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RETORNO ÀS AULAS EM SP
Trabalhadores da Educação desmascaram Secretário da Educação em live sobre a volta às aulas em meio à pandemia
Redação

Durante a live com o secretário municipal de educação de SP, trabalhadores da educação, votados na base para representarem as suas DREs, rechaçaram o plano de retorno às aulas do governo. Grazielle Rodrigues, militante do Movimento Nossa Classe Educação (MRT), representou a DRE Jaçanã-Tremembé.

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Na manhã de hoje (15) foi realizada mais uma live entre o Secretário da Educação da cidade de São Paulo e os representantes eleitos entre as professoras, coordenadoras, diretoras, supervisoras, e o quadro de apoio, assim como das famílias dos estudantes da rede municipal na Diretoria de Ensino Jaçanã Tremembé. Essa live é parte de um ciclo de debates sobre o retorno às aulas presenciais anunciado pela prefeitura para 08/09, e dos protocolos que a Secretaria de Educação elaborou para orientar esse retorno. Assista a live na íntegra aqui.

Leia também: Professores de SP rechaçam o retorno às aulas em lives com o irresponsável secretário Bruno Caetano.

Como muito bem apontado pelas representes da comunidade escolar na live, não há condições reais de implementar os protocolos de volta às aulas propostos pelo secretário da Educação da cidade de São Paulo Bruno Caetano e pelo prefeito Bruno Covas. Essa posição que vem sendo repetida em todas as lives desde sexta-feira quando se iniciou esse ciclo chamado pela SME de “fala rede”, hoje novamente se reafirmou, tendo em vista que na realidade se propõe a reabertura das escolas acompanhando a reabertura do comércio, e por consequência, se normalizando a situação gravíssima que ainda vivemos no Brasil - e em São Paulo principalmente -, com uma flexibilização cada vez maior das atividades laborais visando a manutenção de um sistema econômico que vem se desnudando e mostrando sua verdadeira essência ao longo dos últimos anos.

Como foi reafirmado pelos representantes da comunidade escolar, o discurso do Secretário acompanha, na realidade, uma demanda que é do mercado e dos patrões e que é imposta aos responsáveis das crianças e adolescentes. São essas forças das burguesias que se expressam na figura dos patrões e do mercado que impõem a necessidade de os trabalhadores e trabalhadoras voltarem aos seus postos de trabalho para, assim, proteger suas economias particulares; pressionam, então, o estado a reabrir o local onde esses trabalhadores deixam seus filhos. Não há uma preocupação real com a educação das crianças e dos jovens nessas propostas de volta às aulas nesse momento, é uma questão muito mais de logística para que a economia dos burgueses não pare.

A política expressa na inadequada proposta de volta às aulas ignora, por exemplo, dados extremamente relevantes sobre quem são os principais atingidos pela pandemia.

O risco de morte pela covid-19 é 62% maior entre pessoas negras em comparação às pessoas brancas, e como foi muito bem apontado na fala da professora representantes das EMEFs e militante do Movimento Nossa Classe Educação (MRT), Grazieli Rodrigues, apontando que a grande maioria das funcionárias dos serviços mais essenciais nas escolas, como merendeiras e trabalhadoras da limpeza terceirizadas são mulheres negras. Portanto, não é que essas pessoas sejam geneticamente mais vulneráveis ao vírus do que outras, mas é a condição a que são expostas em seus locais de trabalho, em seus bairros, no transporte público em que passam horas de seus dias, etc., que as expõem mais ao vírus do que a outras. Veja a fala da professora Grazieli:

E é exatamente pela implementação dessas políticas que procuram dar respostas a setores da burguesia que esse quadro se agrava cada dia mais, não ligam se essas trabalhadoras morrerão exercendo seus serviços ou não, se se contaminarão nas escolas e levarão o vírus às suas famílias. Nada disso realmente importa, apenas querem que a economia vá voltando ao normal e, para isso, usarão as escolas como verdadeiros “depósitos de crianças para viabilizar a exposição dos responsáveis à pandemia para garantirem a exploração dessas pessoas” e desconstruindo seu sentido pedagógico que, segundo as representantes dos trabalhadores da educação na live, se contrapunham as principais bases educacionais da rede. Não nos dizem, porém, que a “normalidade” que nos querem impor é, na realidade, a normalização da morte; e da morte, principalmente, de uma parcela da população que tem cor e classe social bem definidas, aquela que ocupa os postos de trabalhos mais precários e que ainda sustenta todo esse sistema desigual.

Uma questão de extrema importância levantada e defendida pelas presentes na live é que a comunidade escolar passe a ser, de fato, parte da construção de um protocolo de retorno racional e que a Secretaria Municipal de Educação reconheça a organização democrática e ampla que os profissionais da educação vêm fazendo nas regiões que atuam, trazendo a comunidade escolar para o centro da discussão, inclusive as trabalhadoras terceirizadas que serão essenciais em qualquer retorno, conformando dessa forma espaços deliberativos em que todas as propostas sejam ouvidas e avaliadas, sendo essas vozes a darem o tom do que é cabível ou não de se realizar nos próximos meses no que diz respeito à volta às aulas durante a pandemia.

As representantes deixaram bastante marcado que ao se posicionarem contra o protocolo de retorno às aulas, não queriam contrapor suas reivindicações e preocupações aos interesses dos estudantes e de toda a população, como muitas vezes se faz entender a partir do discurso dos governos. Sabemos que são essas trabalhadoras, muitas vezes mães com mais de uma jornada de trabalho, que servem diariamente à população com excelência, apesar de todos os percalços do dia-a-dia impostos pelas condições precárias de trabalho à que são expostas. Prova disso é a organização que diversas professoras tiveram durante essa pandemia, organizando coleta e distribuição de cestas básicas para as famílias de seus alunos, ao mesmo tempo se reinventando para dar conta de transmitir conteúdos aos poucos que têm acesso ao EAD – sendo a denúncia da exclusão do EAD e da abstenção dos governos em relação a demanda de alimentação para todos na pandemia e mediante o fechamento das escolas.

Bruno Caetano, 13 lives e uma imposição: o retorno prematuro das aulas

Quando o secretário afirma na live que não está pautando suas políticas para a educação sobre os pilares do que o mercado manda e sim sempre respaldado por órgãos de saúde, nos vemos na necessidade de questioná-lo novamente sobre os motivos, então, de anunciar o retorno das aulas presenciais num momento tão delicado no que diz respeito à saúde de todos os que englobam e trabalham para o funcionamento da rede pública de ensino. A reabertura das escolas vem sendo programada justamente no momento que o pico de infecções e mortes pela covid-19 é esperado; não há nenhuma justificativa, do ponto de vista sanitário, para que as escolas reabram como proposto pelo secretário e pelo prefeito, nem seguindo os irrealizáveis protocolos sugeridos.

Por último, é impressionante a desfaçatez do secretário em acusar as trabalhadoras presentes de estarem usando argumentos político-partidários para denunciar a situação de seus alunos, colegas e trabalhadoras da rede de ensino, assim como das instalações de ensino; diz que, como secretário, não está ali “seguindo uma política”, e não poderia estar mais equivocado nessa sua superficial análise da função real de um secretário municipal da educação, que prova dia após dia como os interesses político partidários do PSDB se fazem plasmar nos ataques e medidas privatistas e de desmonte na educação.

Leia aqui: Saiba quem é Bruno Caetano, o secretário da educação de SP que os empresários gostam.

Não adianta aparecer com frases prontas e falácias sobre ser “um servidor público” tentando fazer parecer que seu cargo é meramente técnico, submetido às vontades, necessidades e demandas das comunidades escolares, quando na realidade é um cargo indicado a dedo para implementar uma determinada política; política essa que abrange não só a educação dos nossos filhos e filhas, mas todos os outros setores das nossas vidas. Literalmente ditam os ritmos de nossas vidas com as políticas que implementam para manter essa estrutura social desigual imposta pelo capitalismo.
Nós do Esquerda Diário, que estamos cobrindo as lives que acontecerão nas 13 Diretorias de Ensino, nos colocamos ao lado dos trabalhadores da educação em suas reivindicações que expressam uma profunda preocupação com suas vidas, condições de trabalho e com as demandas de toda população e que se propõem a ser parte da construção de quais protocolos são necessários para que qualquer retorno às aulas não seja pautado pela normatização da pandemia como vem fazendo Bolsonaro desde que tudo isso comentou, mas sim pelos critérios estabelecidos pelos que constroem ativamente o chão da escola.

 
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