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CORREIOS
Não aceitemos a privatização dos Correios, chega de beneficiar os grandes empresários
Marcello Pablito
Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

Governo Bolsonaro encaminha a toque de caixa projeto de privatização dos Correios, um ataque de imensas proporções a uma das maiores empresas estatais do país. Não podemos permitir mais um serviço público virando lucro nas mãos dos capitalistas!

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O secretário de desestatização – um ridículo eufemismo para as privatizações – do governo de Bolsonaro afirmou essa semana que está pronto o projeto de privatização dos Correios, que deve ser enviado na terça, 13, para Fábio Faria, ministro das comunicações. À revista Exame, disse: “o processo está correndo com a celeridade que precisa”.

A “celeridade que precisa” expressa a urgência de Bolsonaro de vender todo o patrimônio público do país para que possa se tornar mais um nicho de acumulação na mão de um punhado de capitalistas parasitas, que irão lucrar milhões se tiverem em suas mãos os Correios.

O projeto cinicamente determina a “quebra do monopólio estatal” sobre os serviços postais. Somado à precarização que há muitos anos está em marcha, se abre o terreno para a entrada agressiva dos capitalistas nesse nicho, que será acompanhada, é claro, de muitos novos ataques contra os trabalhadores dos Correios e a população que depende dele.

Os Correios hoje contam com 95 mil funcionários, e chegam a cada rincão do Brasil, lugares que ficarão completamente abandonados se dependerem da iniciativa privada, que só atenderá as localidades onde possa garantir seu lucro. Basta vermos o completo desastre que são serviços de telefonia privada que podemos ter um vislumbre da destruição que significará a privatização dos Correios.

Para pensar um modelo de privatização bem ao gosto dos capitalistas, o governo contratou um punhado de empresas privadas de consultoria empresarial e jurídica para estabelecer os moldes do projeto: Accenture do Brasil Ltda e Machado, Meyer, Sendacz, Opice e Falcão Advogados estão sendo generosamente remunerados pelo BNDES para planejar a privatização. Estudam-se modelos de privatização como a vende participação na empresa estatal ou a realização de contratos de concessão, como ocorrem com os aeroportos e rodovias (e os preços de pedágios, por exemplo, podem nos ilustrar bem o que será do preço dos serviços postais caso esse projeto vigore).

Os trabalhadores dos correios há muitos anos protagonizam importantes greves de resistência contra os ataques, contra um desmonte dos Correios que está em curso desde os governos petistas. Tal como o Estado capitalista em geral, uma estatal com a importância econômica dos Correios se torna um balcão de negócios onde os políticos patronais fazem a mediação e a gerência dos negócios de empresários. A corrupção é o óleo que azeita normalmente o funcionamento dessa engrenagem.

Cinicamente, os escândalos de corrupção protagonizados pelos próprios capitalistas e seus servis políticos, são apresentados como pretexto para a privatização; nas empresas privadas, dizem esses canalhas, não há corrupção. Ora, o que vemos é que a corrupção é justamente mais um dos mecanismos ordinários da política burguesa, uma forma a mais com a qual os capitalistas garantem que os políticos alocados por eles nos cargos de administração do Estado vão garantir os seus interesses. Se os super salários dos políticos e juízes são a base desse “contrato”, os esquemas de corrupção podem ser considerados um “bônus por produtividade” dado pelos capitalistas para premiar um bom desempenho. Ou uma “antecipação”, como nos casos de caixa 2 que se tornaram tão conhecidos nos últimos anos – mas que todos sabemos que são o arroz com feijão da política burguesa.

A privatização torna mais profundo e mais orgânico o roubo do patrimônio estatal. Coloca escancaradamente que os serviços públicos deixam de ser um direito do povo para serem abertamente superfaturados, gerando a fatia do leão chamada lucro, que vai para o bolso dos capitalistas milionários. Por isso pagamos tarifas altíssimas em nossos transportes, em nossas contas, nos serviços de telefonia, etc.

Só há uma forma para de fato erradicar tanto a corrupção, quanto fazer com que os serviços estejam planejados de acordo com as necessidades do povo e sejam baratos e acessíveis para todos: temos que barrar a privatização das estatais, reverter as que já foram feitas, e estatizar todas as empresas de serviços essenciais sob o controle direto dos trabalhadores. A corrupção acontece nos escritórios fechados de políticos e empresários. Com as contas e a administração de todas essas estatais abertas, sendo geridas pelos próprios trabalhadores, seremos nós mesmos, os maiores interessados em tarifas baixas e serviços de qualidade, a gerir e fiscalizar o funcionamento. Nada poderia ser uma garantia melhor contra a corrupção e a ineficiência.

Por isto nos somamos à luta dos trabalhadores dos Correios contra a privatização, e levantamos a necessidade de uma luta dos de baixo por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, onde elegeríamos representantes mandatados com a autoridade para desfazer cada privatização canalha que os sucessivos governos fizeram, como Dilma e Lula fizeram com aeroportos e rodovias, como FHC fez com a Vale do Rio Doce, levando aos monstruosos desastres ambientais de Mariana e Brumadinho, como a da Petrobras que vem sendo aprofundada a cada governo.

Não é à toa que a importantíssima greve dos trabalhadores dos Correios que ocorreu este ano, que por mais de um mês se colocou em guerra contra os planos de desmonte de Bolsonaro. AS principais centrais como a CUT e CTB não colocaram todas as suas forças para nacionalizar a batalha. Ao contrário, no caso da CTB, boicotou abertamente a greve, inclusive o ato histórico que os trabalhadores fizeram em Brasília.

O que vimos foi que o judiciário se mostrou mais um pilar fundamental para os ataques dos patrões, com uma audiência do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que manteve nada menos do que 50 pontos de ataque contra o acordo coletivo dos trabalhadores com a empresa. Isto foi decisivo para derrotar a greve e abrir caminho para a privatização, com cinco empresas – todas com denúncias de super exploração e condições hiper precárias de trabalho – manifestando interesse em abocanhar uma fatia dos Correios: Amazon, a DHL, FedEx e a Magazine Luiza.

 
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