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TRAGÉDIA MARIANA
Vale distribui água com querosene em Governador Valadares
Pedro Rebucci de Melo

Segundo a mineradora Vale, vagões contaminados foram usados para transportar água; especialistas afirmam que rio atingido já está oficialmente morto.

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A prefeitura de Governador Valadares (MG) afirmou que o primeiro carregamento de água trazida nessa sexta, 13, está com alto teor de querosene que não poderá ser consumida pela população. A cidade está sem fornecimento de água desde que uma barragem da mineradora Samarco se rompeu e toneladas de dejetos atingiram o rio Doce, principal fonte de água não só da cidade como da região.

Segundo a prefeitura, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) fez uma análise da água transportada e constatou alto teor de querosene e toda água terá que ser descartada. O responsável pelas Relações Institucionais da Vale, Henrique Lobo, admitiu que os quatro primeiros vagões foram enviados por "equívoco" e que novos quatro vagões chegariam na noite desta sexta-feira.

Também na sexta o SAAE de Baixo Guandu realizou uma análise das águas do rio Doce na altura de Governador Valadares e constatou a presença de partículas de metais pesados como chumbo, alumínio, ferro, bário, cobre, boro e até mesmo mercúrio. O diretor responsável do SAAE, Luciano Magalhães, foi categórico e afirmou que a água do rio Doce “Não serve mais para nada, nem para irrigação e nem para os animais, muito menos para consumo humano. O cenário é o pior possível. O Rio Doce acabou. Parece que jogaram a tabela periódica inteira. Nossa medida agora é buscar alternativas para captação de água. Já estamos fazendo um canal de desvio do Rio Guandu até a estação elevatória do SAAE”.

Enquanto isso a população de Governador Valadares sofre com corte no fornecimento de água da cidade, dependente da captação no rio Doce. Desde segunda (9) sem água, centenas de pessoas encaravam cerca de três horas de fila para conseguir quatro garrafas de água mineral distribuídas pelo Exército. A prefeitura apresentou um plano de contingência para a situação que deixará a cidade pelo menos um mês sem abastecimento regular de água e depende do auxílio da Vale e da Samarco, as duas reponsáveis pela catástrofe.

Sobe para sete o número de mortos na tragédia

Marcos Aurélio Moura, de 31 anos, foi a sétima vítima a ser identificada após o desabamento das barragens. Trabalhador da Proquímica, uma terceirizada da Samarco, foi encontrado na região de Bento Rodrigues e foi identificado por familiares. Dois corpos ainda aguardam reconhecimento e existem 18 desaparecidos, sendo 9 trabalhadores da Samarco e terceirizadas e 9 moradores do distrito.

Também nessa sexta a justiça de Minas Gerais bloqueou R$300 milhões na conta da Samarco. Aceitando liminar apresentada pelo Ministério Público, a justiça determinou que essa quantia seja utilizada exclusivamente para reparar o estrago causado as famílias da cidade de Mariana, local do rompimento das barragens. A ação, segundo o tribunal, argumenta que cerca de 180 edifícios foram destruídos em Bento Rodrigues, o distrito mais afetado, além de automóveis, plantações e ruas.

É necessário que os trabalhadores de todo o país cerquem de solidariedade essas cidades que foram vítimas da ganância de grandes corporações como Vale e a anglo-australiana BHP Billinton. A população de Governador Valadares que sofrendo uma verdadeira calamidade pública com a falta d´água tem a necessidade de toda solidariedade com uma grande campanha de arrecadação de água, que seja organizada de forma independente, pelos trabalhadores, moradores e associações de base.

Além da arrecadação de água e mantimentos para os desabrigados da região de Mariana (MG), é necessário demonstrar solidariedade ativa, como os estudantes que ocuparam a sede da Samarco em Belo Horizonte. É através da mobilização e da organização dos trabalhadores junto ao população que poderemos ter punição aos culpados por essa verdadeira irresponsabilidade em nome dos lucros.

 
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