Um jovem de 15 anos foi mantido preso em um banheiro durante uma semana, na Fundação Casa de São José do Rio Preto. O jovem havia testado positivo para Covid-19 e ficou isolado apenas com um colchão, um vaso sanitário, e tendo que tomar banho com água gelada, sem poder sair para ver o sol.
Segundo ele, que tem sua identidade preservada, lhe deram apenas um quebra-cabeça e uma bíblia para passar o tempo. O jovem, que é filho de empregada doméstica e pedreiro, ainda afirma que passava a maior parte do tempo chorando. Em entrevista à Folha, afirmou “Eles me deram a bíblia para ler e um quebra-cabeça lá. Eu montei aquela quebra-cabeça umas 50 vezes. Li o salmo 23, o Salmo 91. O resto do tempo eu passava chorando.”
A Defensoria Pública de São Paulo ainda afirma que a internação do jovem foi desnecessária, uma vez que se trata de um caso que poderia ser tratado em meio aberto. A Fundação Casa, em nota, afirmou que o jovem foi mantido em isolamento devido ao quadro de covid-19 e acompanhado por profissionais da saúde.
A falência desse sistema penitenciário racista que trata a população mais pobre, e especialmente negra, de forma desumana também se aprofunda frente à crise sanitária. Esse caso escancara o projeto que o Estado tem para a juventude negra e pobre. Enquanto as "medidas sanitárias" na Fundação Casa são manter jovens em cárcere dentro de um banheiro, da forma mais desumana possível, Dória segue com projeto negacionista de Bolsonaro, levando à frente a reabertura dos comércios para agradar os grandes empresários.
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