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CORONAVÍRUS
Estudos apontam nova onda de covid com a reabertura total da economia nas grandes cidades
Samyr Rangel
Professor de Geografia no Rio de Janeiro

Com mais de mil mortes por dia sendo ignorada por governos e patrões, os dados da covid em algumas cidade podem apontar estopim de uma segunda onda do coronavírus.

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(Foto: Yan Marcelo )

No estado do Amazonas o número de mortos por coronavírus aumentou. O Governo alega que houve uma mudança na contagem. O Pesquisador da Fiocruz, Jesem Orellana, em entrevista há um mês para a Rede Brasil Atual já indicava está crescente de agora. Ele também nota o número alarmante de mortes para outras doenças respiratórias como a Síndrome Respiratória Aguda Grave que podem estar mascarando os números reais da Covid, fenômeno observado em toda a pandemia.

O Amazonas foi um dos primeiros estados a passar pela reabertura. Foi o primeiro estado a anunciar a volta às aulas as escolas e em apenas duas semanas de retorno tiveram 342 professores contagiados, com direito a uma evacuação de emergência em uma escola por risco de contaminação. Ainda assim o governador do Estado, Wilson Lima, um dos muitos políticos eleitos na onda do Bolsonarismo em 2018, resolveu permanecer com a tática de morte de reabertura de tudo, inclusive nas escolas, expondo crianças e pais, professores e funcionários a um risco iminente de contaminação.

O que aconteceu no Amazonas e nos estados onde a crise do Coronavírus chegou com mais força no início da pandemia, como no Rio de Janeiro, e sua abrupta e acelerada volta pode trazer graves consequências para a população. Uma volta irracional e sua flexibilização forçada pode provocar uma nova onda do coronavírus, é o que também aponta o pesquisador da Fiocruz.

Uma falsa sensação de “normalidade”

Nos grandes centros urbanos do país já se nota uma aparente normalidade há algumas semanas. Vídeos de Rio de Janeiro, São Paulo e diversos outros locais do Brasil, circularam pelas redes mostrando grandes aglomerações. Moradores das regiões metropolitanas e periferias destas cidades mostram que esta sensação de normalidade é até anterior.

Nestes lugares a “média móvel” de mortes, que é a forma encontrada de padronizar por semanas o número de mortes, manteve-se estável na casa das mil mortes e vem decrescendo bem pouco desde o início da pandemia. Desta forma podemos chegar em 200 mil mortos em alguns meses.

A falsa sensação de normalidade com estas mil mortes diárias tem muito a ver com a pressão exercida pelas patronais de diversos setores da economia que, as vistas de perderem seus lucros milionários, calcularam que o prejuízo de algumas milhares de vidas era um efeito colateral aceitável. A conta destas mortes é destas patronais, mas o preço quem paga são os milhões de trabalhadores que desejavam ficar em casa para resguardar sua saúde e não podem.

Sob qual ponto de vista encarar a pandemia?

O governo Bolsonaro trabalhou desde o início da pandemia na tentativa de subestimá-la, enquanto pôde, como apontamos nestes artigos aqui e aqui. Após isso trabalhou claramente com a ideia de imunização coletiva, que é quando um grande número de pessoas não vacinadas se contamina com o vírus para se gerar a tal "imunização" que não precisa de vacina, o que na verdade gera são diversas mortes e efeitos colaterais.

O que nunca aconteceu, nem partindo do reacionário governo Federal nem por seus filhos bastardos como Dória e Witzel, até em estados governados pelo partido de conciliação de classes que é o PT, foi a ideia de testagem em massa.

Desde o início da pandemia os únicos países que saíram com segurança da crise foram os que, aliados a uma boa lógica de quarentena, preservando a saúde e vida dos trabalhadores de empregos não essenciais, fizeram testagens massivas. No Brasil nem um, nem outro foram levados em consideração.

Até julho apenas 6% da população brasileira tinha sido testada, como mostram os números do IBGE. Números como este mostram que ainda é impossível saber até onde pode ainda ir o alcance do vírus, que tem capacidade de se alastrar, contaminar e matar muito mais.

Só sob testagem massivas das pessoas é que poderemos ter um monitoramento real do vírus. Só sob um isolamento eficaz da população é que poderemos ter um recrudescimento efetivo dos números de mortos. Não podemos naturalizar mil mortes diárias!

Cada vez mais fica evidente nessa crise sanitária que tudo que Bolsonaro e os governadores fazem e descarregar os efeitos da crise em cima dos trabalhadores. É preciso de uma saída anticapitalista que se enfrente contra os interesses da patronal e seu lucro. É preciso levantar um programa que esteja a serviço dos trabalhadores e que levante medidas para combater a pandemia.

Além dos testes massivos, reconverter as industria para produzir equipamentos de combate ao vírus. Além da miséria e a fome que os trabalhadores também estão expostos, é necessário levantar um programa econômico que proíba as demissões, garanta uma renda minima de 2 mil reais para desempregados e grupo de risco, assim como abertura de novas contratações em serviços essenciais para combater o desemprego. Todas essas medidas só pode ser levantada pelos trabalhadores através de sua auto-organização e independência de classe.

 
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