www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
MASSACRE DE TIANANMEN
Hong Kong:milhares de manifestantes desafiam a Beijing pelo massacre de Tiananmen
Philippe Alcoy

O regime está fortalecendo seu controle sobre a cidade-estado, mas a mobilização contra restrição dos direitos democráticos continua.

Ver online

O 4 de junho marcou o aniversário do massacre da praça de Tiananmen em 1989. No mesmo dia, o parlamento de Hong Kong, dominado pelas forças de Beijing, aprovou uma lei que proíbe a falta de respeito ao hino nacional chinês impondo sanções de até 3 anos de prisão e até 6.00 dólares de multa.

Tudo isso fez desse dia um momento muito simbólico para Hong Kong. De fato, esta nova medida segue a adoção da nova lei de segurança nacional que permitirá ao regime chinês impor um controle repressivo mais forte sobre Hong Kong. Neste sentido, a "proibição de insultar o hino nacional" se transforma em um instrumento adicional desta tentativa por parte de Beijing de por fim de maneira efetiva ao movimento de protesto que se desenvolveu ali durante um ano, limitando certos direitos como a liberdade de reunião, acesso ilimitado a internet, liberdade de imprensa, entre outros.

De fato, Hong Kong, uma antiga colônia britânica, foi devolvida à China em 1997, sob as condições da política denominada "um país, dois sistemas". Inclusive se a menção de "dois sistemas" é completamente falsa (China se converteu em um país capitalista); é certo que Hong Kong pode preservar certas liberdades democráticas em comparação com a população do resto do país.

Todas as tentativas de Beijing de fortalecer seu controle sobre este território semi-autônomo provocaram resistência e contestação. Neste contexto de desconfiança, e especialmente nos últimos anos, particularmente durante os eventos esportivos, o momento do hino nacional foi a ocasião para a expressão do rechaço do regime político chinês.

No contexto das relações muito tensas entre China e Estados Unidos (e seus aliados), o movimento de protesto em Hong Kong está se convertendo em um assunto de política interna e externa. Ao mesmo tempo, a disputa com as potências ocidentais impulsionam ao regime chinês a acentuar sua política nacionalista reacionária. Neste contexto, podemos entender a lei contra os delitos contra o hino nacional como uma forma de atacar ao movimento de protestos de Hong Kong enquanto buscam fortalecer sua base social na China continental colocando os manifestantes em Hong Kong como hostis à nação chinesa.

Comemoração do 31º aniversário do massacre de Tiananmen

Dadas estas características especiais do regime político em Hong Kong em comparação com o resto da China, cada ano se comemora ali a sangrenta repressão da revolta da Praça Tiananmen em 1989. Porém este ano, devido à pandemia de COVID-19, as autoridades haviam proibido qualquer reunião. No entanto, dezenas de milhares de pessoas se reuniram na Victória Square para comemorar os 31 anos desta revolta de estudantes e trabalhadores, para estabelecer ao mesmo tempo um paralelismo com a situação atual e sua luta contra o regime chinês.

A revolta da praça de Tiananmen, em 1989, simbolizou a luta da juventude estudantil e trabalhadora contra as medidas pró-capitalistas tomadas pela burocracia maoísta e por mais direitos democráticos. O derramamaneto de sangue desta revolta abriu o caminho para a aceleração e a restauração capitalista na China, a abertura ao mercado internacional e a superxploração da sua classe operária por parte das empresas chinesas e multinacionais.

Os imperialistas nunca são aliados dos trabalhadores

Hoje o governo estadunidense diz que está defendendo aos manifestantes de Hong Kong contra Beijing. Mas é pura hiocrisia. Como se pode ver agora com a repressão das milhares de pessoas que se mobilizam nos Estados Unidos exigindo justiça para George Floyd, o governo de Trump não tem nada a ver com os direitos democráticos e as lutas populares.

Pelo contrário, inclusive hoje o modelo de integração da China na globalização capitalista começa a alcançar certos limites ,as empresas multinacionais e os investidores ocidentais se beneficiaram em grande medida do regime repressivo chinês. É essa repressão sobre a população e especialmente sobre a classe trabalhadora a que permitiu manter um controle feroz sobre os trabalhadores que lhes impede lutar por seus direitos, sindicalizar-se, lutar contra a exploração capitalista, entre outros. E isso foi muito positivo para os benefícios das multinacionais de todas as potências imperialistas.

A mobilização atual em Hong Kong não deve cair na armadilha de ver uma aliado no governo imperialista de Donald Trump. Pelo contrário, os aliados do movimento de Hong Kong são todos aqueles que se mobilizam nos Estados Unidos contra a violência policial e as desigualdades sociais, também são os jovens e os trabalhadores da China Continental.

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui