www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
Literatura
A Machado de Assis
Pedro Pequini

"(...) eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor (...)"

Ver online

(Stephanie S Oliveira)

Gênio; negro; a frente do seu tempo; epilético; fundador da Academia Brasileira de Letras; para muitos, o maior escritor brasileiro, talvez do mundo, Machado de Assis, sem dúvidas, marcou profundamente a história da literatura mundial com suas palavras precisas e irônicas.

Hoje, no dia 29 de Setembro de 2020, completam-se 112 anos da sua morte. Ironicamente, sua análise profunda e sensível das contradições sociais o tornam mais atual do que nunca.

A exemplo disso, vemos no romance Esaú e Jacó uma crítica contundente à transformação superficial do regime político imperial para o republicano. Custódio troca a antiga tabuleta "Confeitaria do Império" para a nova "Confeitaria da República". Machado de Assis, assim, reduz a proclamação da República a uma simples troca de tabuletas, mudança só de nomes. República e Império se equivalem como rótulos de fachada.

Hoje lemos Dom Casmurro e, diferente da interpretação da época em que foi escrito na qual o personagem Bentinho era tido como exemplo de cidadão e homem, percebemos as críticas ao ciúmes doentio fruto de uma estrutura patriarcal podre e miserável. Ou então, o não tão sutil questionamento à eugenia, tendência forte do século XIX, na construção da personagem Eugênia em Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Numa tentativa de domesticar suas fortes ideias e a sua figura, a classe dominante o branquificou e buscou fazer leituras tortas das suas obras, propositalmente ignorando as ironias machadianas. Todavia, há intelectuais que são grandes demais para caber nas sufocantes caixas da burguesia. Machado é uma dessas pessoas.

Em nome de todos os beletristas que se apaixonaram pala literatura através dos seus livros ou sentem suas mentes explodirem a cada releitura, muito obrigado ao nosso eterno "defunto autor".

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui