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CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA E DOS EUA
Confira a intervenção de Violeta Tamayo da LOR-CI da Bolívia na sessão de encerramento da Conferência Latino-americana e dos EUA
Redação

Confira a intervenção de Violeta Tamayo, da LOR-CI da Bolívia e integrante da Fração Trotskista - Quarta Internacional (FT-QI), na sessão de encerramento da Conferência Latino-Americana e dos EUA.

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Hoje 01 de agosto ocorre a sessão de encerramento da Conferência Latino-Americana e dos EUA. A conferência está sendo impulsionada pela Frente de Esquerda dos Trabalhadores da Argentina, reunindo organizações e partidos socialistas de todo o continente americano, e já teve sessões na quinta e sexta-feira.

Veja abaixo transcrição da intervenção de Violeta Tamayo e no final da matéria o vídeo completo da sessão de hoje:

Saudações a todes. Sou Violeta Tamayo, dirigente da juventude da Liga Operária Revolucionária e da Agrupação de Mulheres Pão e Rosas, organização irmã do PTS e de todas as organizações que integram da Fração Trotskista. Como sabem, Bolívia viu combinada a crise política estendida desde o golpe de Estado, com a crise de socio-salubridade, na qual existe uma gestão absolutamente negligente por parte do governo golpista, deixando um cenário de catástrofe e morte, com uma repressão ascendente, criminalização da pobreza e da manifestação e prorrogação indefinida das eleições. Tudo isso, despertou uma enorme insatisfação, que graças ao papel do partido de Evo Morales, o MAS, a burocracia sindical e sua maioria parlamentar que vem negociando com o golpismo desde novembro, canalizam a indignação para ilusões eleitorais, sem um programa que possa dar uma saída a essa crise brutal com os setores empobrecidos, como seria a nacionalização do sistema de saúde, por exemplo.

Para poder entender como se chegou a este cenário, quero voltar na evolução política nacional me concentrando na posição das organizações de esquerda, sobretudo durante o golpe de Estado. Neste ponto, deve-se sinalizar como exemplo máximo de capitulação o POR, partido histórico do trotskismo boliviano, que defende que os acontecimentos de novembro foram nada mais e nada menos que uma “rebelião popular” e participou do levantamento direitista, inclusive com representantes dentro de organismos poli-classistas que cumpriram um papel reacionário, como nos chamados comitês cívicos.

Hoje, o POR não apenas está ausente nas mobilizações, demonstrando seu desinteresse por disputar essa enorme base social com o MAS, mas que também padece de um sectarismo depreciativo das mesmas. Estas posições não caem do céu, foram construídas há anos, não só no POR mas também em outras organizações que enquanto sinalizavam corretamente a nível internacional que existiu um golpe na Bolívia, localmente não tem coragem para caracterizá-lo como tal até hoje; é o caso da ARTP, companheires que também estão presentes nesta conferência e que no levantamento direitista diziam abaixo Áñez e abaixo o parlamento no mesmo nível.

Falo de organizações que se somaram a organismos de conciliação de classe como a CONADE, que participaram a nível nacional dos conflitos pelo Referendo Constitucional com o movimento 21F, e no caso mais extremo como o POR durante o golpe do Estado, sem considerar a composição de classe das mobilizações, que na sua maioria eram de classe média acomodada branco-mestiça, à frente da burguesia cruceña e partidos da extrema direita; o programa, que ainda que se apresentasse como democrático porque o MAS entregou essas bandeiras com diversos avanços autoritários, tinha um conteúdo racista e absolutamente pró-burguês e o mais importante, o papel do imperialismo, inegável durante o golpe de Estado, e que com um pouco de internacionalismo podia ser lido corretamente desde o começo.

Nós viemos lutando há anos contra a usurpação da luta pelas liberdades democráticas destes “movimentos cidadãos”, e contra as políticas anti-populares do MAS, sem ceder nem um centímetro para direita boliviana, nem integramos mobilizações como as do movimento 21F, que foi o gérmen desse levante direitista. Durante o golpe de Estado, a partir da LOR-CI participamos das manifestações que responderam espontaneamente aos tanques militares nos massacres de Senkata, Ovejuyo e Sacaba; e frente ao cerco midiático, temos o orgulho de dizer que o La Izquierda Diario tem sido uma ferramenta potente que nos tem permitido nos vincularmos a diversos setores dentro dos quais temos ganho reconhecimento, como os que protagonizaram a resistência em Senkata. Além disso, através do Pão e Rosas, temos dado uma importante batalha no movimento de mulheres para que a mobilização do 8 de março fosse encabeçada pelas mulheres vítimas dos massacres de Senkata e outros sindicatos de mulheres trabalhadoras, e o conseguimos. Isso foi um grande feito político importante porque no golpe também se dividiram águas dentro do movimento de mulheres, com um feminismo liberal e institucional à favor do bloco da extrema-direita.

Acreditamos que hoje temos um enorme desafio já em andamento: construir uma alternativa política revolucionária internacionalista, que na Bolívia tem a tarefa de disputar esta enorme base social com o MAS, e esta luta só pode acontecer se não é junto à classe trabalhadora e setores populares mobilizados. Desejo resgatar o que já mencionou minha companheira Jimena Vergara no primeiro dia da conferência, sobre a necessidade de superar a ideia de que esta tarefa será levada adiante crescendo um a um, a partir da FT apostamos na construção de um partido revolucionário fazendo uma experiência maior junto a organizações revolucionárias que possam tirar as melhores lições dos grandes combates da luta de classes, como o que temos vivido na Bolívia, estando presentes em carne e osso, disputando esse terreno com as variantes reformistas. Saudamos a partir disso, este importante ato convocado pela FIT-U. Obrigada.

Veja o vídeo completo da sessão de encerramento da conferência

 
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