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CORONAVÍRUS
No Brasil de Bolsonaro e Dória, pobres e negros são as maiores vítimas da Covid-19
Redação

Nesta terça, 16, o Brasil teve o segundo maior registro de óbitos por Covid-19 em 24 horas desde o início da pandemia, com 1338 novas mortes. Estudos realizados nas regiões da Grande São Paulo, as mais afetadas pelas mortes e contaminação, mostram que os mais pobres morrem mais. Os dados apontam que 66% dos óbitos pela doença ocorreram nas áreas com renda familiar abaixo dos 3 mil reais, sendo que uma parcela significativa de famílias com até um salário mínimo e chefiadas por mulheres são as mais vulneráveis. São os setores mais precários da classe trabalhadora e os desempregados os que estão pagando com suas vidas pela crise sanitária administrada da maneira mais desdenhosa possível pelo governo Bolsonaro e pelos governadores demagógicos. Essa realidade exige um programa sério de renda mínima a todos que precisam, que aumente o valor do auxílio para atender as necessidades dos mais ameaçados pela crise.

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Segundo dados do consórcio de veículos de imprensa, nesta terça, 16, o Brasil passou a registrar os inaceitáveis números de 45.467 mil mortos e 929.149 mil infectados pelo novo Coronavírus. Enquanto esses números registrados já colocam o país entre os que lideram o ranking mundial de casos e mortes pela pandemia, uma série de instituições nacionais e internacionais apontam que há significativa subnotificação dos números reais.

À postura inacreditável do governo Bolsonaro, que há poucas semanas tentou esconder os dados oficiais, além de não se dar ao trabalho de sequer ter um ministro da Saúde, se somam os decretos dos governadores de vários estados, que estão reabrindo o comércio mesmo sem termos chegado ao pico da crise sanitária, em nome dos negócios e lucros dos grandes empresários.

Em São Paulo, estado com maior número de casos e óbitos do país, um estudo realizado pelo site Medida SP concluiu que os mais pobres e mais velhos morrem mais, ao relacionar as mortes por Covid-19 com a idade e a renda mensal média por domicílio nas regiões da Grande São Paulo onde as vítimas moravam. O estudo utilizou dados fornecidos pelo Ministério da Saúde de 3.959 vítimas da doença que faleceram até o dia 18 de maio.

Segundo o Medida SP, cerca de 66% das vítimas fatais viviam em bairros onde a renda mensal das famílias é menor do que 3 mil reais, ou seja, menor que três salários mínimos. O mesmo estudo mostrou que 21% das mortes ocorreram em regiões onde a renda média é de até 6 500 reais e que somente 1% das mortes ocorreram nas regiões abastadas, com renda superior a 19 mil reais.

Um outro estudo, desta vez realizado pelo Instituto Pólis, mostrou que as áreas mais afetadas por óbitos de Covid-19 na Grande São Paulo coincidem com regiões em que a concentração de famílias chefiadas por mulheres que possuem renda menor que um salário mínimo é de 12%. Isso significa que as mulheres que são mães solo e pobres, em muitos casos vítimas do desemprego ou trabalhadoras informais sem renda fixa, são as mais atingidas não só pelas mazelas da doença e da crise econômica potencializada por ela, mas também pela morte.

Uma evidência que pode ser agregada a esses estudos é que a maioria dessa população mais atingida é negra, que além das mortes por Covid-19 também sofre com o preconceito racial e a enorme violência do Estado, como mostrou os assassinatos de jovens dentro ou na porta de suas casas pelas mãos da polícia.

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Os ares de revolta da população negra dos Estados Unidos, também mais acometida pelas mortes e prejuízos econômicos intensificados pela crise sanitária, também têm lugar no Brasil, seja com a efervescência das redes sociais que mostram vídeos e protestos pelos desaparecimentos e assassinatos da polícia, seja nas revoltas, como a realizada pelos familiares e amigos de Gabriel, em Americanópolis, zona sul de São Paulo. Mesmo que ainda latente e sem grandes manifestações de rua como nos outros países, a fúria negra está presente e o grito de basta de morrer pelas balas da polícia, pela Covid-19 e pelo lucro capitalista ganha eco cada vez maior entre os brasileiros.

E uma resposta efetiva à crise sanitária, econômica e política em nosso país só poderá vir da aliança entre essa juventude negra que diz basta e a ampla camada de trabalhadores precários junto à juventude que se levantou contra os ataques à educação ano passado e o conjunto da classe trabalhadora, incluindo seus setores mais organizados e com tradição de luta. O chamado à greve nacional dos entregadores por aplicativo é um exemplo a ser apoiado e fortalecido, para enfrentar a paralisia das grandes centrais sindicais que preferem negociar as demissões de milhares enquanto se preservam em suas quarentenas, como a CUT está fazendo no caso da ameaça de demissões de milhares na LATAM.

Somente a luta do conjunto dos trabalhadores com a juventude poderá derrotar o governo Bolsonaro e a demagogia dos governadores aliados aos grandes empresários, como João Dória. Essa unidade poderá impor pela luta um plano emergencial que responda verdadeiramente aos mais afetados pela crise, como a exigência de um auxílio emergencial de 2 mil reais, a proibição das demissões e reduções salariais, além dos testes massivos e leitos a todos que necessitam, usando inclusive da rede privada que sugou os recursos do SUS ao longo desses anos.

 
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