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ABSURDO
Nos EUA massas questionam a polícia, no Brasil Luciana Genro do MES/PSOL e PSTU debatem direitos dos racistas fardados
Marcella Campos

No Brasil, as organizações de esquerda seguem chocando com sua posição de defesa da polícia, como se fosse um setor que a classe trabalhadora precisa apoiar e se aliar. Enquanto o PT governou e governa ajudando a equipar as Rotas, BOPEs e outros assassinos, dirigentes de grupos socialistas debatem os direitos “sindicais” de assassinos fardados.

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Algumas das principais reivindicações do movimento de massas nos EUA surgido do calor da luta do Black Lives Matter são: desfinanciamento da polícia, abolição da polícia e expulsão dos sindicatos policiais das centrais sindicais. Todo o oposto que reivindicam PSTU e a corrente interna do PSOL, MES de Luciana Genro. Opõe-se as tradições marxistas e conclusões elementares que as massas nos EUA estão chegando hoje. Enquanto nos EUA negros, latinos e brancos querem expulsar os sindicatos policiais, aqui no Brasil diante da polícia mais assassina do mundo, algumas correntes estão discutindo o “direito de greve”, a sindicalização e outros direitos aos assassinos dos negros, pobres, e até mesmo de crianças como de forma recorrente e revoltante temos visto.

Essa visão já é um problema em qualquer situação e o que dizer então nesse momento em que se debate a violência policial até mesmo pela grande mídia burguesa, que não pode mais esconder os números ascendentes de assassinatos cometidos por policiais contra uma maioria esmagadora de negros, e o movimento de combate à polícia ganha contornos históricos nos EUA, incluindo ações operárias de diversas categorias contra o racismo e a polícia em seus sindicatos e locais de trabalho?

Mas é justamente isso que o PSTU e o MES, de Luciana Genro, Melchionna e Samia Bonfim, estão fazendo, chamando uma live com um delegado e um policial civil. A atividade é chamada com o título “O policial e o direito de greve” e será conduzida por duas figuras reconhecidas das duas organizações, Zé Maria do PSTU e Luciana Genro do MES, ambos já candidatos à presidência por seus partidos, ou seja, demonstram querer deixar claro que a defesa da polícia é uma hierarquia em sua política, inclusive nesta conjuntura, sem tirar nenhuma lição do apoio que o PSTU conferiu ao motim policial no Ceará apoiado por Bolsonaro e com diversos laços milicianos, nem mesmo tiram lições dos EUA. Defender o direito de greve dessa instituição racista e assassina do Estado, é defender o “direito” de que exijam melhores condições para atuar em sua função, assassinar jovens negros enquanto se aliam ideologicamente cada vez mais ao governo Bolsonaro, inclusive incitando motins milicianos quando necessário.

Enquanto trabalhadores e a juventude negra se organizam para rechaçar e expulsar policiais de seus sindicatos nos EUA, a esquerda brasileira defende o direito de policiais de se organizarem contra a população e o movimento antirracista no Brasil.

Em entrevista ao site UOL, o ex- corregedor da polícia militar de São Paulo, Coronel Marcelino Fernandes, diz que o governador João Doria autorizou e estimulou que os militares da corporação mais assassina do mundo batesse seus próprios recordes. É dele a frase “no meu governo a polícia vai atirar para matar”. No Rio de Janeiro as ruas seguem sendo manchadas de sangue da população negra, são incontáveis vidas tiradas pela bala da polícia, no estado onde o governador de dentro de um helicóptero fez sinal de arma com a mão apontando para as comunidades pobres, gesto que coincide com sua campanha eleitoral “a polícia vai mirar na cabecinha”. No Ceará, estado governado pelo PT, não satisfeitos de aplicar a política da morte nas ruas, os policiais decidiram assassinar a juventude pobre e negra dentro de suas casas, como foi o caso de Mizael Fernandes de 13 anos, assassinado essa semana.

Apenas 5% dos brasileiros acreditam que a polícia não é racista, segundo recente pesquisa, e 91% das pessoas conhecem o caso de George Floyd, nos EUA. Esses números deveriam receber mais atenção da esquerda brasileira, que prefere dialogar com os próprios policiais do que reconhecer que os trabalhadores, jovens e negros precisam de uma alternativa para organizar o rechaço a violência polícia.

Não existe margem para dúvida do papel que cumpre as policiais, braço armado do Estado, como debatemos nesse texto do Ideias de Esquerda

Por isso, há um abismo entre a concepção com que essas organizações de esquerda encaram a polícia e a violência policial e as jornadas de luta que explodiram nos EUA e levaram a uma onda global de combates antirracistas, com milhões em todo o mundo marchando em denúncia das instituições policiais, com negras, negros e migrantes a frente. Cabe as organizações que se reivindicam socialistas serem obstinados na batalha para que a classe trabalhadora, em cada país, chegue a conclusões mais profundas e estratégicas com esse rechaço e legitimo ódio que sentem da violência policial.

É com esse objetivo que a Fração Trotskista fará no próximo dia 11 de julho um ato simultâneo em diversos países levantando “basta de racismo e violência policial”, para apoiar as lutas da juventude e da classe trabalhadora, negros e oprimidos pelo mundo, que sofrem ainda mais as consequências do capitalismo pandêmico, morrendo aos milhares pelas mãos da polícia e pelo coronavírus.

Mais do que nunca, os trabalhadores merecem uma esquerda com independência de classe, que se enfrente com o racismo estatal e sua polícia.

 
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