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ORIENTE MÉDIO
Líbano: O governo renuncia em meio a uma histórica crise econômica e social agravada pela explosão
Caio Reis

Em meio à crescente crise econômica e do agravamento da crise política após a explosão no porto de Beirute, na última terça-feira, o governo libanês hoje renunciou na tentativa de despressurizar o descontentamento social e os protestos, que vinham acontecendo há semanas e agora dão um novo salto contra o regime.

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Em 4 de agosto, duas explosões em grande escala destruíram o porto de Beirute e muitos bairros da capital, deixando ao menos 220 mortos e 7.000 feridos, números que não param de crescer. A explosão também deixou cerca de 300 mil desabrigados, agravando a situação de crise social que os libaneses já vivem, com uma crise econômica com alta desvalorização da moeda e dos salários, inflação de preços, além de um brutal ajuste pressionado pelo FMI, uma crise que vinha provocando mobilizações desde o final do ano passado.

Com o novo desastre, aprofunda-se também uma crise alimentar no país - cujo abastecimento é 80% dependente de importações que foram severamente comprometidas com a destruição do porto e dos silos de armazenamento. Em abril o país já atravessava “motins de fome” e que estima-se que devam se repetir. 120 mil toneladas de trigo foram lançadas ao mar na terça-feira, 1/10 do consumo anual do país.

A explosão provocada por materiais inflamáveis ​​e perigosos, armazenados indevidamente durante anos no porto e por qual o Governo é responsabilizado por sua negligência e corrupção, acabou aprofundando a crise política e desencadeando manifestações que chamam pela queda do regime. Jornadas nas ruas no sábado e no domingo foram reprimidas violentamente pela polícia, deixando centenas de feridos entre os manifestantes e as forças repressivas.

Nessa segunda-feira (10), o Primeiro Ministro, Hassan Diab, anunciou a renúncia do governo. A saída se dá após uma série de renúncias nos ministérios do governo: desde a nova crise aberta pela explosão, já haviam renunciado os ministros do Meio Ambiente, Finanças, Justiças, Informação, Defesa e outros, pressionados pelo descontentamento de massas e pelas revoltas que tomam as ruas contra o regime profundamente corrupto e degradado. Enquanto Hassan Diab finalmente anunciava a dissolução do governo, manifestantes avançavam em direção à praça parlamentar em enfrentamento com a polícia.

O governo de Diab assumiu após a saída de Saad Hariri diante das manifestações de massas em outubro do ano passado. Apoiado pelo Hezbollah e aliados como o Irã, Diab assumiu com a tarefa de alcançar um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (no que fracassou) e é intimamente ligado à elite capitalista e fundamentalista islâmica que governa o país há anos e que é profundamente responsável pela crise atual.

Dois dias após o desastre na capital, o presidente da França, Emmanuel Macron, fez uma visita ao Líbano e ao local da explosão. Debaixo da hipocrisia humanitária do representante do imperialismo europeu que explorou durante anos o Líbano como colônia, Macron aproveitou a viagem para se promover como o responsável por negociar um novo pacto político, reformas neoliberais e um acordo entre o FMI e a elite política e econômica libanesa. Poucas coisas simbolizam mais essa visita do que o gás lacrimogêneo made in France utilizado nas ruas de Beirute.

Não existe saída para os trabalhadores e as massas empobrecidas libanesas que venha das mãos seja do regime político corrupto, seja do imperialismo ou do FMI. Só os trabalhadores e o povo pobre - que já são os que estão na linha de frente retirando os escombros das ruas, salvando vidas nos hospitais e se enfrentando com a repressão - podem e devem, através de sua auto-organização, decidir democraticamente a própria vida política e um futuro para o Líbano.

A nova onda de luta de classes internacional, aberta pelos coletes amarelos franceses em 2018 e que já teve grandes episódios no Oriente Médio, se mostra ainda mais vigente. Por isso é necessária a mais profunda solidariedade de classe internacional, independente de todas as variantes burguesas nacionais e imperialistas, apresentando uma saída da classe trabalhadora e socialista para as crises abertas. À vanguarda socialista internacional, cabe a tarefa histórica de construir partidos revolucionários em cada país, preparando-se para os grandes episódios do próximo período e batalhando pela reconstrução de um partido internacional da classe trabalhadora, a IV Internacional.

 
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