Recebemos uma denúncia de um(a) trabalhador(a) do hospital João XXIII de Belo Horizonte, um hospital que aparece em propagandas da cidade como um dos melhores da América Latina. A pessoa decidiu não se identificar, por medo de represálias, e diz que o local reservado ao descanso dos funcionários está completamente insalubre. “O lugar em que os funcionários descansam é insalubre. Não tem circulação de ar e os colchões estão todos rasgados e contaminados.”, diz.
A denúncia escancara o descaso dos governos com os trabalhadores da saúde, que colocam seus corpos na linha de frente do combate à crise sanitária todos os dias desde o início da pandemia. O governo de Zema e a gestão da Fhemig se negam a realizar testes, como já dissemos aqui e também a direção da Fhemig obriga os trabalhadores a continuarem trabalhando mesmo com suspeita de Covid ou com caso confirmado, porém assintomático. Também no João XXIII houve relatos de racionamento de EPIs, como as máscaras N95, e armazenamento indevido dessas mesmas máscaras, podendo aumentar a contaminação entre os funcionários.
Isso ocorre por conta do descaso dos governos, que não garantem testes e EPIs o suficiente para os trabalhadores da saúde e nem para o conjunto da população. Minas Gerais foi um estado marcado por subnotificação dos casos de coronavírus durante a pandemia, reaberturas irresponsáveis e ataques aos trabalhadores aproveitando a quarentena.
Enquanto uma parcela significante da classe trabalhadora segue trabalhando sem condições sanitárias adequadas, e por vezes, como diz essa denúncia, em locais insalubres, os governos seguem “passando a boiada”, com reformas e ataques aos trabalhadores. Por vezes os governadores aparecem como oposição a Bolsonaro, como Dória e Witzel, por outras como capachos do presidente, como Zema, mas estão sempre em unidade quando o assunto é atacar a classe trabalhadora e proteger o lucro dos capitalistas. No caso de Zema, em MG, seu papel tem sido o de seguir à risca a linha política de Bolsonaro e Mourão, e também de Guedes, que se concretiza na reforma da previdência a nível estadual.
Somente uma resposta realmente dos trabalhadores pode se enfrentar com esses ataques, organizando comitês em cada local de trabalho para que os trabalhadores decidam como irão lidar com a pandemia em seus próprios trabalhos, sejam em hospitais, setores de transporte, etc. É necessário contratações emergenciais para a área da saúde e diminuição da jornada de trabalho sem diminuição dos salários, para combater a pandemia e também o desemprego.
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