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Precarização da educação
ABSURDO: Doria mantém avaliações, mesmo com 53% dos estudantes excluídos pelo EaD
Clara Gomez
Estudante | Faculdade de Educação da USP

Com mais da metade dos estudantes sem acesso aos conteúdos disponibilizados no aplicativo do governo, cerca de 53%, João Doria e sua secretaria de educação exigem que os professores dêem notas para suas turma até o fim desta semana, para concluir o primeiro bimestre de 2020.

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A orientação dada pela Secretaria de Educação, coordenada por Rossieli Soares da Silva, é de que os professores devem avaliar e atribuir nota aos estudantes até o final desta semana. No entanto, de acordo com os dados disponibilizados pelo próprio órgão, que não são atualizados há mais de um mês, somente 47% dos estudantes tiveram acesso ao aplicativo desenvolvido pelo governo, cuja função seria disponibilizar aulas online.

A Secretaria afirma que nenhum estudante deve ser prejudicado, contudo, não dá orientações claras no que diz respeito àqueles educandos que, por inúmeros motivos, não conseguem ter acesso ao aplicativo. Frente a isso, professores ficam à mercê das direções das escolas e de diferentes orientações que estão sendo dadas por cada uma das diretorias de ensino.

A adoção do ensino remoto nas escolas públicas, no final das contas, tem priorizado atender demandas de ordem burocráticas e mercadológicas, em detrimento do pedagógico. Desconsidera as desigualdades entre os estudantes que não possuem condições materiais para acessar ou mesmo desenvolver as atividades exigidas, ao mesmo tempo que consegue explorar ainda mais os professores e oferecer um conteúdo de baixa qualidade aos poucos alunos que conseguem acessar ao aplicativo, posto que as aulas online trazem consigo uma série de problemáticas didático-pedagógicas.

Tais problemáticas estão diretamente relacionadas com a falta da interação presencial docente para o desenvolvimento de um trabalho específico, que considere as diferentes formas de aprendizagem e de apreensão dos conteúdos. Justamente por isso, a transposição mecânica de um modelo de ensino para outro é inviável sem que se hajam graves perdas nesse processo.

Concomitante aos fatores elencados, é preciso destacar que o uso desse tipo de modelo de ensino está diretamente ligado ao projeto de precarização implementado em todo país. Tal projeto, tem como perspectiva intensificar a mercantilização da educação, ao passo que reduz a qualidade dela e encontra caminho para baratear a mão de obra e submeter a juventude aos postos de trabalho mais precários.

Nesse marco, a precarização do trabalho, da vida e da educação estão diretamente vinculadas, sendo os jovens os mais afetados. Isso se concretiza na aprovação de documentos com a Base Nacional Comum Curricular, a Reforma do Ensino médio, o desenvolvimento de programas como o NovoTec e, até mesmo, em projetos que deterioram as universidades públicas, como o Future-se, encaminhado ontem para o congresso.

Leia mais sobre o encaminhamento do projeto "Future-se"

O cenário de crise como o atual tem sido utilizado como pretexto para que sejam dirigidos ataques aos trabalhadores e aos jovens. A prioridade para João Doria, Rosiele e Bolsonaro é a manutenção das taxas de lucro dos grandes empresários, não a vida da população, que hoje sequer conta com políticas de combate à pandemia do covid-19.

Leia mais sobre a reunião ministerial do governo bolsonaro e também sobre a flexibilização da quarentena de João Doria

Pensando nos catastróficos efeitos sociais da pandemia, é absurdo que a Secretaria de Educação exija dos professores o fechamento do primeiro bimestre do ano de 2020, com tantos jovens sendo brutalmente afetados pela crise. A prioridade, nesse momento, deveria ser desenvolver uma série de reflexões, a fim de compreender qual papel os educadores devem desempenhar diante da pandemia em curso, a fim de que eles se convertessem em educadores sociais e pensassem em formas de organização coletiva no combate ao covid-19.

Leia mais sobre o papel da escola pública diante da crise do Covid-19

Os educadores são uma categoria fundamental de trabalhadores para pensar na luta contra a pandemia. Toda a sua luta deve passar por retomar seus sindicatos em suas mãos para que eles sejam efetivas ferramentas para combater os ataques promovidos pelo governo. Tudo isso tendo como base um programa que tenha no seu centro a independência de classe, sem confiança em setores da direita como Maia, STF e governadores, e que também defenda os empregos de todos os trabalhadores e exija a disponibilização de testes massivos e a estatização dos leitos hospitalares sob controle dos trabalhadores.

 
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