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UFES
Contra o EARTE: Manifesto pela auto organização dos estudantes da UFES

Publicamos aqui um manifesto assinado pela Juventude Faísca e outras organizações e entidades contra o EARTE na UFES, que foi implementando hoje de forma autoritária.

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Frente a votação no dia de hoje (14) para implementação do Ensino Remoto Emergencial (ERE) na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), que foi aprovado por 20 votos a favor e 14 votos contra, para começar as aulas em setembro é importante primeiramente remarcarmos que apesar da maquiagem que fazem sobre o ensino remoto ser um modelo temporário, é um precedente importante que abre portas ao avanço do Ensino à Distância, aprofundando o projeto reacionário de Bolsonaro e Mourão de precarização e elitização do ensino público. A UFES fez parcerias para aderir à Plataforma G Suite para Educação, antes mesmo de ser cogitado uma proposta de ensino remoto e sabemos que a implementação do ensino à distância significa um grande passo rumo à privatização para que mais empresas abocanhem a educação como mercadoria.

Esse tipo de educação à distância não corresponde às necessidades pedagógicas que os cursos necessitam e excluem inúmeros estudantes que não terão condições materiais e subjetivas para participar das aulas. Sabemos que, em sua maioria, os estudantes que serão afetados por esse ERE serão estudantes cotistas, negras/os, indígenas e pobres. É importante ressaltar também a sobrecarga de trabalho das mulheres em meio à pandemia, que potencializa a opressão de serem majoritariamente responsáveis pelos cuidados e trabalhos de reprodução social. Por isso, nós estudantes da UFES, somos contra a implementação do ERE e de qualquer imposição de atividade obrigatória. Junto à precarização da educação avança a precarização do trabalho com ameaças de demissões aos terceirizados, fazendo parte desse mesmo projeto de precarizar e privatizar a educação pública.

Nesse momento excepcional que estamos vivendo, acreditamos que a Universidade não deveria excluir aqueles que já são os mais afetados pelas consequências da pandemia e da crise econômica. Defendemos que a Universidade esteja voltada para investir seus recursos no combate ao coronavírus. É necessário debatermos também a Universidade num momento de pós pandemia e o papel que deveria estar sendo cumprido. Todos os cursos deveriam voltar às atividades para pensar de que maneira podem contribuir no combate à pandemia. Todo o processo de implementação do Ensino Remoto Emergencial passou por fora não só da realidade da maioria dos estudantes da UFES, como também da construção mínima de um espaço promovido para ouvir as posições da universidade de conjunto. Dos estudantes que puderam responder ao questionário da UFES, 77% expressaram que o ensino remoto compromete os processos de aprendizagem totalmente ou parcialmente e 82% consideram que as disciplinas ministradas por meio online não permitem a aprendizagem como no ensino presencial.

A reitoria da UFES segue mais uma vez nos mostrando que não podemos confiar numa instituição que passa ataques aos estudantes e trabalhadores, sem pestanejar. Não temos ilusão de que essa reitoria está do nosso lado, a mesma reitoria que não leva em conta também a situação e realidade dos professores e técnicos administrativos em meio à pandemia. Além disso, mais uma demonstração arbitrária da reitoria foi abrir um edital de inscrições para Auxilio Digital Emergencial, que supostamente seria para suporte financeiro de quem não teria condições, tendo apenas uma semana para se inscrever e sendo mandado para os discentes antes mesmo de ser aprovado em última instância o Ensino Remoto. É papel da universidade elaborar políticas de permanência e assistência estudantil, principalmente em meio a essa crise que vulnerabiliza tanto os estudantes, para de fato garantir a permanência estudantil e não para garantir a implementação do excludente e racista ensino remoto. Denunciamos também a desproporcionalidade dos votos para implementação do ERE, sendo o conselho representado por 27 professores, 6 estudantes e 2 técnicos.

O Brasil, já considerado epicentro da pandemia no mundo, ultrapassou 3 milhões de infectados e 100 mil mortos. Frente às milhares de mortes, como teremos condições de nos debruçarmos à preocupação de fechar um semestre, com a contagem de horas, com notas e frequência? Tanto Bolsonaro com o apoio dos militares, como congresso, STF ou os governadores têm demonstrado que não conseguem dar uma resposta à altura dessa crise. Para eles é conflitante os interesses da economia privada com a nossa saúde. Por isso, acreditamos que precisa vir das e dos estudantes junto dos professores e todos os trabalhadores das universidades a iniciativa de tornar o conhecimento acadêmico produzido a serviço de combater a pandemia, pois para nós a vida está acima do lucro deles.

É papel das entidades estudantis organizar os estudantes e, junto com os trabalhadores discutir o que podem e devem cumprir, com debates profundos sobre qual papel e como a universidade poderia estar cumprindo no combate à pandemia, colocando toda a sua pesquisa científica à serviço de estar na linha de frente nesse momento de crise sanitária profunda. Apenas confiamos na força da auto organização dos estudantes para que decidam os rumos da universidade em meio à pandemia e a esse absurdo ataque que é o ensino à distância.

Por isso fazemos um forte chamado a todos e todas as estudantes, centros acadêmicos, entidades estudantis e correntes de esquerda a construir uma forte mobilização dos estudantes, com assembleias nas bases de cada curso, reuniões e espaços democráticos. Precisamos buscar iniciativas em conjunto e partindo dessa perspectiva propomos a construção de comissões para acompanhar os estudantes e denunciar as dificuldades que virão com o ensino remoto, bem como exigimos que o DCE, enquanto entidade representativa dos estudantes, não aceite qualquer ataque da reitoria e coloque todo seu peso e influência como ferramenta no avanço para que os estudantes se auto organizem e no acompanhamento desse processo que sabemos o quão danoso, respondendo à altura o autoritarismo da reitoria.

- Defendemos colocar todos os recursos humanos e científicos disponíveis nas universidades a serviço de enfrentar a pandemia!

- Defendemos a construção de comissões de acompanhamento e denúncia das dificuldades que enfrentaremos com o Ensino Remoto Emergencial.

- Que a comunidade acadêmica e principalmente os alunos decidam, por meio de assembleias de base em seus cursos, assembleias gerais e reuniões sobre cada situação que surja a partir da implementação.

- Que nenhuma bolsa seja cortada no período emergencial! Que as/os estudantes possam cancelar todas as disciplinas sem ter prejuízo no seu auxílio e na sua bolsa! Que seja garantido o contrato e as condições para continuidade dos estágios pós pandemia.

- Que não haja nenhum tipo de contabilidade de presenças, nem avaliações, as atividades não podem ser obrigatórias!

Assinam este documento:

  •  Faísca - UFES
  •  Juventude da Comuna - UFES
  •  Centro Acadêmico de Comunicação Social (CACOS - UFES)
  •  Centro Acadêmico de Cinema e Audiovisual (CACAU - UFES)
  •  Centro Acadêmico Livre de Economia (CALECO - UFES)
  •  Centro Acadêmico de Filosofia (CAFIL - UFES)

    Veja também a nota da Faísca sobre o EARTE: UFES: lutemos contra o ensino remoto e a precarização

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