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EM DEFESA DA CULTURA
Representantes do curso de Artes Visuais publicam nota contra o desmantelamento da Cinemateca
Redação

Representação estudantil provisória, devido à pandemia, do curso de Artes Visuais da UFMG se posiciona frente aos ataques à cultura pelo governo Bolsonaro, em especial em relação as demissões e fechamento da Cinemateca.

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Os representantes do curso de Artes Visuais da UFMG repudiam as atitudes tomadas pelo Governo Federal em relação à preservação do patrimônio histórico e cultural brasileiro, diante dos recentes acontecimentos no Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, no Horto, em Belo Horizonte, e especialmente agora na Cinemateca Brasileira, maior acervo audiovisual da América Latina localizada em São Paulo.

O acervo cultural brasileiro já se encontrava em risco antes de tais ocorrências, mas nos últimos anos, sobretudo após o golpe de 2016, os governos vêm aprofundando os cortes no orçamento destinado à preservação do patrimônio cultural e histórico está diminuindo de forma constante. Chega-se ao ponto de não atingir o mínimo necessário nem para pagar funcionários especializados na preservação de objetos e documentos de grande valor, nem para arcar com as despesas mínimas e com o bom funcionamento de tais instituições.

Graças a esse descaso, um incêndio consumiu parte do acervo do Museu de História Natural da UFMG em junho de 2020. Ainda, a autoritária tomada das chaves da Cinemateca Brasileira pelo Governo Federal no último dia 7 de agosto (sexta-feira), não apenas interrompe uma gestão de profissionais da área construída por anos, como - após mais de sete meses de abandono das responsabilidades do governo em relação à instituição -, coloca também em risco o seu acervo. E agora, todos os trabalhadores especialistas da Cinemateca foram demitidos após as chaves serem entregues para o ministério do Turismo, onde abriga-se a secretária de cultura do governo. A Justiça negou o pedido que a associação que dirigia a Cinemateca fez para que o governo pagasse os R$ 14 milhões prometidos anteriormente para o orçamento da Cinemateca em 2020.

Nós preocupamos também com o estado do acervo da EBA, como está sendo mantido, qual a segurança dos trabalhadores e do patrimônio?

Perdem-se capítulos da história e da cultura com cada uma dessas ingerências. Agora, estamos cada vez mais perto de mais uma grande perda, pois os materiais da Cinemateca necessitam de cuidados especiais: caso deixados sem nenhum tipo de manutenção, os mesmos podem até mesmo entrar em combustão, o que geraria a perda de décadas de produção audiovisual brasileira.

Tudo isso evidencia o descaso dos governos com a arte e a cultura, sobretudo neste período de pandemia em que a maioria dos artistas estão sem renda e sem nenhum tipo de auxílio do governo

As decisões também evidenciam traços alarmantes do nosso regime: podemos confiar nossa história e nossa cultura nas mãos de um judiciário que foi um dos pilares do golpe? Um judiciário que esteve à frente para desregulamentar nossa profissão de artista, para pavimentar maior precarização do nosso trabalho?

Não há como tolerar tamanho descaso com nossa história, cultura e identidade. E não há como confiar o zelo de tais materiais ao Governo Federal, na figura não apenas de Bolsonaro, mas de Mourão e todos os militares que o compõem, cuja política e passado carregam enorme desprezo a seu valor.

Acreditamos que nosso patrimônio deve ser confiado aos trabalhadores e profissionais da arte e da cultura que são aqueles que, como especialistas, deveriam tomar, controlar e dirigir por completo esses espaços, inclusive para que eles pudessem cumprir sua função social e popular e fazer que o seu acesso deixe de ser um privilégio.

 
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