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ENSINO REMOTO NA UFES
Por que as Assembleias do SSO UFES estão com menos adesão?
Sara Fernandes
Jade Penalva

Após cerca de 80 alunos participarem da 1o assembléia do Serviço Social da UFES após a aprovação do Ensino Remoto Emergencial (ERE), o movimento vem caindo e a última contou com apenas 25 estudantes. Esse texto refletirá porquê isso aconteceu e como tornar o Centro Acadêmico uma ferramenta de luta dos estudantes.

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Imagem: ESHoje

Ao longo das últimas semanas, após a implementação do excludente e racista Ensino Remoto na UFES, o curso de Serviço Social veio demonstrando que é possível, ainda que com todas as dificuldades do cenário, avançar na mobilização dos estudantes, dando exemplos de assembleias construídas na base do curso, que chegou a contar com a participação de mais de 80 estudantes na primeira, e quase 50 estudantes na segunda. Contudo, na última assembleia que ocorreu na sexta-feira (11), se expressou pela não participação da base dos estudantes, não chegando nem a 25 estudantes do curso, demonstrando a potência que a mobilização dos estudantes pode ter, não podendo ser construída apenas nos momentos agudos da aflição quanto ao ataque que é o ERE, por exemplo, além de expressar a necessidade de abrir um profundo debate sobre o movimento estudantil da UFES, que nos concentramos ao longo deste texto.

Apesar do Serviço Social vir dando exemplos de que foi o curso que mais tem buscado articular com os estudantes nesse período, primeiramente, é importante marcar que a falta de uma forte mobilização dos estudantes no combate ao absurdo ataque que é a implementação do Ensino Remoto, vai além das dificuldades que se abriram com a pandemia, mas são parte do reflexo dos últimos anos em que as entidades que estiveram à frente do Centro Acadêmico de Serviço Social, seguiram acriticamente uma tradição do estatuto que impõe que as posições políticas enquanto indivíduos, não podem ser defendidas enquanto entidade representativa, devendo ser seguida apenas a política defendida pela Executiva Nacional (ENESSO). Ou seja, essa defesa tem sido determinante para frear à mobilização dos estudantes do curso, assim como tem confundido os estudantes quanto à dinâmica do movimento estudantil ou compreensão das defesas das correntes que o compõem e até do papel que realmente podem cumprir as entidades estudantis em toda a sua potência, quando construídas na perspectiva de fortalecer a auto-organização estudantil.

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Não só no curso de Serviço Social, mas no Movimento Estudantil da UFES é possível ver o peso dessa tradição, em que se constituiu sobre a base dos estudantes não colocarem abertamente as defesas políticas das correntes que compõem as entidades, como o DCE, que a partir disso confunde os estudantes quanto a saberem quais partidos e correntes ocupam as cadeiras da majoritária, e que culminou em que militantes do próprio DCE defendessem abertamente em suas redes o Ensino Remoto.

É necessário que os estudantes da UFES questionem os estatutos que orientam a política do Movimento Estudantil, questionem também o fato das correntes o defenderem acriticamente e a passividade quanto a depositarem toda a confiança de que as saídas virão por meio de departamentos e resoluções. Se buscamos uma construção verdadeiramente democrática, é urgente que as correntes possam defender abertamente suas posições, inclusive dentro das entidades que compõem, mostrando aos estudantes que se os estatutos não correspondem à necessidade de nossas demandas, que devemos batalhar pelos nossos próprios programas, escancarando também o que a reitoria faz em conivência com o governo. Dessa forma, os estudantes poderão compreender e decidir conscientemente as suas posições, fazendo experiência com as diferentes defesas e construindo ativamente esses espaços.

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As aulas através do Ensino Remoto iniciaram e já é escancarado que esse modelo de ensino não funcionará e que só está sendo implementado como caráter "emergencial" porque é emergencial para a burguesia seguir desferindo ataques contra os trabalhadores e a juventude, em meio à uma pandemia, para avançar com a precarização do trabalho, da educação e da vida. Os estudantes já estão passando diversos perrengues e outros estão sendo expulsos da universidade por não terem condições de prosseguir nesse modelo. Isso demonstra que ao contrário do que expressou a falta de adesão na última assembleia do Serviço Social, não podemos recuar em nenhum passo na mobilização dos estudantes, ao contrário, não podemos aceitar esse ataque que busca avançar com a precarização da educação, para privatizar a universidade.

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As entidades devem estar a serviço de que essa mobilização se fortaleça, batalhar pela auto-organização dos estudantes e por uma articulação de acompanhamento e denúncia. É necessário que o Centro Acadêmico se torne, para além de uma entidade de repasses de informações para os estudantes, uma ferramenta de luta e discussão política, com o objetivo de unir a luta estudantil à luta da classe trabalhadora. Isso só será construído por meio do auto-organização dos estudantes e por meio de uma autocrítica mais que necessária sobre o método de combate realizado no movimento estudantil da UFES, e que no Serviço Social, se caracteriza por esconder sua política por trás dos estatutos da Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social.

Sem tirar a importância da ENESSO, mas justamente entendendo o papel importante que esta cumpre na mobilização dos estudantes, e compreendendo que o Movimento Estudantil de Serviço Social é historicamente reconhecido por sua organização, politização e caráter combativo, não faz sentido o método de luta política organizada pelos centros acadêmicos de esperar um posicionamento da Executiva para, só assim, poder se posicionar. Sendo uma gestão eleita e composta pelos estudantes e tendo o caráter de representação do curso, tem autonomia para organizar uma discussão política e mobilizar os estudantes para estarem lutando ao lado da classe trabalhadora, classe à qual estaremos trabalhando em conjunto na nossa futura profissão como assistentes sociais.

É necessário a realização de uma revisão estatutária no curso de Serviço Social, para que seja retirado essa ideia de os estudantes que compõe a Coordenação Executiva do CA não possam se posicionar politicamente e terem de seguir somente os combates e posicionamentos da ENESSO, assim como é necessário construir programas para chapas de Centro Acadêmico, por exemplo, junto dos estudantes e suas necessidades. A participação de todos os estudantes nas atividades desenvolvidas é fundamental para a construção coletiva, incluindo as sugestões, críticas e disputas pelos espaços de representação estudantil, levadas para o debate político, e representando profundamente as suas demandas.

 
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