ações se valorizaram mais de 20% no mesmo período.

Enquanto a fome e o desemprego crescem no país, com o corte do auxílio emergencial para absurdos 300 reais, o agronegócio acumula grandes lucros, Bolsonaro segue governando para os capitalistas por um lado e o imperialismo de outro, mesmo que às custas da fome dos trabalhadores e setores oprimidos da população. Se escorando nas declarações de Guedes e Mourão de que a culpa pelo aumento dos preços não seria da sanha do lucro e da desigualdade capitalistas, mas sim dos próprios trabalhadores que estaria comprando mais alimentos com o dinheiro do parco auxílio.

Priorizando a exportação através do agronegócio e da bancada ruralista, em que se torna mais vantajoso para esse setor exportar grãos como soja e arroz, ambos commodities internacionais por causa do aumento do dólar, fica claro o cinismo do presidente ao dizer que o homem que o aborda no vídeo deveria comprar arroz na Venezuela.

Por isso os trabalhadores devem se opor a estas medidas que aumentam os lucros dos capitalistas às custas de seu padecimento e miséria crescentes, se colocando também contra o agronegócio que leva não somente ao aumento da fome como ao desmatamento e a destruição da fauna e da flora, batalhando pelo congelamento dos alimentos nos valores anteriores à pandemia, garantindo condições básicas de subsistência para a população.

 
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