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ELEIÇÕES EM SP
De Hasselmann a “Mamãe Falei”, a bizarra extrema direita nas eleições em São Paulo
Vanessa Dias
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Há uma lista de candidaturas da extrema direita e da direita que vai concorrer à prefeitura em São Paulo: Bruno Covas (PSDB), Celso Russomanno (Republicanos), Andrea Matarazzo (PSD), Arthur do Val (Patriota), Levy Fidelix (PRTB), Filipe Sabará (Novo), Joice Hasselmann (PSL), Márcio França (PSB) (que de “centro” não tem nada) e outros. Covas e Russomanno estão empatados no topo das pesquisas de intenções de voto.

São várias candidaturas separadas, onde nenhuma em si mesmo demonstra muita empolgação. Vai ser difícil que algum desses, revirando seu passado, consiga achar alguma fachada que lhe empreste a cara de “aliado do trabalhador”. Com mais força, aparecem duas candidaturas, Covas (PSDB) e Russomanno (Republicanos), que lideram as pesquisas de intenção de voto, onde a primeira será rebatida pelo Bolsonaro (que fará de tudo para enfraquecer Doria em 2022) e a fará de tudo para ter seu apoio.

O fato é que a extrema direita nas eleições de 2018 montou rapidamente um “balaio de gato” juntando tudo quanto é figura grotesca, o que tinha de mais reacionário e obscurantista no país, e alçou o PSL, e hoje, nessas eleições municipais, esse partido já não é mais o que aglutina as posições da extrema direita, mesmo com as especulações de que ele poderia voltar, caso não se efetive a construção do mega reacionário Aliança pelo Brasil.

A própria Joice Hasselmann, de barraco em barraco com os filhos de Bolsonaro, está com apenas 1% das intenções de voto, de acordo com o Paraná Pesquisas, e não conseguiu apoio sólido nem mesmo dentro do próprio partido em São Paulo. Ainda assim, a oportunista já declarou em entrevista que não vai negar caso seja apoiada pelo governo (vai buscar uma lasquinha do governo no momento em que ele goza de alta popularidade devido ao auxílio emergencial, querendo se alçar diante da fome de milhões de famílias).

Hasselmann é o retrato da falência da extrema direita em São Paulo: se alçou na sombra de todo o reacionarismo em 2018, louvou a Lava Jato e lambeu as botas do Sergio Moro, escalou em popularidade por causa das brigas com os filhos degenerados de Bolsonaro e hoje usa seu espaço político para seguir tentando ter fama com a suposta “oposição” a Bolsonaro, para dar opiniões reacionárias sobre fatos politicamente pouco relevantes e para falar de sua dieta. Esse é o nível.

Nada diferente disso é o Arthur do Val, a patética figura do Movimento Brasil Livre (MBL) que ficou famoso ao levar pancadas em centenas de manifestações de rua da juventude e trabalhadores com pautas de esquerda. Já entrou em escola ocupada para ameaçar professores e estudantes. Evidentemente, não poderia ter muito sucesso uma figura “política” que surge assim, de provocação em provocação, e hoje perde a linha no chororô por toda a desilusão que sofreu com seu antigo herói, Bolsonaro. Ou seja, é mais um órfão da extrema direita, sem uma figura para parasitar e aparecer, e sem capacidade alguma de oferecer um projeto político próprio que empolgue setores de massas. Eis a falência do neoliberalismo.

Nesse cenário de direita e extrema direita fragmentada, o cenário está um tanto difícil para o bolsonarismo, que não sabe ainda como vai capitalizar a sua base na maior e mais importante cidade do país, e isso não é um detalhe. Outras figuras patéticas já estão “chorando” a falta de um “mito” na cidade, como Douglas Garcia do PTB, que em entrevista à Folha disse “Eu, por exemplo, estou desesperado aqui. Não sei o que eu faço da vida com relação à prefeitura. Não tenho candidato a prefeito. A gente tentou lançar o Edson Salomão, nenhum partido quis dar a legenda. Está tão complicado que estamos sofrendo para ter um candidato no primeiro turno”.

Assistiremos ainda a qual candidatura Bolsonaro se apoiará, e isso ainda pode mudar esse cenário, conferindo mais força a alguma das candidaturas da extrema direita, seja Russomanno, o “moderado” (sic) Márcio França ou mesmo Hasselmann ou Arthur do Val (o oportunismo é tanto que ali tudo é possível!). Entretanto, a falência de projeto político que seja capaz de atender a longo prazo aos anseios da população e essa desorientada que apresenta a extrema direita, nos mostra a necessidade de aproveitar e ir para cima enfraquecê-la. A extrema direita não se sustenta no vazio: é o projeto político de setores patronais do agronegócio, da mineração, das bancadas da bala e da bíblia que hoje desfilam em cima da popularidade de Bolsonaro por conta do auxílio. E essa política não é nova, é o velho neoliberalismo, só que com formas ainda mais radicais, que busca levar adiante o mesmo projeto de preservar os lucros patronais e capitalistas para descarregar toda a crise nas nossas costas. A diferença dessa extrema direita é que ela está disposta a ir para cima dos trabalhadores com um regime ainda mais racista, ainda mais explorador e querendo enterrar os trabalhadores e suas organizações. Mas esse projeto está desorientado, essa popularidade pode ter prazo de validade curto e o ódio dos trabalhadores que pode ser desatado com a crise já dá seus sinais.

Que os trabalhadores percam a paciência e enterrem esses espantalhos, um a um, e que sejam capazes de erguer suas próprias alternativas políticas, jogando essa extrema direita para a lata do lixo, de onde nunca deveriam ter saído.

 
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