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RACISMO
Assassinato de negros sobe quase 12% em dez anos, e 12,4% entre mulheres negras
Redação

Dados divulgados por um estudo do Atlas da Violência mostra que assassinatos de negros no Brasil cresceram 11,5% entre 2008 e 2018, enquanto assassinatos de não negros diminuiram. Também subiu o número de assassinatos de mulheres negras em 12,4% nestes mesmos 10 anos.

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Os dados do Atlas da Violência mostram dados brutais. Exibem, de forma escancarada - aos que querem enxergar de fato - a realidade racista a qual os negros e negras brasileiras são submetidos.

Neste 2020, com os EUA virados do avesso após o assassinato brutal de George Floyd, e agora o caso de Blake, com 7 tiros disparados nas costas pela polícia, a violência contra os negros ao redor do mundo está na primeira pauta.

Os dados da pesquisa mostram que em 2018, ano da eleição de Bolsonaro, os negros foram 75,7% de todos os assassinatos no país. Três quartos. Definitivamente números inflados pelas inúmeras operações policiais, ações das milícias e grupos de extermínio. Lembremos por exemplo, de Evaldo, assassinado com 80 tiros pelo Exército no Rio. Maria Eduarda, Marcos Vinícius, João Pedro, e claro, Marielle Franco.

Os dados por estado também mostram a terrível disparidade. Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e uma das autoras do estudo descreveu bem o que veremos: “É como se estivéssemos falando de países diferentes, tamanha a disparidade”.

Em Alagoas, por exemplo, a cada não negro assassinado - a pesquisa conta como não negros, amarelos, brancos e indígenas - 17 negros foram mortos. Nacionalmente, o número mostra que a cada não negro assassinado, são 2,7 negros vítimas de homicídio.

É no Norte e no Nordeste onde os negros têm mais chance de serem vítimas de homicídio. Exatamente nas regiões do país onde são maioria da população.

Os números com relação à mulheres também são alarmantes. Segundo o levantamento, em 2018, 4.519 mulheres foram assassinadas no Brasil, 43 a cada 100 mil habitantes. Segundo o estudo, isso significa que no Brasil em 2018, a cada duas horas uma mulher foi assassinada.

Em 2018, a taxa de homicídios de mulheres no Ceará subiu 278%, em Roraima subiu 186,8%, no Acre 126,6%. Entre as mulheres negras, houve uma alta de 12,5% no período de 10 anos.

A violência racista cresceu entre homens e mulheres, em quase todos os estados do país. Os dados correspondem com o processo vivido pelo Brasil nos últimos anos, infelizmente. Desde o golpe em 2016, se aprofundaram medidas repressivas que já vinham de antes, nos governos do PT, de forma mais lenta, e se aprofundaram mais ainda com o discurso racista, misógino e assassino de Jair Bolsonaro.

Suas declarações durante o período das eleições em 2018, deixaram racistas e machistas sentindo-se livres para agir com impunidade. Isso vale, e muito, para as forças policiais. Diversas vezes se escutou em vídeos policiais dizendo após a eleição de Bolsonaro, que “agora mudou, agora pode tudo”. As forças repressivas se sentem mais confortáveis com Bolsonaro no poder para fazer o que sabem de melhor: assassinar a juventude negra e pobre das periferias.

Estes dados mostram, no entanto, que não é uma exclusividade de Bolsonaro, o aumento da violência racista. É algo diretamente entrelaçado com o sistema político no Brasil, com o regime brasileiro, que vêm, nos últimos anos, se degradando ainda mais profundamente em autoritarismos, seja do executivo de Bolsonaro, seja do judiciário (responsável por manter 40% dos presos brasileiros encarcerados sem julgamento), seja de medidas vindas do Congresso.

É uma amostra de um regime apodrecido em seu reacionarismo, racista e machista, e que aprofunda estes dados não apenas com os homicídios diretamente, mas com a destruição das condições de vida da população pobre e trabalhadora, que com certeza colabora com essa alta. Atacando aposentadorias, direitos trabalhistas, aumentando investimentos e poderes das forças repressivas.

É um dado que mostra a importancia de nos colocarmos fortemente contra Bolsonaro, mas sem esquecer o que significa a heranca racista e escravista do exército brasileiro, estampado na figura de Mourão, levantando não apenas “Fora Bolsonaro”, mas sim “Fora Bolsonaro, Mourão e os Militares, e sem confiança alguma em velhos inimigos que hoje queiram se colocar como “oposição”, mas que foram defensores de medidas como o pacote “anti-crime” de Moro, defensores das polícias, e que, quando o assunto é atacar os trabalhadores, pactuam tranquilamente com Bolsonaro.

A luta contra a violência racista, apoiada na força dos rebeldes lutares dos EUA, tem que se apoiar aqui na força da classe trabalhadora, unificada com os movimentos sociais, apontando o caminho para lutarmos com nossas próprias forças. Seguir o exemplo de luta dos entregadores, uma categoria majoritariamente negra, e das mais precarizadas do país, que se levantou por seus direitos. O caminho contra a violência racista é a nossa força enquanto sujeitos de lutar contra um sistema que impõe o racismo como parte da sua estrutura, como vemos os negros morrendo mais por COVID do que os brancos. É lutar nas ruas para que os capitalistas paguem por essa crise.

 
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