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CRISE SANITÁRIA
Peru se aproxima dos 200.000 casos de COVID-19 e o sistema sanitário colapsa
José Rojas
Militante da Corriente Socialista de las y los Trabajadores "CST" do Peru

Segundo dados oficiais o Peru tem hoje 199.556 casos de coronavírus e 5.571 falecidos. A estratégia do governo para encarar a COVID-19 tem fracassado. Enquanto colapsa a saúde pública, os donos das clínicas, farmácias e toda a saúde privada multiplicam seus lucros.

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Segundo dados do Ministério da Saúde do Peru, há hoje no país 199.556 casos de coronavírus e 5.571 mortos. Até esta data, há 9.661 pacientes hospitalizados pela doença, dos quais, 943 se encontram na UTI com respiradores mecânicos. Lima segue sendo a região com maior número de infectados que já chega a 118.036.

O aumento dos contaminados é diário e difere muito do discurso do presidente, que, sem nenhuma base científica, declarava que o país havia chegado a uma meseta e que se iniciava "a descida da curva de contágios". Até esta data não temos nem curva, nem descida, mas sim o contrário, já que como demonstram os dados, vem ocorrendo um processo de ascensão, ao qual o Colégio Médico chamou de "escada", pois a cada dia se sobe mais um degrau.

A essas cifras se somam o fato de que só se coletou amostras de 1.203.985, o que é uma quantia muito baixa considerando que no Peru a população é de quase 31 milhões de habitantes segundo o último Censo Nacional de População e Moradia que ocorreu no ano de 2017.

Apesar dos dados oficiais apresentados anteriormente já serem altos, estes poderiam ser maiores como deram a entender certas instâncias, como o Colégio médico, o Sindicato de Enfermeiras do Seguro Social e os médicos do Sindicato do Seguro Social e do MINSA (Ministério da Saúde), que criticaram o manejo das informações por parte do governo.

Frente a esse aumento do número de contágios, o presidente disse que a responsabilidade não é do Governo nem do Estado, mas que recaem sobre quem não respeita o isolamento social. Com isso, o que se busca é justificar o fracasso da estratégia do executivo para combater a COVID-19 e, assim mesmo, termina promovendo a criminalização e a repressão de quem sai para trabalhar todos os dias como os vendedores ambulantes. Exatamente por isso, há alguns dias atrás uma trabalhadora ambulante morreu atropelada enquanto escapava de uma operação policial contra o controle do comércio ambulante.

O certo é que, por mais que muita gente tenha começado a sair às ruas ultimamente para ir buscar seu sustento para poder sobreviver depois de mais de 70 dias de isolamento social e estado de emergência com a imobilidade da população, onde o governo não implementou nenhuma medida de compensação salarial para aqueles setores que ficaram sem trabalho e os irrisórios auxílios, além do denominado "auxílio universal", demonstraram ser um fracasso categórico já que, eles chegaram a poucos beneficiários e àqueles a quem chegou, não deu para cobrir as despesas mínimas, sobretudo agora que o custo de vida aumentou significativamente.

Apesar da crise da saúde pública, o governo salva aos empresários da saúde

As denúncias dos trabalhadores da saúde foram constantes desde o início da quarentena. Eles denunciaram o abandono do Estado as e aos trabalhadores do setor que foram infectados por COVID-19, razão pela qual já temos mais de 50 falecidos entre médicos e enfermeiras. Com isso, colocaram em evidência o colapso dos hospitais públicos que por sua vez refletem a crise estrutural do sistema sanitário em seu conjunto.

Esse colapso dos hospitais públicos não só é denunciado pelos trabalhadores do setor, mas também pelos usuários que registram em fotos e vídeos a terrível situação dos pacientes nos corredores. A isso se soma a linha 113, que é para informar casos que apresentam sintomas de COVID-19, e já colapsou completamente, por isso muitos contagiados não podem ser testados oportunamente e terminam se transformando em focos de contágio massivos.

Enquanto colapsa a saúde pública, os donos das clínicas, farmácias e toda a saúde privada multiplicam seus lucros às custas da saúde e da vida dos peruanos e recebem respaldo do governo, que há pouco teve a ideia de emitir um decreto no qual deixa claro que nenhuma empresa privada vinculada à saúde será tocada pelo Estado apesar da tremenda crise sanitária que, como mencionam diversos analistas, traz a previsão de grande dificuldade em um país como este, onde, a precariedade do sistema de saúde pública, em pouco tempo o converteu no segundo país do continente com maior número de contaminados.

Isso não pode seguir assim. São necessárias medidas de emergência que nos permitam potencializar o sistema de saúde pública, porém para alcançar esse objetivo devemos tocar necessariamente nas riquezas de grandes empresários que aumentaram seus lucros nos últimos anos às custas de empobrecer mais ao povo trabalhador e saquear nossos recursos naturais.

Um passo para avançar neste sentido tem a ver com que as clínicas, farmácias e laboratórios privados sejam declarados de utilidade pública e passem a funcionar sob o controle de seus próprios trabalhadores e trabalhadoras e dos usuários organizados. Somente dessa maneira faremos com que tudo o que possuem estas instituições, hoje privadas e a serviço do lucro individual de meia dúzia de empresários, passe a estar a serviço de enfrentar o avanço do coronavírus e, portanto, a serviço dos trabalhadores.

 
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