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O estado de Israel a beira de outro ato de guerra
Mirta Pacheco

O 1º de julho foi a data que impôs Netanyahu para cumprir sua promessa, incentivada por Donald Trump, de anexar territórios da Cisjordânia. Implica mais direitos para os colonos sionistas e que os palestinos permaneçam encerrados em pequenas "ilhas" ou bantustanes.

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Foi seu cavalo de batalha durante todo o ano que durou a campanha eleitoral - na qual os israelitas foram três vezes votar -. Assim consolidou sua base de direita e também da extrema direita, como os colonos que habitam assentamentos na Cisjordânia.

No plano de anexação de Netanyahu, é praticamente uma cópia do apresentado por Donald Trump junto a ele, em janeiro deste ano. Cinicamente o presidente dos Estados Unidos o chamou "plano de paz para os palestinos" ou "o acordo do século".

A outra parte, os palestinos, não foram convidados nem sequer como expectadores.

Este plano o roubo descarado do território palestino (mais ainda), consiste (em seus objetivos de máxima) em anexar 30% da Cisjordânia, sobretudo o território do Vale do rio Jordão, fronteira com Jordânia e uma das zonas mais férteis desta região. Incorporando por sua vez, dentro das fronteiras de Israel os assentamentos, tanto os que para eles mesmos tem status legais, como até os considerados ilegais pelo Poder Judicial israelense.

Trata-se das colônias localizadas na área C, segundo a denominação dos acordos de Oslo, que está completamente administrada e militarizada por Israel, e abarca 66% do território da Cisjordânia. As outras áreas são as A (administrada pela Autoridade Nacional Palestina - ANP - e com polícia própria) e a B (administrada pela ANP, porém com controle militar do exército de Israel).

Isso implica que o que há hoje poderia ser definido como bantustanes (N.R: Cada um dos territórios onde estavam segregadas as pessoas não brancas da África do Sul durante o Apartheid) palestinos, sem conexão territorial entre eles, adquiria um estado permanente.

Um salto no roubo do território do povo palestino, um novo ato de guerra que pretende levar adiante o Estado Sionista israelense, na pessoa do ultradireitista Benjamin Netanyahu.

O primeiro ministro agora é parte de uma coalizão que inclui ao centro direita Kahol Lavan (Azul e Branco) com Benjamín Gantz encabeçando e apertado pela crise política interna - que ocasionou que em menos de um ano tivessem três eleições, devido a que nenhum candidato por si só conseguia ter os votos suficientes para que no parlamento (Kneset) pudessem encomendar-lhe formar governo.

Netanyahu que já leva mais de 13 anos no poder, tem muitas acusações, de três delitos ligados a corrupção: suborno, fraude e abuso de confiança. Mediante estas ações foi por um lado aumentando sua fortuna pessoal e da sua família e por outro conservando grandes cotas de poder.

Porém isso não pinta de corpo inteiro a quem dirige, agora em uma coalizão, as molas propulsoras do Estado sionista. O ex-chefe da unidade de elite das chamadas "Forças de Defesa Israelenses" - que tinha como uma de suas especialidades a inteligência militar e o "contrarreformismo"-, participou de muitas missões militares que tiveram como objetivo incursionar no território palestino para roubar mais terras, mediante o assassinato de setores da população nativa ou sua expulsão para campos de refugiados em países árabes fronteiriços ou na mesma Cisjordânia.

Por muitas dessas incursões militares, a fiscal geral da Corte Penal Internacional, considerou em dezembro do ano passado, que há suficientes evidências para acusar ao Estado Nacional Judeu de Israel, (assim denominado), de crimes de guerra.

Ninguém sabe ao certo qual é o plano de anexação que apresentaria o governo israelense. Seguramente as vacilações de seu sócio político, Gantz - mas também rival no que tange a manter sua própria carreira política -, somadas à crescente oposição a esse plano por parte dos principais Estados Imperialistas da Europa (não por razões humanitárias, mas sim por negócios que têm na região e sobretudo em meio à conversão dessa zona em um barril de pólvora), fez com que Netanyahu apresentasse a Gantz um plano que incluía uma "anexação simbólica". Uma porta de saída, se o plano de máxima se torna impraticável.

Os países árabes da região também levantaram sua voz para se opor a anexação

O mais decidido a impedir isso, apostando em negociações palacianas ( que na verdade nunca deram bons resultados para a palestina), é um rei da Jordânia, Abdulla II, que insiste em que "qualquer medida unilateral israelense de anexação das terras na Ribeira Ocidental é inaceitável e mina as perspectivas de conseguir a paz e a estabilidade na região".

Jordânia tem vivendo em seu território a maior quantidade de população palestina despejados em campos de refugiados pela avançada sionista. Mais de 2 milhões de palestinos vivem neste país, e no Líbano (outro dos países árabes que fazem limite com Israel) há mais que meio milhão.

Foi o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, que sustentou a ruptura de todos os acordos firmados com Israel, de Oslo para cá.

Um levantamento de palestinos nestes países, unidos a quem vivem na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, com a possibilidade de que se somem as massas árabes da região, poderia despertar a solidariedade do crescente movimento antirracista e contra a violência estatal que vem se dando em muitos países imperialistas. Isso é o pior pesadelo não só para Israel, mas também para as próprias burguesias árabes e sem falar dos governos destes países centrais.

Esta é a razão de fundo, a qual há que somar a oposição de um aparte importante da cidadania israelense, que por estes dias está fazendo duvidar ao atual ministro da defesa - Gantz - quem colocará no cargo de primeiro ministro. Esta semana já declarou que o 1º de julho "não é uma data sagrada".

Por outro lado, Israel ainda não recebeu sinal verde dos Estados Unidos para avançar concretamente. Se bem que Trump idealizou seu "acordo do século", a própria crise interna devido à pandemia e à oposição do Partido democrata, está fazendo por estes dias que a pressão entre o lobby sionista norteamericano, o Partido republicano e os dirigentes israelenses, seja incessante.

Neste ponto não é muito recordar que foi o próprio Partido Democrata, durante a presidência de Obama, que aprovou um aumento substancial da ajuda de custo destinada ao Estado de Israel, com o objetivo de seguir armando até os dentes a seu sócio sionista no Meio Oriente.

É mais, um dos ideólogos do aumento dessa "ajuda" o imperialismo norteamericano a Israel foi o próprio Joe Biden, agora candidato pelo Democratas à presidência. São U$S 38 milhões que os Estados Unidos se comprometeu a entregar, em um prazo de 10 anos, a potência enclavada nessa região do mundo.

Enquanto isso se passava, Netanyahu insistia em acusar ao Irã de ter armamento nuclear. Porém silenciando que é o próprio Israel quem já a possui. As potências ocidentais e cristãs, ocultam esse fato.

Nesta quarta é o dia "D", porém é provável que diante do rechaço internacional, o medo da luta de classes na região, somado à crise política interna que vem arrastando o Estado de Israel, ao qual há que somar uma incipiente crise econômica devido à pandemia (Israel voltou a sofrer um segundo surto de coronavírus), o "novo" governo israelense tenha que retroceder em realizar outro ato de guerra contra o povo palestino.

 
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