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ATO INTERNACIONAL - BRASIL
"A polícia que ajoelha no pescoço do povo negro não é nossa aliada!", diz Marcello Pablito
Redação

Marcello Pablito é dirigente da agrupação de negras e negros Quilombo Vermelho, dirigente do MRT, Movimento Revolucionário de Trabalhadores, organização que impulsiona o Esquerda Diário. É também trabalhador do bandejão da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp, e representou junto com Letícia Parks o Brasil no Ato Internacional Simultâneo nesse sábado, 11 de julho, contra o racismo e a violência policial.

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Com oradores dos Estados Unidos, França e Brasil, e saudações da Grã Bretanha, Alemanha, Chile e Bolívia, o ato ocorreu neste sábado, 11, contra toda forma de racismo e violência policial.

A fala de Marcello Pablito buscou remarcar a relação umbilical entre a exploração capitalista e o racismo, e suas manifestações no Brasil contemporâneo. Com Bolsonaro na presidência, ao lado de Mourão e uma série de militares, é o governo que busca aprofundar o grau de exploração dos trabalhadores, de repressão policial nas favelas e periferias, para jogar a crise nas costas principalmente dos negros do nosso país.

Com uma nova Reforma Trabalhista e a Carteira de Trabalho Verde Amarela, Bolsonaro e seu governo buscam generalizar a retirada de direitos dos postos de trabalho, chamando de modernização um retrocesso nas relações de trabalho para padrões do século XIX.

Os entregadores de aplicativo, em sua maioria esmagadora trabalhadores negros, que realizaram uma tremenda paralisação internacional na semana passada, com destaque aqui no Brasil, trabalham sem nenhum direito e expressam essa forma ultra-moderna de exploração pelas plataformas de aplicativo, combinados com uma forma de servidão brutal, reveladora do legado escravista do nosso país.

"Essa é a chamada ’modernização das relações de trabalho’ defendida pelo Bolsonaro e pelas suas reformas. Não, isso não é modernização! ISSO SE CHAMA CAPITALISMO!", declarou Pablito

Essa paralisação de entregadores expressa o impacto da luta anti-racista dos EUA aqui no Brasil, e que se enfrenta contra o projeto de Bolsonaro e dos grandes capitalistas do nosso país. Não atoa são majoritariamente jovens negros, como assinalou Pablito, que nos protestos incorporaram o grito nos EUA de que “As vidas negras importam!”.

Como remarcou Pablito, a burguesia se usou de argumentos pseudocientíficos para justificar a inferioridade dos negros, que foi pilar fundamental do que Marx chamou de acumulação primitiva de Capital através de uma das maiores tragédias da humanidade que foi a escravidão de mais de 12 milhões de africanos.

"No Brasil o fim da escravidão aconteceu em 1888. E Nos ensinam que isso foi a obra da mão de uma princesa para esconder a história de luta do povo negro. A nossa história é a história dos Quilombos, de Zumbi de Palmares, da Revolta dos Malês, da Revolta da Chibata, dos operários que defendiam a unidade dos negros e brancos dentro dos sindicatos. É a história de um povo que grita até os dias de hoje: Nós FAREMOS PALMARES DE NOVO!"

Esses entregadores que ganham e perdem a vida sobre duas rodas, mostram como a burguesia até hoje precisa se apoiar no racismo para dividir os trabalhadores para nos explorar ainda mais. Mas mostram também que os negros estão convocados a assumir a linha de frente da luta contra o capitalismo, sustentando por um regime escravista no Brasil.

Diante disso, Pablito apresentou um debate sobre como o capitalismo, que nos EUA, no Brasil e em outros países, cedeu algumas políticas de ação afirmativa aos negros nas últimas décadas, mas que nesse momento de crise precisa aprofundar o racismo para garantir seus lucros. Por isso, que a luta anti-racista tem que se dar o objetivo de responder à realidade da maioria de negros que ainda vivem na miséria, com ainda 13 milhões de pessoas morando em favelas e 31 milhões sem saneamento básico.

"O próprio PT que aprovou a lei de cotas raciais, também aplicou ataques como a reforma da previdência nos estados onde eles governam. Por isso nós lutamos por cada direito do povo negro, mas o nosso objetivo não é que os negros possam ser parte da burguesia ou da classe média, enquanto a maioria do nosso povo vive na miséria. É por isso que nós lutamos contra o racismo de maneira inseparável da luta contra o capitalismo."

Nessa luta, Pablito não poupou palavras para dizer, contra o PT que fortaleceu a polícia com as UPPs e o massacre ao povo negro liderando as tropas no Haiti, e aqueles que acreditam que a polícia é parte da classe trabalhadora, que a luta nos EUA mostrou:

"A POLÍCIA QUE AJOELHA NO PESCOÇO DO POVO NEGRO NÃO É NOSSO ALIADO! É um grande erro que correntes da esquerda aqui no brasil, como o PSOL e o PSTU considerem os policiais como parte da classe trabalhadora e que eles deveriam estar dentro dos sindicatos. Isso quando todos os dias nas favelas nós perdemos milhares de jovens que são assassinados pela mesma polícia que organiza as milícias, que são bases do Bolsonaro"

Enquanto setores como MES-PSOL, PSTU e CST-PSOL realizaram uma live em defesa das greves e da sindicalização da polícia, Pablito afirmou:

“Nós temos que dizer no Brasil, como os trabalhadores em greve fizeram nos Estados Unidos, exigindo a expulsão dos policiais de todos os seus sindicatos”

Parafraseando o trotskista negro norte-americano, CLR James, que dizia que o único lugar que os negros não se rebelaram foi nos livros dos historiadores capitalistas, Pablito defendeu a necessidade de fortalecer a luta anti-racista recuperando a história do movimento revolucionário internacional

“Desde da época da I Internacional com Karl Marx, que apoiou a luta contra a escravidão, como na Guerra Civil dos EUA, contra o racismo e em defesa das lutas anti-coloniais, como na China e na Índia. Nós precisamos recuperar as batalhas da III Internacional antes da sua degeneração stalinista quando defendiam com todas as forças a igualdade salarial entre negros e brancos. E as batalhas da IV Internacional quando Trotski dizia que os trabalhadores negros conscientes estão convocados pela história a assumir o lugar de vanguarda da classe trabalhadora. Essas batalhas são mais atuais do que nunca.”

Finalizou remarcando que é esse papel histórico que os negros estão convocados a assumir contra a exploração sem limites do imperialismo sobre os negros e também os imigrantes. E que a única estratégia capaz de derrotar os capitalistas é a da unidade da classe operária, do Brasil e do mundo, na luta contra a exploração, a violência policial e na batalha para por de pé fortes partidos revolucionários em cada país no caminho de reconstruir a IV Internacional.

Assista a fala de Marcello Pablito no ato internacional simultâneo contra o racismo e a violência policial:

Assista na íntegra:

 
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