Como foi amplamente noticiado esta semana, os cabides de empregos não são exclusividades dos militares no governo Bolsonaro. Diversos parlamentares, em todas as regiões do país têm esposas, filhos e filhas ganhando cargos em empresas e órgãos nacionais pelo Brasil.
Nesta semana vimos ser frustrada a tentativa de nomeação do General Braga Netto após ampla repercussão negativa. O que vemos na prática é que não são só os militares que se aproveitam desta situação junto ao governo Bolsonaro.
Em matéria veiculada pelo Jornal O Globo são mostrados diversos casos espalhados pelo Brasil de políticos que se escoram no apoio ao governo para distribuir cargos a familiares. Bolsonaro que se elegeu com o discurso do fim do "toma lá, dá cá’, perpetua a tradição clientelista da política brasileira. Muito antes da saída de Moro abrir a porteira de vez para o casamento Bolsonaro e Centrão já havia muitos laços de proximidades.
Só na Funasa (Fundação Nacional de Saúde), entidade vinculada ao Ministério da Saúde, o governo nomeou em agosto passado a mulher do líder do PL, Wellington Roberto (PB), Deborah Roberto, e uma tia do deputado Gustinho Ribeiro (SD-SE), Maria Luiz Felix. Em 17 de abril de 2019, o deputado Julio Cesar (PSD-PI) conseguiu a nomeação de sua irmã, Jacqueline Carvalho Maia, na Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Ela é assessora da presidência da companhia, ligada ao Ministério da Agricultura.
Essa prática que de tão feita, já até deixou de ser considerado nepotismo para o STF. Para nosso tribunal maior esse tipo de benefício só é crime quando o político obteria algum ganho direto por isso.
Confiar ao STF a tarefa de fiscalizar atos como esse seria como colocar lobos a julgar cachorros. A justiça brasileira também é um ótimo cabide de empregos e com a benção de ser um setor da sociedade acima das leis, sem julgadores.
Tivemos um caso recente que gerou uma certa repercussão também. O filho do ministro do STJ passou a presidir o STJD, corte responsável no Brasil por julgamento relativos a esportes. Essa família inclusive nutre relações com diversos membros da cúpula política do atual governo e tem relações com membros do PSL e outros partidos.
Sem nenhuma vergonha o judiciário brasileiro mostra que é parte do núcleo central da burguesia brasileira e ela o é dotada para reforçar e perpetuar as maiores injustiças contra o povo pobre e negro. Assim como o são a camada dirigente da burguesia que ocupa os comandos do congresso e da presidência.
O judiciário é parte do engodo político que desde sempre serviu aos interesses da burguesia.
O sentimento de consternação e indignação com estes casos não deveria nutrir somente o sentimento de “mais do mesmo” em relação ao que acontece pelos corredores de Brasília. Deveria acompanhar o sentimento de nenhuma confiança com nenhuma destas instituições e a superação delas pela esquerda, com o anseio de construir uma nova sociedade em que este povo pobre e negro é quem dite as regras.
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