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FAKE NEWS
STF e Maia combatem fake news para aumentar seus poderes arbitrários
Yuri Capadócia
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O uso da mentira como método político para desqualificar oponentes e mobilizar a opinião pública contra um adversário não é novidade na política. Entretanto, na era das redes sociais e da big data esse método assume uma nova proporção. A extrema-direita, intrinsecamente habituada a disseminação de discurso de ódio, se apropriou das novas tecnologias para vociferar seu discurso como nunca antes. Como Trump e Steve Bannon já haviam feito, Bolsonaro e seus filhos transformaram as fake news em carro chefe de seu discurso político, elevando a um grau de profissionalismo, mobilizando uma rede de disseminação do ódio. Como vimos no mais recente ataque patrocinado pelo "gabinete do ódio" bolsonarista a Felipe Neto, caluniando o youtuber com acusações de pedofilia.

Se na campanha eleitoral essa arma teve como alvo principal a esquerda, em conhecidas batalhas ideológicas contra a "ideologia de gênero", o "globalismo", o "ambientalismo", entre outros delírios olavistas; a partir da vitória eleitoral as hordas bolsonaristas também se voltaram contra aqueles que os ajudaram na eleição, como o STF, Rodrigo Maia e outros reacionário da direita tradicional. Só a partir desse momento, o judiciário que até então havia feito vistas grossas as fakes news, inclusive engavetando julgamentos em relação aos crimes eleitorais cometidos pela chapa Bolsonaro e Mourão durante as eleições, passou a combatê-las.

No final de semana o ministro Alexandre de Moraes obrigou que o Facebook e o Twitter derrubassem várias contas de bolsonaristas que atuavam como parte dessa rede de ódio, o que só pode ser caracterizado como uma censura prévia por parte da Suprema Corte a partir de seus poderes autoritários. A decisão de Moraes provocou iludidas comemorações daqueles que reprovam a verborragia nojenta de Bolsonaro e seus aliados, mas sem perceber que esse combate arbitrário do judiciário pode a qualquer momento se voltar contra a esquerda. O presidente do STF Toffoli, reivindicando os superpoderes do tribunal, declarou que cabe ao judiciário ser o editor da sociedade. Se nos últimos tempos, o judiciário já veio atuando como árbitro, tomando as redes da política para conduzir os ataques contra os trabalhadores, agora se proclama como "editor" para decidir de antemão e segundo seus interesses quais opiniões podem ser ditas ou não.

Não é apenas o judiciário que quer aparelhar essa discussão, Rodrigo Maia e o Congresso correm para votar antes das eleições um projeto de lei para regulamentar o combate as fake news, desejando também arbitrar a questão.

As mesmas instituições que se uniram para apoiar Bolsonaro nas eleições, perdoando as inúmeras fake news que ele promoveu desde lá, ou que agora estão em trégua com o presidente em meio às mais de 90 mil mortes e da crise econômica, não tem o interesse concreto de combater a desinformação, apenas querem aparelhar essa luta para incrementar seus próprios poderes. Os trabalhadores não podem confiar que das mãos das instituições pode vir qualquer combate consequente contra Bolsonaro, isso apenas alimenta o crescente autoritarismo do regime que a qualquer momento pode se voltar contra as organizações dos trabalhadores.

As instituições, das quais fazem parte os grandes monopólios de informação como a Globo, fazem demagogia em torno da liberdade de expressão, pois sempre detiveram o monopólio da informação fazendo verdadeiras campanhas de desinformação, como foram as defesas em torno da reforma trabalhista que traria milhões de empregos ou da reforma da previdência que beneficiaria a sociedade. Essas instituições liberais fingem apoiar a liberdade de expressão quando seu verdadeiro interesse é cercear vozes dissonantes dos trabalhadores, em prol de manter seus interesses dominantes e legitimar seus ataques.

O combate a Bolsonaro e aos militares não pode abrir margem para o fortalecimento do restante das instituições do regime que compartilham com ele sua agenda de ataques econômicos. Nas mãos dessas instituições o combate a desinformação da extrema-direita pode rapidamente se transformar em censura às organizações e lutas dos trabalhadores. Por isso, que batalhamos por uma resposta classista a crise sanitária e econômica que parta dos trabalhadores para que não sejam nós a continuar pagando pela crise. O povo tem que decidir, por isso defendemos uma nova Assembleia Constituinte Livre e Soberana que mude não apenas os jogadores mas todas as regras desse sistema político podre.

 
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