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SÃO PAULO
Em live para empresários, Covas, afirma que vai comprar vagas em escolas privadas
Redação

Bruno Covas, o prefeito da cidade de São Paulo, participou nesta sexta-feira de uma live organizada pela LIDE, organização empresarial que reúne empresários e patrões de todo o país. Dois dias após o PL 452/20 ser aprovado e que representa um dos maiores ataques à educação municipal nos últimos tempos, Covas afirmou que a prefeitura vai comprar vagas em escolas particulares.

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O prefeito da cidade de São Paulo Bruno Covas e seu secretário de governo Rubens Rizek participaram nesta sexta-feira de live para falar sobre a reabertura das atividades econômicas na cidade. A atividade foi organizada pela LIDE, uma organização que reúne empresários e patrões de diversos setores econômicos do país, que tratam de como se tornar ainda mais ricos e garantir que seus interesses se sobreponham aos dos trabalhadores.

O programa foi inclusive apresentado pelo filho do governador João Doria, João Doria Neto, aquele da fonte de catuaba no seu aniversário, que era chamado de Johnny durante a live pelos seus compadrios. Toda a intimidade que se via entre os participantes da live deixa claro o quanto esses políticos governam para os seus, ou seja os patrões.

Além de fazer campanha eleitoral para os empresários, enfatizando o quanto tem se esmerado em dar continuidade ao projeto de privatizar ao máximo os aparelhos e serviços públicos da cidade, iniciado por João Dória quando prefeito da cidade, Bruno Covas afirmou que o pior da pandemia já passou graças as ações da prefeitura. Uma falácia, pois embora os dados oficiais divulgados pelo governo indiquem estabilização da pandemia, sabemos que não só a prefeitura de São Paulo, como o Brasil, não testa o suficiente, ou seja temos uma altíssima subnotificação. Além disso o que vemos é que houve uma “estabilização” do pico da doença, só na cidade de São Paulo já passamos das 10 mil mortes, praticamente 10% do número de mortos no país, que além de tudo mata muito mais nas periferias, os negros, as pessoas mais pobres e aqueles que não tiveram o direito de fazer quarentena remunerada em suas casas.

Bruno Covas aproveitou para fazer demagogia ao falar sobre a preocupação que a prefeitura teve para garantir que as pessoas não passassem fome na cidade. Outra falácia quando sabemos que assim que as escolas foram fechadas seus alunos e suas famílias ficaram sem acesso a merenda ou recursos para compensar essa perda que seria cada vez mais sentida. Já que muitos perderam seus empregos, tiveram seus contratos suspensos ou salários reduzidos graças as medidas dos governos como Bolsonaro, para satisfazer os patrões, enquanto sequer garantia o auxílio emergencial insuficiente de R$ 600,00 a todos que precisavam. Em São Paulo Covas se limitou a oferecer um cartão alimentação no valor de R$ 55,00 mensais, por família, e apenas para algumas delas que antes da pandemia eram consideradas de risco. Meses depois ofereceu também para apenas algumas famílias uma cesta básica que em diversos lugares houve relatos de conter comida estragada. O que falar então das milhares de merendeiras demitidas da empresa Singular, nas últimas semanas? Qual a preocupação de Bruno Covas em garantir seus empregos para que suas famílias não passassem fome? O compromisso de Covas é com os empresários participantes da reunião garantindo que não vai aumentar os impostos para eles e de que continuará a vender os bens e serviços públicos da cidade.

Mas Covas também falou sobre a reabertura das escolas. Sem dizer uma data para quando as aulas presenciais retornam, no mesmo dia em que Doria anunciou o retorno na rede estadual para 7 de outubro, o prefeito afirmou que a reabertura das escolas será definida pela área da saúde, entenda-se gabinete da saúde. Cerca de um mês atrás Covas afirmava que as aulas retornariam em setembro, mas esse anúncio veio sendo rechaçado pela imensa maioria das famílias que são contra a reabertura das escolas nesse momento, assim como por todos aqueles trabalhadores que conhecem de perto a realidade das escolas. Covas está em campanha eleitoral e a essa altura não quer cometer o erro de ser tão impopular. Por isso faz um monte de demagogia, dizendo que para não aprofundar as desigualdades entre as escolas particulares e públicas, as redes só abrirão juntas. Mas não fala nada sobre EAD excludente que já tem cumprido esse papel já que sabemos que a maioria dos alunos não consegue fazer acesso regularmente, ou o material didático prometido para as famílias, mas que muitas ainda nem receberam. Fala também de aplicar testes sorológicos em 6 mil alunos, em um universo de mais de 1 milhão de alunos na rede municipal, para obter dados que deem segurança a reabertura. Outra falácia, como se sabe, a imensa maioria dos trabalhadores, pais de nossos alunos nunca foram testados até hoje, além disso o teste sorológico tem altas chances de apresentar um falso negativo, sobretudo nos assintomáticos.

ara não deixar dúvidas de que o compromisso de Bruno Covas é com os patrões ele afirma que o PL 452/20 acabou de ser aprovado nesta quarta-feira 05/08 para preparar as escolas para reabertura. Covas admite as péssimas condições em que as escolas se encontram hoje quando diz que “até hoje uma escola que não segura piolho, vai conseguir segurar COVID?”. O argumento usado por professores para denunciar a reabertura das escolas é usado por Covas para justificar esse PL. Ou seja, admite que a pandemia foi o pretexto perfeito para empurrar goela abaixo esse enorme ataque à educação pública que é o PL 452/20. Esse PL não garante escolas seguras e preparadas. Trata-se na verdade, entre outros absurdos, de precarizar as relações trabalhistas dos professores e de comprar vagas nas escolas particulares como ele fez questão de afirmar e com essas palavras. Um baita presente para os donos das escolas que pressionam pela reabertura, e que na prática significa o avanço da privatização na rede a partir da educação infantil.

Enquanto Covas afirma que não serão professores ou pais de alunos que decidirão o retorno das aulas. Devemos dizer exatamente o contrário. Não devem ser os políticos e secretários em seus gabinetes, com suas escolas imaginárias, a decidir isso. Justamente são os professores e demais trabalhadores do chão das escolas, junto das famílias e dos trabalhadores da saúde nos bairros, aqueles que conhecem a verdadeira realidade das escolas e dos bairros, que podem se organizar para eleger representantes para comitês de higiene e saúde que poderiam sim definir quando e como as aulas presenciais devem ser retomadas.

 
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