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FRENTE AMPLA
’Direitos Já’, a frente ampla dos inimigos do povo com a adesão de parte da esquerda
Yuri Capadócia

Nova expressão da política de frente ampla, ato no dia de hoje reunirá de golpistas, figuras da centro-esquerda a representantes sindicais e lideranças do movimento negro. Uma frente que busca camuflar os ataques em curso e impedir que se desenvolvam as lutas antirracistas, antifascistas e as greves que começam a despontar.

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Esse ato trata-se de uma inflexão das políticas de frente ampla que já víamos sendo costuradas através da assinatura de diversos manifestos recentes, como o Somos 70%, Estamos Juntos e Basta!. Uma inflexão não apenas do ponto de vista dos setores que aderem a essa iniciativa - de FHC, Huck, família Setúbal (Itaú) à Haddad, Boulos e Sergio Nobre (CUT)-; mas também do objetivo de canalizar o ímpeto da luta de classes que vemos emergir para as eleições.

Não à toa o chamado para esse ato ocorre em meio a um momento de trégua entre o bloco Bolsonaro e militares e os demais atores institucionais. Uma trégua que esfria a disputa autoritária e afasta os cenários destituintes, focando na solução de compromisso necessária entre o andar de cima para avançar nas privatizações e reduções de direitos, como a privatização do saneamento basico, recém aprovada e novas ameças aos direitos trabalhistas, ao funcionalismo e a diversas estatais como Correios e Eletrobras.

Esse clima de trégua e apaziguamento ocorre em meio a intensificação do processo de reabertura da economia em todas as regiões, ao mesmo tempo em que aumentam a taxa de contaminação e de mortes. Os capitalistas aumentam também sua pressão para a retomada dos ataques neoliberais, como vimos nessa semana na aprovação da PL de privatização da água em que a frente ampla se evidenciou na enorme unidade favorável ao ataque, que contou com o apoio de Cid Gomes (PDT) por exemplo.

Essa é a dupla função dessa política de frente ampla, criar um bloco funcional para a reimplementação da dinâmica de reformas ao mesmo tempo que impeça que se desenvolva a luta de classes se mascarando como a oposição a Bolsonaro e defesa da democracia. Nesse sentido, é de se chamar a atenção a presença de lideranças do movimento negro, como Djamila Ribeiro, Douglas Belchior e Kabengele Munanga, numa expressão da busca de dialogar e cooptar a pauta antirracista que se manifesta com explosiva força no mundo todo, além da presença de lideranças das torcidas antifascistas, Danilo Passaro, mais uma mostra do intuito de canalizar a luta antifascista das ruas para a frente ampla eleitoral.

O PT mantém sua política ambígua em relação ao ato, como foi sua postura em relação às demais iniciativas de frente ampla. Haddad e governadores (Camilo Santana e Wellington Dias) por um lado, confirmaram presença no ato, inserindo o partido por dentro, enquanto Lula fez críticas ao palanque. Essa articulação, ainda que o PT participe, tem o objetivo de impedir que sejam Lula e o PT a liderar a oposição ao Bolsonaro e tentar fazer ressurgir das cinzas o centro e a centro direita que se afundaram nas eleições de 2018.

Lula declarou que falam em “democracia de forma abstrata, mas não querem a saída do Bolsonaro porque estão adorando a política do Paulo Guedes”. Porém, o que Lula não diz, é que tampouco o PT deseja a saída de Bolsonaro. Se fosse o caso porque a CUT ao invés de estar construindo a mobilização dos trabalhadores contra Bolsonaro e sua política genocida pela base em cada local de trabalho, unificando as lutas em curso como dos metroviários em BH e SP, ou dos rodoviários em RN, irá participar do ato junto a inimigos de classe que promoveram e defendem os mesmos ataques do bolsonarismo como a reforma da previdência?

Boulos e o Psol, ao mesmo tempo que chamaram as manifestações antifascistas pelo país através da Frente Povo Sem Medo, também buscam participação no palanque eleitoral de FHC, Alckmin, Leite e demais componentes da “frente ampla”. A única delimitação de Boulos foi se recusar a conciliar com a presença de Moro, mas nenhuma palavra contra todos os demais golpistas. Ao invés de aderir a esse palanque eleitoral, a esquerda deveria defender que a única via de derrotar o governo Bolsonaro e os militares, não é confiando e se aliando com setores que fazem trégua e negociam com o presidente, mas levantando uma frente única operária que construa a unidade dos trabalhadores que estão na linha de frente da resistência à crise sanitária, que arcam com suas vidas ou com demissões e precarização as consequências dessa crise.

Somente desenvolvendo a mobilização da classe trabalhadora, com toda independência de FHC, Alckmin, Luciano Huck, do Itaú e todos setores golpistas e empresariais, com seus métodos de luta como as greves e paralisações, poderemos dar uma resposta contra os ataques em cada categoria e nacionalmente, avançando numa luta que possa barrar todos os ataques enormes em curso e construir uma saída dos trabalhadores e do povo pobre e negro para essa crise. Chamamos toda a esquerda a girar todos seus esforços para que o “breque dos APP” tenha um grande apoio da população, apoiando também o boicote aos app no dia 1 de julho, para fazer a Ifood, Rappi, Uber Eats e demais empresas sentirem no bolso a força dos trabalhadores mobilizados e do rechaço da população à essa super-exploração, a apoiar os metroviários que se unem a esta data com um indicativo de greve diante de imensos ataques a seus direitos por Doria, e a batalharmos juntos por uma alternativa política de independencia dos trabalhadores que passa nesse momento por coordenar a luta pelo Fora Bolsonaro e Mourão nos delimitando claramente dos governadores, do STF, do PT e das centrais sindicais.

 
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