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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
“Todo dia trabalhamos com a dúvida e ameaça de quem de nós vai ser demitido no fim do mês”, diz terceirizada da USP
Redação

No início da pandemia foi anunciado pela reitoria da USP um corte de 25% da verba destinada aos contratos com as empresas terceirizadas. “Eu não consigo comprar um celular, porque preciso pagar as fraldas do meu filho”, são frases assim que escutamos dos terceirizados da USP, expressando como de lá pra cá o que temos visto são condições de trabalho cada vez mais precárias, trabalhadores demitidos ou de aviso prévio, redução no quadro de funcionários, realocação de unidades e até mesmo de função. Separamos aqui alguns trechos onde esses trabalhadores anonimamente denunciam a situação.

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Nas últimas semanas nós da Juventude Faísca, que compomos as gestões dos centros acadêmicos de Letras (CAELL) e Pedagogia (CAPPF), estivemos na USP para conversar com esses trabalhadores que estão sendo obrigados a se arriscar em meio a pandemia por salários miseráveis, transporte lotado e agora ainda vivem sob uma ameaça permanente de demissão, vendo amigos e colegas de trabalho ficarem sem renda, sem ter como sustentar famílias inteiras durante a crise sanitária que ultrapassa os 105 mil mortos no Brasil. A reitoria da universidade que faz demagogia com o movimento Vidas Negras Importam, deixa famílias negras a própria sorte como os trabalhadores do restaurante da faculdade de Saúde Pública que foram todos demitidos após a USP não renovar o contrato com a empresa em julho.

A crise de financiamento das universidades estaduais paulistas (UNESP, UNICAMP E USP) já se arrasta a tempos, não a toa em 2017 foi aprovado o teto de gastos na USP que congela as contratações via USP por 5 anos, aumentando assim os contratos temporários dos professores e a terceirização dentro da universidade, além da diminuição cada vez maior do repasse de verbas da universidade para os programas de bolsas, auxílios e permanência para os estudantes. Enquanto a universidade cedeu a conquista das cotas raciais depois de muita luta o que vemos é uma precarização da estrutura da universidade de conjunto, servindo como um porto seguro de investimento pros capitalistas integrantes do reacionário Conselho universitário que investem sem risco algum dinheiro público no favorecimento de suas empresas dentro da USP. Agora Doria quer aprofundar ainda mais esse projeto privatista com o anuncio da PL529 que ataca a autonomia universitária, seu financiamento e prevê a privatização de inúmeras fundações.

Dentre as unidades da USP em que pudemos ter esse contato (CRUSP, FEUSP, IFUSP, FFLCH, IB, EEFE) separamos nesse texto alguns trechos onde esses trabalhadores anonimamente denunciam a situação, muitos deles com vários anos trabalhando e alguns que inclusive já participaram de processos de greve de terceirizados na universidade. Em meio a uma situação absurda no país onde os trabalhadores estão sendo esmagados de um lado pelo vírus e pela pandemia e do outro pelo desemprego, pela miséria e uma política nefasta por parte de todas as forças políticas desse regime podre e golpista.

Do negacionismo bolsonarista até mesmo os governadores, prefeitos, os juízes do STF e o Congresso Nacional que mais do que nunca buscam um acordo entre si e uma trégua momentânea nas suas disputas de poder, para avançar com ataques contra os trabalhadores, a juventude e os setores mais explorados e oprimidos da nossa sociedade. Nesse duro contexto é que nós da juventude Faísca e do Esquerda Diário nos colocamos incondicionalmente em defesa da vida e dos empregos, e contra a precarização! Queremos fazer uma forte e ativa campanha para que não haja qualquer demissão na USP e para que os terceirizados sejam efetivados sem concurso público. Chamamos o DCE e todas as entidades estudantis, especialmente aquelas dirigidas pelo PSOL, a levantarem essa bandeira e construírem esta campanha!

No CRUSP a situação é dramática, o conjunto residencial da USP foi notícia de diversas mídias, incluindo o Esquerda Diário, por conta da precariedade da estrutura e da situação tanto dos moradores como dos trabalhadores que ficaram ali. Com problemas de falta de água, risco de incêndios, problemas com a distribuição de alimentos para os estudantes e de EPIs pros trabalhadores se tornou um verdadeiro inferno.

Com a liberação dos funcionários efetivos os trabalhadores da empresa Works foram realocados para realizar o serviço de atendimento, fora isso a empresa responsável pela limpeza do CRUSP, a Gramaplan, terá seu contrato encerrado nos próximos meses e não se sabe se será renovado ou não. Os trabalhadores podem enfrentar uma situação igual a dos trabalhadores demitidos no restaurante da Faculdade de Saúde Pública.

Um dos trabalhadores nos contou que a empresa exige que realizem um curso que chamam de “reciclagem”, que após a aprovação da reforma trabalhista no governo Temer os trabalhadores tem de realizar nos dias de suas folgas, e mesmo devendo contar como horário de trabalho eles não recebem auxilio transporte ou até mesmo adicional no salário, um verdadeiro absurdo.

Na FFLCH uma trabalhadora nos contou que a empresa Pluri, também do setor de limpeza, anunciou que até o final de Setembro serão demitidos 70 funcionários na USP e desses 15 serão só da FFLCH, o que deixará o quadro muito reduzido de trabalhadores e tornando as jornadas ainda mais exaustivas tendo que um realizar o trabalho de 3 ou 4 pessoas. Pra piorar não se sabe quem serão: “Todo dia trabalhamos com a dúvida e ameaça de quem de nós vai ser demitido no fim do mês”, diz terceirizada da USP.

No instituto de Veterinária da USP, os terceirizados da limpeza, da empresa Gramaplan, contaram que dos 15 funcionários, hoje estão somente 6 trabalhadores. Uma delas chamou atenção para as condições de trabalho que têm piorado pela sobrecarga já que 9 terceirizados foram demitidos na unidade. Além do trabalho pesado, disse também sobre a questão do salário ser baixo, contando como “eu não consigo comprar um celular, porque preciso pagar as fraldas do meu filho”.
No IFUSP trabalhadoras nos contaram sobre uma amiga que foi demitida, e denunciaram “Aqui éramos em 63 funcionários da limpeza, desde o início da pandemia a empresa foi demitindo alguns, mandando outros pra lugares diferentes e agora estamos em só 9 aqui, temos que fazer o trabalho de duas, as vezes três pessoas”. A jornada de trabalho é exaustiva e estão com receio de que suas colegas que hoje estão afastadas no momento em que forem retornar sejam demitidas também.

Esses são apenas alguns dos relatos que temos recolhido e que seguiremos impulsionando desde a Juventude Faísca e as gestões dos centros acadêmicos de Letras (CAELL) e Pedagogia (CAPPF), como parte de uma ampla campanha nacional em defesa dos trabalhadores terceirizados e contra as demissões nas universidades, campanha essa que chamamos todas as entidades encamparem como parte fundamental da luta pela vida acima do lucro nessa pandemia. Buscando um diálogo em especial com os setores da Oposição de Esquerda da UNE também dentro da USP para que possamos exigir do DCE, dirigido pelo PT e pela UJS (PCdoB) que se coloquem em defesa dos trabalhadores e organizem a força dos estudantes para essa importante tarefa, sem negociar com essa reitoria que demite e deixa os terceirizados para morrerem na USP!

 
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