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ATO INTERNACIONAL FT
Ato internacional mostra o impacto mundial das lutas antirracistas e marca lições para classe trabalhadora em todo o mundo
Redação
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Internacionalista, impactante e inédito, o ato internacional contra o racismo e violência policial foi assistido simultaneamente por milhares de pessoas em todo mundo, transmitido ao mesmo tempo por todos canais da Rede Internacional de diários Esquerda Diário. O ato marcou com profundidade a relação intrínseca de capitalismo e racismo; mostrou a força do impacto mundial da luta antirracista iniciada nos EUA. Essa luta, que impactou em todo o mundo, abre importantíssimas conclusões para a luta revolucionária da classe trabalhadora mundial, outro tema central deste ato internacional.

O ato internacional promovido pela Fração Trotskysta - Quarta Internacional (FT-QI) e pela Rede Internacional de Diários Esquerda Diário contou com falas de militantes socialistas e revolucionários dos EUA, França, Brasil, Chile, Bolívia, Alemanha, Reino Unido, e Argentina.

Assista o ato completo abaixo:

O ato começou com a abertura feita por Nicolas Del Caño e Myriam Bregman, dirigentes do PTS, partido irmão do MRT na Argentina. Em sua abertura marcaram a relação de capitalismo e racismo, bem como marcaram as ações que o PTS, junto às correntes que impulsionam a Frente de Esquerda Unidade (FITU), promoveram como parte do movimento internacional do Black Lives Matter e em denúncia do racismo na Argentina.

A primeira fala do ato foi feita por Anasse, ferroviário francês, filho de imigrantes, militante trotskista da CCR-NPA. O trabalhador dos transportes combateu em sua fala o discurso da burguesia de que aquele país estaria isento do racismo que se viu nos EUA. Muito pelo contrário, a luta antirracista ecoou fortemente lá, o comitê por justiça para Adamé Traoré, assassinado pela polícia, tem cumprido um grande papel para unificar diferentes setores para confluir nas ruas na luta antirracista.
Anasse mostrou como no início da pandemia setores que vinham mais para trás nas lutas da classe trabalhadora entraram em cena, e como é possível ver como estão se acirrando os antagonismos de classe, mas também como nunca antes está patente o papel central do proletariado. As fronteiras que a burguesia impõe à classe trabalhadora não são as fronteiras da luta de classes, pontuou ele. A luta dos Coletes Amarelos franceses impactaram no Chile, na Argélia e em outros países. E agora a luta do Black Lives Matter abre novas perpsectivas mundiais. Em um momento de conclusão de sua fala pontuou como é possível prever maiores conflitos “e que temos que nos preparar a luta de classes, “nos preparar para a luta de classes, não só para lutar por lutar mas para ter vitórias que preparem a derrubada da burguesia em escala mundial”.

O ato seguiu com saudações da Inglaterra e da Alemanha. A fala de Londres, coube à professora universitária Alejandra Rios, que mostrou a força das mobilizações antirracistas naquele país, lutas que mostraram as raízes do racismo no colonialismo e no imperialismo, localizando particularmente o imperialismo britânico, culminando na icônica derrubada de estátuta de escravocrata em Bristol. A fala feita a partir do território do imperialismo Alemão coube a Yunus Ozgur, filho de imigrantes. Ele mostrou os escandalosos casos de empresas alimentícias contaminando milhares de trabalhadores e o racismo e xenofobia sofrida por estes trabalhadores, como os trabalhadores pagam com sua saúde os lucros dos capitalistas. Em seu discurso pontou o papel de Merkel em tentar manter vivo o projeto da União Europeia, e como para a classe trabalhadora este projeto ou o utópico retorno ao estado nacional capitalista não atende as necessidades da classe trabalhadora. Contra essas duas perspectivas, é preciso lutar com a perspectiva anticapitalista, levantando o programa de Estados Unidos Socialistas da Europa como defendiam diversos revolucionários, como Leon Trótski.

Em seguida o ato contou com duas falas do Brasil, país de maior população negra fora da África. Fizeram falas os dirigentes do MRT e do Quilombo Vermelho Leticia Parks e Marcello Pablito.

Letícia foi a primeira a falar e pontuou a força da realidade objetiva de que a maioria da classe trabalhadora é negra e feminina no país. Lembrando de casos escandalosos de crianças mortas pelas mãos da polícia, pelo racismo de patroas como aquele que ceifou a vida do pequeno Miguel, filho de Mirtes, também marcou a luta por justiça para Marielle Franco. Letícia marcou a crítica ao governo assassino de Bolsonaro, e sua sustentação por generais e a impunidade daqueles que assassinaram e mataram na ditadura militar. Em sua fala pontuou a necessidade de uma resposta independente da classe trabalhadora, combatendo aqueles que buscam unidade com a burguesia golpista na Frente Ampla, frisando a necessidade lutar por Assembleia Constituinte Livre e Soberana. Letícia concluiu sua fala marcando com a frase de Leon Trotski de que é necessário olhar o mundo com os olhos das mulheres, e como especialmente com os olhos das mulheres negras se tornará viva a luta para acabar com todas as correntes.

Marcello Pablito, mostrou como na vida dos entregadores vive a herança escravocrata, mas vive também a herança da luta negra, ouvindo-se nos atos deste setor precarizado da classe trabalhadora o grito de “as vidas negras importam”. Pablito mostrou como a história do movimento operário precisa ser resgatada, a escravidão foi um pilar decisivo na acumulação primitiva do capital, como pontuava Karl Marx e a história das internacionais revolucionárias da classe trabalhadora deixam patente a conexão da luta da classe trabalhadora com a luta contra o racismo. Resgatou a visão dos trotskistas da IV Internacional que mostravam como os negros estavam chamados a cumprir um papel de vanguarda na luta pela revolução socialista.
Em sua fala o dirigente do MRT também mostrou como o PT cumpriu um papel de continuar o racismo no país, e é responsável até hoje de continuar implementando ataques que a burguesia deseja impor a todos trabalhadores, como por exemplo nas reformas da Previdência impulsionadas por seus governadores. Pablito também mostrou como aquela mesma política que ajoelha no pescoço de George Floyd lá nos EUA é a mesma que mata milhares em favelas e bairros populares aqui. A luta nos EUA para expulsar os policiais dos sindicatos está oposta pelo vértice ao que defende parte relevante da esquerda socialista no Brasil, com, por exemplo, o PSOL e PSTU defendendo os assassinos policiais como parte da classe trabalhadora. Com conclusões como as que o movimento antirracista mundial deixa patente é possível lutar por uma caminho para reconstruir a Quarta Internacional.

Antes do ponto culminante do ato com as falas desde o coração do levante antirracista nos EUA houve mais 4 falas da América Latina. Começando com saudações de dirigentes do MST e da Izquierda Socialista, correntes que compõem a FIT-U na Argentina, e depois saudações do Chile e da Bolívia.

Desde o sul do Chile, Camila Delgado do PTR, mostrou o vínculo da violência policial e racista contra os mapuches, e por outro lado, como flamulavam as bandeiras deste povo no levante chileno, os atos de derrubar estátuas agora espalhados pelo mundo também estiveram vivos no Chile. Em sua fala marcou como os milhões que despertaram e que a tarefa hoje é de se preparar para vencer. Delgado, narrou como o PTR tem discutido com centenas de trabalhadores e jovens que se organizam nos comitês de emergência desde o levante em seu país, a necessidade de construção de um partido revolucionário dos trabalhadores que, entre outras coisas, supere a burocracia sindical que impediu que o levante derrubasse o governo de Piñera, permitindo sua continuidade e sua imposição de uma crise sanitária, sem precedentes, paga pelo povo chileno.

Em outro país andino, na Bolívia, que sofre um governo golpista e racista, em que forças de direita agrediram mulheres indígenas nas ruas, Carlos Cornejo , dirigente da LOR-CI deixou muito fortemente pontuado o vínculo do imperialismo no assassinato de George Floyd mas também em golpes racistas como em seu país. Em sua fala levantou o programa de dissolução das forças repressivas e que os recursos de seu financiamento sejam imediatamente transferidos para a saúde.

No ponto culminante do ato fizeram falas quatro revolucionários nos EUA. Começando com Mike Pappas, médico de Nova Iorque. Mike narrou sua prisão arbitrária e ilegal pela polícia de uma cidade governada por democratas quando participava do movimento Black Lives Matter, mostrou como amplos setores da classe trabalhadora, começando pelos trabalhadores de saúde tem se unido ao movimento antirracista ->http://esquerdadiario.com.br/Mike-Pappas-dos-EUA-Nos-trabalhadores-da-saude-condenamos-o-terror-policial-e-nos-unimos-ao-Black] e como há uma onda de greves nos EUA. Em sua fala deixou muito marcado como o partido democrata que enche sua boca para falar bem dos manifestantes, também os reprime onde governa e marcou a necessidade de seguir o exemplo de sindicatos que já votaram a expulsão dos policiais dos sindicatos e levar essa luta em todo o país. A probabilidade de maiores conflitos da luta de classes, oferece a oportunidade de recuperar as organizações operárias para a luta da classe trabalhadora, expulsando as burocracias sindicais de seu seio e assim derrotando sua política de atrelar os trabalhadores aos dois partidos patronais dos EUA. Nessa perspectiva atua o Left Voice, site em inglês da Rede de Diários Esquerda Diários, buscando sentar caminho para contribuir na construção de um partido revolucionário de trabalhadores.

Depois de Mike, Manny, ativista negro da “Assembleia Popular da Ocupação da Prefeitura de Nova Iorque”, no chamado “Parque da Abolição” fez breve fala [destacando a necessidade de lutar pela abolição da polícia e do capitalismo. Na sequência Maryam, filha imigrantes iranianos fez uso da palavra.

A jovem ativista universitária falou como sua geração já sofreu duas crises econômicas e à luz destas experiências, da crise climática e da pandemia não é de espantar como muitos mostram-se simpáticos à idéia do socialismo. Em sua fala de forte conteúdo antiimperialista mostrou os sofrimentos de povos que padecem as consequências das sanções imperialistas dos EUA e continuando a fala de Mike Pappas deu muita ênfase a como os diferentes partidos capitalistas oferecem migalhas diante da crise e como é necessário não somente desfinanciar as polícias mas aboli-las completamente, o que exige a derrubada do capitalismo. Em sua fala deixou muito marcada o papel do Partido Democrata como coveiro dos movimentos sociais e que é preciso construir um partido independente, da classe trabalhadora e revolucionário, que coloque seus próprios candidatos, que luta pela abolição da polícia, da polícia de imigração ICE, por sistemas de saúde e educação gratuitos, que lute por abolir as fronteiras. A necessidade deste partido se faz sentir quando os sofrimentos impostos pela crise mostram como o futuro socialista está no horizonte, e como estão ali aqueles que querem lutar por ele, concluiu ela.

Concluindo o ato Julia Wallace, militante trotskista há 2 décadas, negra de Los Angeles, filha de professora de auto-defesa do Partido dos Pantera Negras fez uso da palavra. Wallace mostrou como “as pessoas explodiram. Não somente contra a polícia em Minneapolis, mas contra a polícia no mundo. Relíquias da escravidão foram derrubadas perante multidões de jovens que comemoravam. Delegacias foram atacadas, carros da polícia foram queimados, lojas como a Target foram queimadas com apoio massivo. Ruas e quarteirões foram tomados e ocupados.”
Ela mostrou como esta luta contagiou não somente os negros mas que ergueu uma profunda luta multi-étnica nos EUA criando um pesadelo para a burguesia norte-americana, que por longos séculos fez uso de diversos leis e benefícios tentando separar as massas trabalhadoras brancas das massas trabalhadoras negras. Sob Trump o partido Republicano adotou para si o supremacismo branco porém não é verdade que os democratas sejam uma alternativa, pontuou. “Nos governos de Clinton e Obama, os negros foram desalojados e atacados de uma maneira sem precedentes. Agora, os democratas se ajoelhando no chão do Congresso, vestindo tecidos étnicos africanos, dizem apoiar o movimento. Enquanto isso, quando a noite a cai, eles jogam gás lacrimogêneo e batem nos manifestantes nas ruas”. Sob Clinton e Obama os despejos de negros de suas residências bateram recordes e não serão com pequenas concessões que serão cooptadas as massas que podem mais do que escolher em uma outra alternativa para “fortalecer nossa própria opressão”.

“Como a pandemia do coronavírus nos mostrou, os patrões não são essenciais. A classe trabalhadora é essencial”. Julia ressaltou como a pandemia deixou evidente que são os trabalhadores que fazem girar a roda do mundo, e que também são os trabalhadores que podem fazer parar de girar a roda do capitalismo: “trabalhadores podem organizar toda a produção e a reprodução a serviço de todas as nossas vidas, ao invés dos lucros”. Ela levantou também a necessidade de trabalhadores sindicalizados e não sindicalizados, das categorias mais precárias, precisam se organizar em unidade, desde os seus locais de trabalho e suas comunidades, para lutar contra o racismo, o capitalismo, e seus patrões. Mas também ressalta que é necessário lutar contra as burocracias sindicais, que se recusam a mobilizar a nossa classe para lutar em defesa dos nossos empregos e de nossas vidas.

“Nós, a classe trabalhadora e os oprimidos, precisamos de um partido político independente dos capitalistas e dos imperialistas. Sem policiais, sem patrões ou racistas como membros. Temos que nos organizar politicamente nas ruas e nos locais de trabalho e construir um partido que represente os nossos interesses”
Julia coloca que este desafio, de forjar e erguer um partido revolucionário, independente, é enorme. “Mas seria um desafio histórico com consequências históricas”. Ela segue, dizendo que essa tarefa não pode ser vista de forma separada a de se construir um partido internacional da classe trabalhadora, que para ela, e para a Rede Internacional de Diários, Esquerda Diário, significa a reconstrução da IV Internacional.

“É o que Trotsky e os trotskystas americanos do original Partido Socialista dos Trabalhadores, o SWP, entendiam como sua tarefa no final dos anos 1930”. E ela seguiu, estendendo este chamado: “Nós convidamos todos os jovens nas ruas, ativistas negros e latinos lutando contra a violência policial, socialistas, trabalhadores se levantando contra o capitalismo, para reconstruir conosco a Quarta Internacional”.

E justamente com esse chamado de empenhar nossas forças para reconstruir a IV Internacional os âncoras do ato em Buenos Aires, Nicolás Del Caño e Myriam Bregman convidam os trabalhadores e os jovens para novos eventos internacionais que iremos construir em agosto quando acontece o 80º aniversário do revolucionário Leon Tróstski sob as mãos do stalinismo para continuar a luta antirracista mundial e erguer a luta internacional da classe trabalhadora e seu instrumento para a destruição do capitalismo, a reconstrução da IV Internacional.

 
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