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METROVIÁRIOS
Nossa Classe Metroviários: Por uma saída dos trabalhadores para derrubar Bolsonaro e Mourão
Redação

Posição da Chapa 4 - Nossa Classe sobre o apoio do Sindicato dos Metroviários de SP ao impeachment

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Imagem: Sergio Lima / AFP/23/04/2019

Na reunião de diretoria do sindicato, em 25 de maio, foi votada a assinatura do nosso sindicato à petição pública do impeachment de Bolsonaro levada à frente por PT, PCdoB, PSOL, PSTU e outras organizações. Com exceção da Chapa 4 - Nossa Classe, todas as forças políticas da diretoria votaram favoravelmente a esse apoio ao impeachment, e queremos abrir um debate na categoria sobre isso.

Bolsonaro é herdeiro do golpe institucional de 2016, é expressão do autoritarismo antioperário, do racismo, da misoginia e do que há de mais reacionário no país, está à frente de um governo capacho do imperialismo norte americano de Trump e defensor da ditadura militar e da tortura. Compartilhamos da indignação sentida por cada vez mais trabalhadores, mulheres, negros, LGBTs e pelo povo pobre contra esse governo, e consideramos que é urgente lutarmos para derrubar Bolsonaro e Mourão! Mas o impeachment não é só a queda de um presidente, mas também a subida ao cargo de outro, nesse caso Mourão.

O impeachment significaria então a formação, com apoio de pelo menos dois terços do congresso burguês golpista, de um governo encabeçado por Mourão, um militar da reserva, entusiasta da ditadura militar, fortalecendo enormemente essa ala do governo e toda camada de políticos burgueses que de fato seriam quem levaria adiante o impeachment. Isso não significaria uma entrada de um governo menos autoritário e genocida do que esse, e sim abriria as portas para uma alternativa igualmente a serviço dos setores burgueses que defendem também a condução da crise sanitária e social do país de forma a fazer com que os trabalhadores e os pobres continuem pagando com suas vidas.

As organizações dos trabalhadores, ao adotarem o impeachment como sua política, subordinam os trabalhadores a esperarem de Rodrigo Maia a aceitação do processo, e deixam a condução deste na mão desse congresso, que assim se relocalizaria melhor nas disputas de poder capitaneando a mudança de governo. Uma reacomodação de forças políticas por dentro desse regime degradado e o fortalecimento de outra ala não menos reacionária.

Esse processo, ao invés de dividir o regime político e os políticos de turno, exigiria uma ampla articulação entre eles, que daria mais estabilidade pra continuarem a obra do golpe com todos os ataques que ainda pretendem desferir contra os trabalhadores e o povo. Lembremos que esse regime degradado é obra do golpe institucional, no qual cumpriu e cumpre um importante papel o STF e outros atores do poder judiciário, com a prisão arbitrária de Lula, a operação Lava-Jato que abriu caminho para as empresas estrangeiras botarem as mãos no petróleo brasileiro e foi base para a ascensão de Temer e depois de Bolsonaro. Também foram peças chave nesse profundo rearranjo os militares, que desde o impeachment de Dilma vêm cumprindo um papel cada vez maior de apoio ao governo e às medidas privatistas como fica claro nas falas de Braga Neto no vídeo da reunião de ministros publicado essa semana e que longe de discutirem a pandemia, estavam preocupados em como vender melhor o Brasil para os capitalistas internacionais. Por isso, não só o governo deve vir abaixo, e sim o regime todo.

Canalizar o ódio contra Bolsonaro para uma política de impeachment está na contramão de uma saída pela via da organização e atividade da classe trabalhadora, bem ao gosto da política do PT e do PC do B, hoje maioria na diretoria do nosso sindicato. Esses partidos que dirigem através das centrais sindicais CUT e CTB grande parte dos trabalhadores do país, querem conformar uma frente ampla com o congresso nacional contra Bolsonaro e pactuar com esses setores as saídas para o país. Para isso vale tudo, desde o apoio do PC do B a eleição de Maia para presidente da câmara dos deputados no início de 2019 (principal articulador da nefasta reforma da Previdência), até fazer frente com governadores abertamente reacionários como João Dória em São Paulo ou Witzel no Rio de Janeiro. Lembremos que o próprio Lula em uma de suas lives elogiou esses dois pela condução responsável da pandemia em seus estados, mesmo com o Rio de Janeiro batendo recorde de assassinatos de negros no país, mesmo com o Estado de São Paulo sendo o recordista de casos de Covid-19 no Brasil e os dois sendo parte dos setores responsáveis pelo sucateamento da saúde e negando a testagem massiva, a paralisação efetiva de todas as atividades não-essenciais, com licença remunerada, a proibição das demissão e um auxílio emergencial com valor suficiente e que chegue nas mão dos desempregados e informais, a reconversão da indústria para produzir insumos e equipar os milhares de leitos que fazem falta, e todas as medidas para um efetivo combate a pandemia. Subordinada a essa política “nas alturas” esses partidos mantém as suas bases sindicais no total imobilismo para que não atrapalhem suas negociações com o congresso.

Por isso defendemos que deve cair Bolsonaro, Mourão e de todos os militares do governo, com ampla mobilização das bases trabalhadoras do país pra impor essa saída própria para a crise atual que deve derrubar o governo e o regime cada vez mais degradado desde o golpe de 2016. Essa saída, na nossa opinião, neste momento passa por uma ampla agitação a nível nacional por parte de toda a esquerda, sindicatos e organizações operárias em defesa de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que, sustentada pelas massas mobilizadas, seria capaz de dar protagonismo para os trabalhadores e os pobres, que teriam plena liberdade de discutirem e decidirem sobre cada problema nacional, sem que nenhuma instituição do regime burguês possa limitar, revisar ou vetar tais decisões. E assim defender medidas de emergência frente à crise sanitária e reivindicações populares que façam com que a burguesia pague por essa crise que ela mesma criou, combinada com a auto organização dos trabalhadores para defender a soberania popular e impor essas medidas.

Consideramos que a luta pelo "Fora Bolsonaro e Mourão" é um passo importante para a nossa atuação em comum, que poderia unir as organizações de esquerda, com essas forças levantando essa consigna em nosso sindicato, poderia ter um impacto potente no movimento de massas e amplificaria a denúncia das conspirações antidemocráticas entre os setores da burguesia. Por isso, chamamos os companheiros das correntes do PSOL e também o PSTU para construirmos um polo de independência de classe em torno de uma bandeira comum contra os inimigos do povo que se dividem nas alturas, mas estão unidos para nos atacar.

Por isso chamamos a diretoria a rever esse posicionamento e passar desde já, a convocar amplamente a categoria a discutir os rumos dessa crise através dos meios necessários para fazer chegar essa importante discussão nas bases. É mais um motivo para priorizarmos a organização de base, que nós da Chapa 4 viemos defendendo e apontando como uma necessidade para enfrentar o enorme ataque que o Metrô e o governo Dória querem implementar arrancando nossos direitos Esse plano, frente à enorme politização e insatisfação dos trabalhadores com a situação atual, é capaz de erguer uma força operária que pode ser decisiva nos rumos da crise atual.

 
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