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ALTA DO ARROZ
Arroz: governo mantém estoques baixos para garantir especulação do agronegócio
Simón J. Neves

Enquanto nos mercados o preços do arroz segue altíssimo, a política do governo federal tem sido a de garantir preços mínimos para os produtores, e não de manter estoques reguladores de preços.

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(Foto: Reprodução/TV TEM)

Perante esse aumento, o presidente Jair Bolsonaro tem culpado o auxílio-emergencial, que teria aumentado o consumo de arroz e, portanto, pressionado a demanda, fazendo com o que os preços se elevassem. Se, por um lado, o consumo de arroz realmente cresceu, por outro a produção também aumentou em 6,7% em relação ao ano passado.

O que Bolsonaro não diz, no entanto, é que, por causa do aumento do dólar, os produtores preferiram exportar sua produção. Isso fez com que as vendas de arroz para o exterior crescessem 269% no acumulado entre janeiro e agosto, na comparação com o mesmo período do ano passado, como Letícia Parks denunciou.

A única resposta do governo foi criar uma cota de importação sem taxa, visto que para este governo liberal e submisso ao agronegócio a própria sugestão de congelar preços é absurda. No entanto, com o dólar custando mais de 5 reais, o preço do arroz importado dificilmente será muito mais barato do que o que já está nos mercados.

Política de estocagem

Um ponto importante para entender a variação dos preços de produtos básicos é a política de estocagem que o governo brasileiro põe em prática através da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Deveria ser uma política de estado possuir estoques de alimentos tanto para regular preços, evitando aumentos bruscos, quanto para evitar o desabastecimento.

No entanto, a intervenção que é feita pela Conab é para garantir preços mínimos aos produtos agrícolas, de maneira a evitar prejuízos para os produtores. O preço mínimo da saca de 50kg de arroz para a região Sul, na safra 2019/2020, é de R$ 39,63, reajuste de 8,75% em relação à safra anterior. Para o resto do país, a saca de 60kg teve um reajuste de 10,04% no preço mínimo.

Enquanto isso, os estoques públicos de arroz estão em cerca de irrisórias 20 mil toneladas desde fevereiro de 2019. Os estoques privados ultrapassam as 4 milhões de toneladas, na indústria e nos produtores, que tem poder de especular com essa quantidade, em detrimento dos trabalhadores que pagam valores cada vez maiores nos mercados por este alimento básico. Ainda assim, Guilherme Soria Bastos Filho, presidente da Conab, afirmou ao jornal Valor Econômico que o governo já havia feito os maiores esforços que poderiam ter sido feitos neste momento, em relação ao aumento dos preços.

Em meio a isso, o governo Bolsonaro está com uma política de enfraquecer a Conab e sua capacidade de armazenamento, buscando vender ou alugar seus armazéns para a iniciativa privada. Nas palavras de Silvio Farnese, diretor de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, “manter estoque é algo absurdamente caro e a experiência em todo o mundo não é exitosa. E tabelar preços é mais absurdo ainda”.

O que fazer?

Para os membros do governo, tabelar os preços significaria diminuir os lucros dos produtores e dos donos de supermercados, o que seria um disparate. O único tabelamento que eles defendem é aquele que garante um lucro mínimo aos barões do agronegócio.

É por isso que os trabalhadores devem se opor às medidas do governo Bolsonaro e do agronegócio, defendendo o congelamento do preço do arroz e dos alimentos no nível anterior ao da pandemia, principalmente em um momento de alta do desemprego e do subemprego.

Para isso, é necessário uma luta unificada entre os precarizados, os efetivos, os desempregados, a juventude e todos os setores que estão sendo atingidos por essa alta nos preços dos bens básicos.

 
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