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DIREITO AO ABORTO
Bispo presidente da CNBB diz que aborto legal na menina de 10 anos foi crime hediondo
Tatiane Lopes

"A violência do aborto não se explica” declarou o bispo, que continuou absurdamente afirmando que haveria muitos “recursos existentes e colocados à disposição para garantir a vida das duas crianças".

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Imagem: Alexandre Rezende / UOL

Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dirigente da Igreja católica, instituição internacionalmente envolvida em escândalos de pedofilia e abuso sexual, teve a falta de vergonha de dar declarações absurdas sobre o caso da menina de 10 anos, sistematicamente estuprada desde os 6, que engravidou e quase foi impedida pela justiça e fundamentalistas de realizar um aborto, previsto por lei.

Sem espanto, Walmor foi eleito para presidir a CNBB há pouco mais de um ano e a sua chegada ao cargo foi apoiada por simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro. O youtuber bolsonarista Bernardo Pires Küster sinalizou a época que a nova gestão seria mais voltada à ala conservadora da igreja católica, sem se envolver com grupos LGBTQ ou movimentos sociais.

O bispo escreveu em sua rede social esta semana que é "lamentável presenciar aqueles que representam a Lei e o Estado com a missão de defender a vida, decidirem pela morte de uma criança de apenas cinco meses, cuja mãe é uma menina de dez anos. Dois crimes hediondos", se referindo ao médico que realizou o procedimento e a justiça que, tardiamente, autorizou um caso claramente previsto em lei.

A violência do aborto não se explica, mas o estupro sistemático de crianças sim, considerando que a Igreja católica acoberta e “perdoa” casos como esse durante séculos em sua própria instituição? De quais recursos existentes para salvar a vida das duas crianças estaria falando o bispo, que é parte dos que fazem campanha contra a educação sexual nas escolas, em nome do patético combate à “ideologia de gênero”?

Bastam apenas alguns questionamentos para notarmos a profundidade da hipocrisia clerical de um homem, cuja vida confortável sustentada pelos fiéis, é incapaz de fazer sentir alguma empatia por uma menina sistematicamente estuprada, talvez por que não tenha útero, nunca tenha sofrido machismo ou porque nem mesmo precise trabalhar... Certamente por tudo isso, mas principalmente porque cumpre função dirigente numa das instituições mais importantes pra dominação patriarcal e capitalista, que há séculos pretende impor seu conservadorismo para controlar nossos corpos.

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Assim como os fanáticos religiosos e bolsonaristas, que incitados pela fascista Sara Winter, foram até o hospital em Recife tentar constranger o médico e a família para impedir o aborto, o bispo e sua posição oficial que representa a de toda Igreja católica, demonstram que pouco importa a vida da menina, que teria grande chance de morrer se a gestação fosse mantida, já que segundo a ONG Save the Children, gravidez precoce é a maior causa de morte de adolescentes no mundo.

É evidente que a criminalização do aborto nunca se tratou de o Estado defender o princípio da vida. O aborto é a quarta causa de mortes maternas no Brasil, atingindo principalmente as mulheres negras em três a cada quatro casos de mortes por abortos clandestinos, que são forçadas a fazê-lo de maneira clandestina e precária. Trata-se de uma questão urgente de saúde pública, encarada por viés moral ou religioso por um Estado supostamente laico, que tem aprofundado sua relação com as Igrejas.

Por isso, reivindicamos as dezenas de companheiras e companheiros que colocaram o corpo para enfrentar a extrema direita na noite de domingo em Pernambuco e defendemos que, com a organização e a luta das mulheres à frente, junto à classe trabalhadora, podemos, rumo ao dia 28 de Setembro, dia latino-americano e caribenho pelo direito ao aborto, expressar todo nosso rechaço à extrema direita bolsonarista e contra as milhares de mortes por abortos clandestinos, dizendo que eles são os verdadeiros assassinos. Com a força da nossa luta podemos responder às reformas, ao desemprego e à precarização do trabalho. Essa força também pode defender o SUS, em tempos de pandemia, e impor que seja 100% estatal, gerido pelos trabalhadores e controlado pela população para que esteja a serviço de vítimas como essa criança, com procedimentos de aborto legal seguro e gratuito pra não morrer e educação sexual e contraceptivos de qualidade para prevenir.

 
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